sábado, 23 de junho de 2012

Anatomia da Quebradeira


Odeio subida.

Ainda bem que natação não tem subida.

Nunca vou ser bom de subida. Tendo a diminuir muito a cadência e a velocidade. Sempre acabo sobrando, mesmo quando pedalo com pessoas que eu sei que sou mais forte.

É uma deficiência, mas não me importo muito com isso não.

Hoje foi dia de Romeiros.


Embora O-D-E-I-E subidas, tenho que admitir: é o melhor treino de força de bike que já fiz. O lugar é bonito (se o rio fosse limpo, hoje eu largava a bike no acostamento e voltava nadando....), o terreno é bem variado, o ar é bom e, desde que não tenha romaria, é infinitamente mais agradável do que pedalar na USP cheia de gente sem noção. O asfalto é equivalente, mas...nada é perfeito.


Estava meio tenso, afinal sabia que iria sofrer. Tinha decidido que só voltaria pra lá após adquirir certo ritmo, retomar parte da forma e da força física, mas....sempre tem um porém, fui convencido a ir. Haveria carro de apoio. Um grupo faria um trecho menor, cortando boa parte de fortes subidas entre o ponto de encontro no km 48 da rodovia Castello Branco e a cidade de Pirapora do Bom Jesus.

Pensei: que mal tem? Vamos lá vai.

O dia começou cedo. O Guilherme até permitiu uma noite razoável de sono.

Chegando em Pirapora, dou de cara com o Vagner Bessa. Ele ficou surpreso que eu o reconheci! Cara gente boa!

Fui o primeiro a chegar. Aos poucos todos foram chegando e saímos um pouco atrasado.

A bike sue estou pedalando e pretendo fazer os treinos por um tempo, é uma bike de ciclismo compact. Boa pra subir segundo o Elpídio, uma lenda do ciclismo de estrada aqui em São Paulo.

No início, os 34 dentes da coroa da frente e o cassete 25/12 pareciam ótimos. Senti que poderia ir ao L'etape ainda este ano, do jeito que estou.

A ida é boa. Grande parte do trajeto é em descendente e a favor do vento, o que dá uma falsa impressão de bem estar, apesar de faltar o ar nos trechos de subidas. Apesar disso, as médias estavam muito boas, em se tratando de Romeiros, em torno de 28 km/h.

No final do trecho, já em Itu depois de 40 km rodados, todos reunidos, fotos, comida, risadas.

A volta ja me dava medo. Fiquei com um grupo por alguns poucos km. Perto do km 50 eu já tinha ficado pra trás. Se a ida é descendente e a favor do vento, a volta é o inferno e termina com a cereja do bolo: a subida do Cala a Boca.

A volta é cruel. O "Cala a Boca" não é NADA simpático.

A média de velocidade despencou. Mal passava dos 20 km/h. A perna estava pesada. Se desse uma furadinha na orelha naquele exato momento, o nível de lactato estaria "fora da escala". Gostaria que meu cassete fosse algo em torno de 30/21.

Estava sozinho faltando uns 30 km para chegar, ainda tendo que vencer toda a elevação que perdi na ida, a casa caiu. 

O carro de apoio tinha abandonado o "último colocado" e precisava chegar em casa por volta do meio dia, pois a filhota iria ao cinema. Ter filho recém nascido em casa, significa que seu primeiro filho (no caso, filha), vai diminuir muito a freqüência de programinhas familiares do tipo cinema, parque, etc...

Era pouco antes das 10.

Pensamento estranhos vinham à tona. Estava louco pra me jogar no acostamento, estatelar no chão e ficar alí (já li isso em algum lugar...e acreditem, é exatamente isso que eu queria), mas não podia. A Júlia precisava sair com a mãe e eu precisava ficar com o Guilherme em casa.

Torcia para ver o carro de apoio parado adiante. Sem pudor, entraria nele e voltaria feliz.

Fui com essa esperança até o pé do "Cala a Boca". Como vi que simplesmente não iria rolar. Parei, tomei um gel e água e fui. Só faltavam 8 km (de velocidades nunca superiores a 15 km/h) mesmo.


Enquanto tinha força, a frequência subiu. Depois foi caindo. As pernas não acompanhavam o coração

















Subi. Aos trancos e barrancos, sabendo que estava forçando além do que poderia, mas nem era mais por mim. Era pela filhota.

Quando cheguei, todos já estavam até descansados. Que vergonha.

A média final despencou de 28 km/h para 21 km/h. Péssimo. A perna pesada. Morrendo de fome e sono...e ainda faltam uns 40 minutos de viagem de carro de volta pra casa.

Romeiros é isso aí. 

E  continuo voltando pra lá, afinal é um lugar que adoro ODIAR com todas as minhas forças!

Já estão falando que semana que vem tem de novo. Olhando a foto, dá vontade de ir todo final de semana....mas passa logo (a vontade).





domingo, 17 de junho de 2012

Correndo com as Quenianas

Correr é terapia.

Desde 2010 incorporei o hábito de correr de domingo cedo porque não consigo fazer o longo semanal na sexta feira como faz a maioria dos atletas da assessoria com quem eu treino.

Em pouco tempo esse hábito foi virando prazer. Saio de casa em direção ao parque Villa Lobos, um lugar que era um brejo, depois um deserto sem árvores e hoje é um parque que a cada ano fica mais bonito, num lugar bonito da cidade.

Se preciso fazer longas distâncias, estico até a praça panamericana ou além dela, no também bonito alto de pinheiros. Já vi cenas improváveis, como um mendigo poeta que por quase 20 anos morou num canteiro central da avenida Pedroso de Morais e foi encontrado pela família em Goiás através de um perfil do facebook, criado por moradores da região. Moradores estes de classe média alta, que sentavam-se ao seu lado para lerem juntos, para conversarem. (Para saber mais sobre essa história, link aqui).

Nesses dois anos foi-se criando uma relação de intimidade, de cumplicidade entre corredor e esta parte da cidade, que na verdade faz parte da minha vida desde que me conheço por gente.

Gosto de correr nesses domingos cedinho. Gosto da paisagem, gosto de pensar enquanto corro. Gosto de ver os km passando no relógio, gosto de entrar no parque e por instantes fazer parte da vida das pessoas, pescando fragmentos aleatórios de conversas. Isso é muito engraçado e descontrai, ajuda o tempo passar.

Hoje foi dia de corridinha de domingo. Começou com tempo fechado e frio, mas antes do segundo km já tinha sol, céu azul e um vento frio.

Percebi que o trânsito estava fechado para a maratona de São Paulo. Desisti de entrar no parque e corri pelas ruas desertas. A prova ainda não tinha alcançado aquele ponto.

Passo o posto de cronometragem e reprimo a vontade de perguntar se alguém já tinha passado por lá. Diante da negativa, dispararia que então era o primeiro da prova até aquele momento. Mas as caras não eram de pessoas abertas à brincadeiras. Uns dois Km adiante, passo por um posto de hidratação e um staff estende um copo de gatorade. Agradeci umas três vezes a iniciativa, mas não peguei. Não estava na prova. Sim sou CDF, coxinha pra caralho....fazer o quê???

Quando finalmente estou prestes a deixar o circuito da prova, um comboio de motos e três mulheres (duas quenianas e uma etíope) fazendo o retorno. Pô se tivesse saído 2 minutos depois, seria ultrapassado por elas e poderia ter visto melhor como correm as filhas da mãe. Sensacional. Maravilhoso. 

Volto par casa pra tomar café com todo mundo.

Esporte pra mim é muito mais que só manter a forma (que atualmente está beeeeem prejudicada, como já sabido por todos). É uma questão de manutenção da sanidade mental. Eu me sinto uma pessoa melhor depois de uma corridinha de 45 minutos num domingo de manhã.

Que bom que estou conseguindo ter isso de volta.






sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rio de Janeiro, Aí Vamos Todos Nós


Tenho até vergonha de dizer, mas vou dizer:

EU NÃO CONHEÇO O RIO!!!!

Sabe? Corcovado, Pão de Açucar, Copacabana....

Não, não conheço.

Então agora eu vou conhecer.

Tô inscrito. Primeira prova desde 29/05/2011. TriStar Rio de Janeiro.

Estava em dúvida em qual distância me inscrever. Um ano parado, praticamente sedentário, sentindo todas as dificuldades (e frustrações) de se começar TUDO de novo... e do zero. Além do mais, não sei se minha bike chega até outubro (essa é outra novela....). Fazer 50 km com bike de ciclismo até vai, mas pagar "500 conto" de inscrição pra prova menor (0,5/50/5km) e fazer uma verdadeira mudança pro Rio, com duas crianças pequenas, mulher, papagaio, bike...etc...acho que nem vale a pena.

Com ajudinha de um membro da comunidade virtual dos blogs, o Rafael Pina Pereira que decretou que enfiasse o pé na jaca, aqui estou "enjacado" e inscrito pra prova de 1/100/10 km.

E vamos ver no que vai dar. Espero que a "phantom bike" esteja enfim nas minhas mãos pra ser ainda mais divertido pedalar por todos os cartões postais por onde a prova passa!

O quadril não dói! Tô feliz da vida. Só preciso perder uns 6 kg. 

Tá difícil. Mas vou dar um jeito.


terça-feira, 12 de junho de 2012

Pequenos Guerreiros


Dia 12 de junho é o dia nacional da Conscientização da Cardiopatia Congênita no Brasil.

Dias 12 de junho...dia dos namorados...coração! Sacou?

Cardiopatias Congênitas são alterações morfológicas e/ou funcionais do coração que surgem na 8ª semana da gestação, quando o coração é formado. É a doença congênita (que se nasce com ela) mais comum e acomete 1 em cada 100 crianças nascidas vivas.

Podem ser alterações leves, que não comprometem a qualidade ou expectativa de vida da criança, mas podem porém ser incompatíveis com a vida extra-útero, o que torna de fundamental importância a realização de exames no período pré-natal.

Conta rápída: eu tenho pouco mais de 500 amigos no facebook. Cinco deste são, potencialmente, portadores de cardiopatia congênita.

É pouco? Um por cento?

Sim, do ponto de vista estatístico é mesmo pouco. Mas se dá para evitar sofrimentos próprios ou para pais, maridos, esposas, namorados, amigos, filhos ou pessoas próximas, pra que se arriscar?

Tenho frequentemente postado sobre atletas que morrem fazendo exercícios, vítimas muito provavelmente desse tipo de doença congênita, que pode passar silenciosa durante boa parte da vida.

Nem sempre esporte é necessariamente saúde.

Dia 12 de junho é o dia do coração.

Quer seja dos corações apaixonados, quer seja de pequenos corações dependentes 100% dos cuidados e do carinho de mamães e papais.

Pra quem se interessar: http://www.pequenoscoracoes.com/
                                    http://amigosdocoracao.wordpress.com/

terça-feira, 5 de junho de 2012

O Caos e a Paz

Chego na USP no último sábado perto das 7 da manhã.

Depois de uma sexta chuvosa, o dia começa úmido, o que provavelmente espantou muita gente. Além disso, o fato do IM Brasil ter acontecido uma semana antes, contribuiu para esvaziar muitos pelotões de assessorias que usam a Cidade Universitária pra treinar.

Como estou quase 1 ano fora, sou quase um novato. Acho que nem o professor (Fábio Rosa) que estava escalado para cair da cama cedo, lembrava meu nome. Acho que nunca soube mesmo.

Saio do carro preguiçoso. Tinha acordado as 4:30 para levar minha mãe até Cumbica.

Inicio o ritual: tira bike do carro, põe rodas, capacete, troca tênis por sapatilha, caramanhola no suporte. Não cheguei a tempo de ouvir a explicação do treino. Só ouço que seria um pelote único, com umas 15 pessoas, a maioria com bikes de triathlon. Fulano e Sicrano puxariam.

Dito isso, saíram em disparada! Os outros 13? Que se arrumem e alcancem os líderes.

Pelote desordenado. Ninguém avisa nada. Buracos, obstáculos, mudanças de direções. Nada. No máximo uma ou outra conversão. Em um certo momento, perguntei ao "colega" ao lado: Qual o treino de hoje? Seriam 50 km, sendo 5km a 37 km/h e 5 km a 32 km/h. 

Ué....estávamos a 40 km/h.... Num dado momento, o pelotão que tinha duas colunas ficou em fila indiana simples. 15 pessoas enfileiradas, além dos que foram se somando no meio do caminho. Quem pedala na praça da Reitoria imagina o cenário.

Tentei sair do lugar que me é possível ficar, para reestabelecer a ordem do pelotão. Tentei refazer a segunda coluna. Não aguentei muito tempo. As pernas estão fraquinhas, fraquinhas depois de tanto tempo sedentário. O coração quase saindo pela boca.

Voltei pro rabo do pelote. O cateye marcava uns 20 km de treino. 20 Km de caos.

A minha sorte foi ter visto a Cláudia Aratangy (do blog). Saí do pelotão e fiquei com ela. Conversas amenas, conversas sobre filhos, umas 20 voltas numa praça de 500m.

Até que passa um pelotão e uma voz conhecida grita. O Roger, marido da Cláudia em um pelotão de ciclistas.

Acompanhamos os caras por algumas voltas. Resolvem seguir o trajeto por toda a USP. Tudo organizado. Tudo sinalizado. Entramos de penetra na rabeira do pelote dos caras, sem parar de falar nem um segundo e mesmo assim, os caras avisavam desvios, obstáculos, reduções de velocidade. Ninguém escapava numa tentativa de "mostrar quem manda".

Os 30 Km restantes do treino passaram em um instante. Sem stress.

Isso aconteceu de verdade, assim como escrito. Sem exageros e sem nenhum trecho fictício.

Antes que eu seja apedrejado, não estou generalizando nada. Sou triatleta! Quando treino com amigos em quem confio, o pelotão funciona. Tudo como deve ser.

Infelizmente porém, a grande maioria se comporta como eu descrevi acima.

E dão lenha para queimar na fogueira dos ciclistas, que nos acham um bando de pavões, cujo único interesse é a quantidade de dígitos das bikes que estamos montados, embora raramente saibamos sequer as regras básicas para usá-las.





sexta-feira, 1 de junho de 2012

Injustiça


Por duas vezes perseguir um sonho e vê-lo negado quando o tinha ao alcance das mãos!


Justo um cara que tem como mantra a frase: Dream, Believe, Succeed

Justo um cara que assina o que escreve com: Chase your dreams

Injusto

Triste

O triathlon vai mais pobre para Londres 2012!