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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Um é pouco, Dois é bom, Três é...SONHO DE CONSUMO!



Parece que um texto em uma coluna da revista VO2, escrito pelo Nuno Cobra, revoltou alguns amigos, em especial os irmãos Vilas-Bôas.

O Alcy chamou à atenção e o Marcos transcreveu no Facebook.

Vou transcrever aqui.

"Três é demais - por Nuno Cobra

A busca constante por desafios como o triathlon pode ser prejudicial ao corpo
As pessoas estão de tal maneira estimuladas e envolvidas com a necessidade de superação constante, que acaba ocorrendo o aparecimento de todo o tipo de exagero. Como se não batasse a pugna diária que nos cobre de compromissos e estímulos de toda ordem, não deixando tempo para vivermos mais a vida, ainda vem a própria vida esportiva recebendo todo tipo de comprometimento com o fazer cada vez mais e mais rápido, batendo-se em competições antes sequer imaginadas. Esportes como a natação, ciclismo e corrida são excelentes para uma vida sadia e a formação do caráter de todo cidadão. Mas é difícil entender porque praticar estas três modalidades ao mesmo tempo. Se são tão grandes, cada uma na sua forma tão específica de ser, por que não fazê-las de forma separada e mais intensa? Não é natural fazer isso com o corpo e de certa forma a tentativa de colocar tudo isso num caldeirão irá invariavelmente trazer consequências negativas para o seu corpo como um todo em algum momento da vida.
Sou contra fazer esses esportes maravilhosos todos a um só tempo, até porque pode-se excecutá-los todos, mas cada um de cada vez, colocando dentro de um calendário que beneficie, até pela sua diversidade, a pessoa que deseja uma variação sadia e próspera em seu trabalho com o corpo.
É difícil a juventude conter a idéia de se desafiar e buscar o novo e extraordinário. Se ela é sedenta de exageros, que faça isso apenas algumas vezes para saber como é a terrível consfusão para o organismo nadar, pedalar e correr ao mesmo tempo.
Como competição em algum momento da vida tudo bem, faz parte e deve ser apoiado, mas como prática perene de anos dessa aventura física extravagante, não é positivo e salutar.
Se essa moçada gosta demais de se sentir viva e capaz das mais extravagantes competições, vá lá, faça seu triathlon, mas não esqueça de que se isso não for apenas para ver como é sentir a necessidade de se desafiar, e fizer isso sempre, quando passar a idade adulta, bem lá na frente, a conta virá. Se a pessoa é profissional, muda tudo completamente e isso passa a ser ótimo porque simplesmente é sua profissão e tem de haver resultados em termos de tempo. Mas tem de ganhar muito para prover o seu futuro, porque sua vida profissional será muito curta.
O corpo aguenta qualquer coisa, ele luta e se supera, mas tem também um livro-caixa que contabiliza tudo.
Mesmo que você queira brincar de triathlon, deve tomar todo cuidado, porque ele em si é exagerado. Todo o esporte é saudável, desde que você se envolva com ele pela diversão e alegria  de seu engajamento, e não pela vitória a qualquer preço.

Nuno Cobra

O texto causou polêmica. Muitos comentários. Várias reações.

Não conheço o Nuno Cobra. Conheço gente que o conhece bem. À favor dele, pesa o nome Ayrton Senna. Contra, pesa o fato de ter escrito alguns livros que soam como auto-ajuda. Tenho e sempre terei preconceito quanto a isso.

Na minha humilde opinião (e estou aberto à críticas e reações contrárias), ele incomodou por um único motivo:

Ele falou a verdade.

A verdade que incomoda. A verdade que quem está do lado de dentro não quer ver, porque enxerga com os olhos da paixão. 

O triathlon é antes de mais nada, para a grande maioria de quem o pratica, uma paixão.

Mas a razão faz com que eu tenha que aceitar. Ele está certo.

O triathlon exige de quem o pratica, em qualquer nível, uma dedicação enorme. Treinamos 3 esportes. Muitas vezes são duas ou até três sessões diárias. 

No meio de tudo isso, temos que equilibrar família, trabalho, problemas, lazer (com a família e não exatamente o nosso lazer muitas vezes egoísta que faz com que a família toda se programe em função dos nossos treinos), descanso, etc, etc, etc.

Este é apenas um aspecto.

O outro aspecto é o esporte não como agente de saúde, mas como agente de lesões.

Todo mundo que consegue fazer conta de 1+1, sabe que atletas são caras com aptidões físicas variadas, mas sempre com alguma coisa em comum: a DOR!

Tenho muito contato no meu trabalho com uma espécie de atleta (na minha opinião, não são atletas de verdade), o jogador de futebol. Mas já tive a oportunidade de examinar nadadores, judocas, jogadores de volei, entre outros.

A dor é uma constante. Mais do que isso. A dor é o que eles externam. O que está "por dentro" é muito pior. 

O jogador de futebol aos 38 anos de idade, como o Rogério Ceni, por exemplo (e esse é um dos que se cuida) é considerado velho. Por quê? Porque o corpo não aguenta. As articulações estão desgastadas acima da média para pessoas da mesma idade, pelo impacto repetitivo, pela sobrecarga. Os músculos não têm mais a mesma elasticidade e não respondem da mesma forma aos fortes estímulos, predispondo a lesões musculares.

Caras como o Rogério Ceni, têm estrutura de primeiro mundo, com fisioterapeutas, fisiologistas, preparadores físicos, nutricionistas. Assim como todos os outros que vivem efetivamente do esporte.

E nós? Nós que não somos atletas profissionais e não temos sequer uma fração da estrutura que esses caras têm?

Muitos treinam por conta própria. Muitos treinam com gente despreparada. Muitos treinam com verdadeiros charlatões. Muitos treinam com planilhas enviadas por caras que estão a quilômetros de distância.

Mesmo nós que treinamos com gente que estuda, com gente de renome como Marcos Paulo Reis, Emerson Gomes, Diego Lopez, Marcello Butenas (pra ficar só no triathlon, ok?), qual a retaguarda que dispomos? Quem garante que o que nos é fornecido serve para nossas aptidões, nossas limitações?

Eu estou machucado.

Levou um tempo pra admitir pra mim mesmo que a lesão foi causada em grande parte por uma das coisas que mais me deu prazer nestes últimos dois anos. O Ironman.

Parte da minha recuperação, começou com uma constatação: minha musculatura, embora aparentemente forte e resistente, era extremamente deficiente. Existia um enorme desequilíbrio muscular, fruto de certa negligência em abolir a musculação dos meus treinos.

Mas e se tivesse feito musculação? Quem garante que isso aliviaria alguma coisa?

Não existe qualquer intercâmbio entre o meu treinador de triathlon e o professor da academia que me daria o treino de musculação.

Sem querer entrar em nenhum mérito, pago uma academia extremamente cara, mas quando coloco os pés na sala de musculação, ninguém quer saber quantos treinos eu fiz. Fazem de tudo (ou melhor, pouco fazem) para que eu contrate um personal trainer dentro da própria academia, para aí sim, ter alguma dedicação.

Portanto, eu dou sim razão ao Nuno Cobra.

Infelizmente, nós fazemos por paixão, por amor. Mas é só mais um negócio lucrativo para organizadores de provas, importadores de bicicletas, assessorias esportivas...e por aí vai. E nós, como bons apaixonados, acreditamos em tudo.

Amigos, nada pessoal hein! Continuamos dividindo pelotão, alegrias, tristezas, jantares e etc.


sábado, 14 de maio de 2011

Ironman Brasil: Semana 19 - Teoria da Relatividade e o Ironman

Alguém em sã consciência é capaz de questionar a genialidade de um Albert Einstein, mesmo sem entender mais de 95% do que ele quis dizer em suas teorias?



Não sou um nerd que baba pelo canto da boca. Pelo menos não tenho a aparência clássica de um: cara de bobo, meio isolado e vítima do que hoje é chamado de bullying no mundo inteiro, normalmente escondido em roupas inadequadas para a faixa etária e com os indefectíveis óculos fundo de garrafa.

Apesar disso, sou fanático por Star Wars, pela trilogia do Senhor dos Anéis (e também pelos outros livros do J.R.R. Tolkien) e adoro assuntos relacionados ao início do post. Decididamente, eu sou um nerd. Nerd light, mas nerd.

Einstein tomou por base um princípio simples para elaborar suas teorias quase impossíveis de se entender, pelo menos para pessoas normais. 

Duas pessoas podem oferecer duas perspectivas diferentes, porém perfeitamente aceitáveis, sobre um determinado evento.

Falando assim parece simples. Quem quiser ver a "miséria" que ele aprontou a partir daí, é só botar no google as palavras "teoria da relatividade geral" ou "teoria da relatividade espacial".

O que isso tem a ver com Ironman?

Não. O Einstein não pedalava em estradas nos finais de semana. Não que se saiba.

O ciclo de treinos está acabando. Desde janeiro, os volumes de treinos aumentaram gradativamente, chegaram num pico e agora é hora de reduzir, descansar, acumular energia e esperar o grande dia.

Nessas de reduzir a quilometragem , situações engraçadas são criadas.

O que é pouco pra mim (e pra quem está junto nessa empreitada), ainda pode ser considerado uma verdadeira insanidade pra outro observador externo. Aí entra o princípio da relatividade aplicado ao Ironman.

Semana de treinos atípica levando-se em consideração a última semana: Natação ainda com volume alto: treinos de 3.000m até 4.000m, com muitos tiros de 300m. Bike e corrida, porém já com redução sensível.

Hoje (sábado) com pedal de 120 km + corrida de 5 km. Saí de casa com dois sachês de gel e uma caramanhola. O treino durou 3:40' (pedal) e 25'(corrida). Pouca comida, pouca hidratação, claro. Mas saí de casa com a cabeça feita que hoje seria um treino curto. Curto? 120 km em cima de uma bicicleta?

Pois é, curto.

Outra coisa engraçada. A Vivi, querendo programar o domingo, perguntou quanto tinha de corrida. "Só 18 km". Ela deixou escapar uma expressão de espanto: "...só 18 km....como se fossem 100m".

Quatro meses de treinos para o ironman mudam a percepção espaço-tempo...

Olha Einstein aí de novo.


Log da Semana:  225 km em cerca de 12 horas de treinos.

Faltam QUATORZE dias.


sábado, 7 de maio de 2011

Ironman Brasil: Semana 18 - Falta Muito?????

Sabe criança viajando de carro? Não demora muito pra ficarem cansados e logo a pergunta vem: Falta muito?

A Júlia ainda dorme grande parte de longos trajetos.

Quem está se sentindo como uma criança no banco de trás, no meio de uma longa jornada sou eu.

Ainda falta muito?

Ensinamento da semana. O corpo pode e deve estar cansado. Muito cansado. Se não estiver, alguma coisa não saiu como deveria.

O CORPO, que fique bem claro. A cabeça não!.

Quem vai encarar o "bicho" no próximo dia 29 e por acaso caiu de paraquedas por aqui, uma coisa muito importante. Não é hora de entregar os pontos. Não é hora de abaixar a guarda.

Os extremos são fatais na preparação de provas de endurance. Errar na mão e não respeitar a planilha, fazendo mais do que é passado, pode te levar a atingir o pico da preparação antes da hora, pode te deixar mais cansado do que o normal, pode acabar com meses, anos de preparação. 

Por outro lado, relaxar, deixar de treinar ou reduzir os treinos antes da hora, porque já passou os treinos chaves da preparação ou porque está se sentindo "muito cansado", também pode ser um tiro no pé.

A resposta da pergunta do título do post é NÃO. Tá chegando. Falta MUITO pouco.

O que não quer dizer que o que está na planilha seja só pra encher linguiça.

Todos nós já passamos pelo mais difícil. Todos já fizemos os maiores treinos. Agora, existe uma razão pra se diminuir volumes, eventualmente dar alguns estímulos de intensidade.

Vamos respeitar as planilhas.  Preparar a cabeça é parte fundamental do treinamento de um ironman. A cabeça tem que ser ainda mais forte que o corpo.

E bom resto de "viagem".



Log da Semana:  360 km em cerca de 16 horas de treinos, mais duas sessões de pilates e uma sessão de massagem.

Faltam VINTE E UM dias

PS: Post antecipado por causa do dia das mães. Parabéns à todas às mamães, triatletas do dia-a-dia.


domingo, 24 de abril de 2011

Ironman Brasil: Semana 16 - Respeito

Abril se foi.

Ok, ainda faltam 6 dias, o que no final das contas é uma boa coisa, afinal ainda não vi sinal da minha declaração de imposto de renda. Mais essa!

As planilhas são colocadas no site a cada 4 semanas. Hoje foi o último dia da quadrissemana de abril. Lembra o motivo de decepção quando vi os treinos pela primeira vez?

Pois é. Lição aprendida do mês de abril, num ciclo de treino pro ironman brasil: Nunca subestime os treinos da planilha de abril!

Estou cansado. Não, cansado é pouco. Estou exausto.

Quarta feira abortei o treino de natação no meio porque simplesmente eu não tinha vontade de nadar. Eu não tinha força.

Não estou "overtrained". Minha frequência basal está estável. Meus tempos nos treinos estão estaveis, até caindo (melhorando). 

Dei uma ligadinha (de leve) no famoso "foda-se" e resolvi ficar perto das meninas! Estava devendo isso.


Ia ficar em casa sozinho (de novo) no feriado para treinar. Iria aproveitar e começar a pensar em "desmontar" a casa para a mudança. Iria perder horas na internet procurando coisas sobre ironman. Iria ficar o tempo todo pensando que em pouco mais de 30 dias estarei em Floripa testando meses, anos de dedicação.

Acordei cedo na quinta, peguei carona no trânsito da Castello pra chegar em Alphaville e pedalar pouco mais de 80 km em ótima companhia (e muito trânsito local) e depois fui direto pra Socorro (leia-se fedido), claro, depois de quase 4 horas de congestionamento.

Descansei.

Acordei tarde.

Treinei duro, com muita subida devido ao relevo da região.

Fiz um cruzado insano de 120km (bike) + 12 km (corrida) quebrado em 4 x de 30/3 NO ROLO e depois correndo em estrada de terra pirambeira morro acima e abaixo.

Dei banho todos os dias, contei história na hora de dormir, brinquei com coelho (de verdade).

Resumindo, recarreguei as forças.


Agora é voltar às rotinas das madrugadas, treinos, trabalho. Mais 3 semaninhas de esforço. Vai valer à pena.

Log da Semana:  310 km em cerca de 15 horas de treinos, sem Pilates e 1 sessão de massagem.

Faltam 34 dias!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ironman Brasil: Semana 7 - A Pergunta, A Notícia e O Internacional de Santos.

Quem tem criança em casa, vai saber que três palavras desconexas em um título de qualquer coisa, lembra algo do tipo "O Leão, a Feiticeira e o Guarda Roupas".



Esse é o título de um livro, que faz parte das Crônicas de Nárnia. 

O que isso tem a ver com o meu post?

Tirando a já percebida falta de conexão entre as palavras dos dois títulos, NADA. Absolutamente nada.

Então vamos ao que interessa.

Essa sétima semana começou com uma pergunta que até poderia ser perturbadora, mas não foi.

Sentado à mesa no almoço do domingo passado, conversando sobre....o ironman..., meu pai solta esta: "Como você sabe que vai conseguir terminar essa prova?".

Ok, é mesmo difícil imaginar como alguém pode viabilizar uma coisa dessas. Nadar 3800m, pedalar 180 km e depois correr uma maratona.

Não soube o que responder. Só disse que iria terminar.

Depois fiquei pensando qual resposta seria a mais convincente. Na verdade a resposta já estava aqui comigo há tempos.

Estou sendo quase constantemente "acusado" em casa de estar exagerando - e olha que o pesado ainda nem começou. Mas o que ninguém quer ver é que a única coisa que garante o término (com sucesso) da minha prova é o treino.

Todos dizem que o duro numa prova dessas de resistência é o treino. A prova é a coroação. Espero que seja assim.

O treino té dá bagagem física, faz seu corpo aprender a resistir. E como? Com uma série de adaptações metabólicas. À medida que você faz os treinos, quer sejam eles longos como 160 km de pedal, ou 30 km de corrida, ou uma série de 3000m na piscina, você está ensinando seu corpo a usar da melhor forma possível a energia acumulada. Por isso a alimentação é importante. Por isso o treino é importante. Por isso o descanso é importante.

Estava conversando com a Vivi outro dia. Acho que ela ficou meio preocupada com o estado que eu cheguei no sábado passado. O treino é o ensaio para o grande dia. Não adianta treinar sua maratona com tempos que te levariam à linha de chegada com 7 horas e querer fazer em 3 no grande dia.

Você tem que treinar o que você quer fazer.

Isso eu aprendi com a maratona no ano passado. E isso eu trouxe pro ironman neste ano!

Vai doer? Provavelmente. A dor é sim parte do processo, por mais que isso provoque reações negativas pra quem ouve. (leia-se pai, mãe, esposa, amigos...todos com cara que vão me internar no hospício mais próximo).

A segunda parte do título: A Notícia.

Acho que temos a primeira baixa na família Ironman. Infelizmente, o Marcelo (irmão que mora na Austrália) estará prestes a terminar o curso que está fazendo. Pode ser que não consiga vir. 

Fiquei triste, mas como ele mesmo disse, ainda não tem nada certo.

Ele seria o cara responsável por "eternizar o momento". Aliás, é isso que ele tem feito nos últimos anos, fotografando surf na Indonésia e agora entrando definitivamente para o ramo de foto é vídeo.

Espero que tudo aconteça da melhor forma, independentemente dele estar ou não em Floripa no final de maio.

Agora, a terceira parte desse LOOONGO post: o relato da prova em Santos.

A semana de treinos foi devagar por causa da prova. Depois do treino insano de pedal na terça, com 10 tiros de 2 km feitos entre 39 e 40 km/h, entramos mais ou menos no modo "recuperação". Treino de 1500m de natação na quarta cedo e tiros fortes de 800m de corrida no final do dia, depois do dilúvio em SP; quinta de folga (por minha conta, claro) e sexta só de piscina com treinos mais "firmes" de 100 e 50m.

O Internacional de Santos é uma prova legal.

Antigamente era um dos poucos com distância olímpica e era comum de se ver gente de outros países, como Argentina, Chile, além de profissionais como Mark Allen, Greg Welsh, Ken Glah. 

Hoje em dia, acho que a galera prefere as provas da marca Ironman como pretexto para competir em outros países.

Só tinham brasileiros mesmo na prova de hoje.

E como não poderia deixar de ser para uma prova em pleno verão, o dia foi QUENTE. Bota quente nisso.

Tive que ser convencido a usar a roupa de borracha. Eu suava na praia antes de entrar para aquecer. Não parei de suar dentro d'água também.

Estou triste por constatar que estou com medo de nadar. Não do mar ou da natação em si. Estou com medo de fracassar nadando. De prejudicar minha estratégia.

Hoje me peguei pensando que a minha natação voltou a evoluir. Estou nadando três vezes por semana, grandes volumes. Tenho feito bons tiros.

Inseguranças à parte, comecei nadando sem muita pressa. Também não tinha muita gente subindo em cima de mim. Fiz o primeiro lado do triângulo levantando a cabeça poucas vezes, usando bastante o pessoal à minha volta para navegar. Deu certo. Direto pra bóia.

O segundo lado do triângulo também usei a mesma estratégia, mas como o pessoal dispersou mais, tive que levantar mais vezes a cabeça pra procurar a bóia. Foi bom também. Na segunda bóia bati o olho no relógio e vi que em uma das porradas que levei, o botão se auto-apertou e já estava marcando o tempo da primeira transição. Ok. Parte do treino é aprender a lidar com imprevistos. Este não seria um imprevisto tão importante.

O terceiro lado do triângulo pra mim é o mais chato. O povo já tá meio cansado, meio capenga. A orientação pra mim é mais difícil pois achar uma bóia no meio do marzão é fácil. Achar um pequeno totem no meio da praia não é fácil. Em um momento tive que parar de nadar pra ajustar a gola que já me assava feio o lado direito do pescoço.

Encontrei a areia com pouco mais de 22 minutos. Achei excelente. Mas estava cansado a ponto de aproveitar a desculpa de tirar a roupa de borracha ainda na água pra dar uma paradinha. Passei no tapete do chip perto de 23'30". Depois uma longa e difícil corrida pela areia da praia até alcançar a avenida, atravessa-la, ganhar a área de transição e achar minha bike. Transição longa, demorada.

Quando comecei a pedalar, meu relógio já marcava 26 minutos. Três minutos e tanto desde que passei pelo tapete do chip.

Coloquei o pé na sapatilha. Quando ia colocar o outro, não sei o que aconteceu, ela se soltou do pedal. Tive que parar. Alguém veio me trazer a sapatilha. Paro. Perco tempo. Ponho a bendita no pé e saio pedalando. Meu estômago queimava. Não estava me sentindo lá muito bem.

Pelas ruas esburacadas eu segui, esperando finalmente chegar à Anchieta lisinha, teoricamente com menos chance de um pneu furado. Em um dos buracos ou trilhos que temos que passar, meu cateye simplesmente morreu. Ótimo. Tá aí um imprevisto PHODA de lidar. Não em uma prova dessas que é socação de bucha o tempo todo. Mas e no iron? E se a porra do cateye me deixa na mão, sendo uma prova que você tem que controlar a velocidade, construir a média.

Continuei socando. Na estrada, perto do 20º km, voltou a funcionar. E estava bem....muito bem. 38 km/h, 39 km/h. Assim eu gosto.

Vácuo, muito vácuo. Na cara dura. Bando de picareta. Me recuso a entrar em pelote nas provas, por mais que seja fácil pedalar assim. Resultado: muitas vezes tive que reduzir pra não ficar no rabo do pelote. No final da Anchieta me rebelei e antes da ponte, ataquei, entrei na zona de vácuo a 43 km/h, passei todo mundo e ninguém mais me alcançou! Senti uma melhora muito grande na qualidade do pedal em relação ano passado. Gostei muito.

Chegando na T2, um cara numa puta bike animal, uma Argon 18 E-114, resolve fazer uma transição super rápida. Embananou-se. Caiu. A super bike fez um looping sobre ele e estatelou no chão. Barulho de carbono batendo....ui....O cara levanta e fica parado bem no meu caminho. Pô, tá certo que o cara tomou um tombaço, mas não fica na frente. Desviei. Entrei na T2 com algo em torno de 1:05'. Dentro do esperado.

T2 em quase 2 minutos. Saí pra correr ainda com chance de fazer as 2:17' que o MPR "previu"pra mim. Tinha cerca de uma hora e trinta minutos de prova, até então.

Cara, tava calor. Comecei o 1º km em 4'37", correndo solto e tranquilo. Respiração controlada. Passei o 6º km pela tenda da MPR com cerca de 27' de corrida. Achei que ia dar.

Os 4 últimos km foram de sofrimento. Muito quente. O retorno nunca chegava. Fechei a corrida em 47'39".

Tempo total: 2:20'48" para os 1500/40/10 km.

Achei muito bom. Não foi meu melhor tempo, mas foi o melhor que eu tinha pra dar hoje. E convenhamos, foi um bom tempo: 43º na categoria (tinham 164 atletas).

Nota ruim do dia. Ao voltar pra resgatar minhas coisas na transição, meus óculos de natação tinham sumido. Meu capacete estava com uma touca e óculos de natação que não eram meus dentro dele.

Espero que o cara que levou meus óculos tenha feito isso por engano. Não passa pela minha cabeça alguém que paga 360 reais de inscrição, pilota uma bike de custa de 4 a 5 dígitos, com rodas de mais 4 ou 5 dígitos, seja capaz de levar na mão grande um óculos de 100 reais. E se não chegasse antes que o dono da touca e óculos que estavam no meu capacete? Será que teria um prejuízo maior ainda?

Mas beleza. O dia é de festa. Amanhã vou ter que matar a natação por falta de óculos!

Resumo do dia:

Natação (1500m): 23'30"
T1:  3'19"
Bike (40km): 1:04'29"
T2:  1'51"
Corrida (10km): 47'39"

Total: 2:20'48"

"Loguinho" da semana:  160 km em 8 horas de treinos, mais 1 hora de Pilates e 1 hora de massagem.

Faltam 97 dias!



domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ironman Brasil: Semana 5 - A Lenda da Fabulosa ENDORFINA



O último dia do mês de janeiro de 2011 deixou claro que a preparação ESPECÍFICA pro Ironman Brasil começou. 

Treinos mais longos, mais intensos. Mais cansaço. Mais sensação de dever cumprido. Uma felicidade que só quem já experimentou algum treino ou prova exaustivos alguma vez na vida, sabe do que eu estou falando.

Na segunda (31/01), o dia começou com 3700m de natação. Desde quando nadava 5x/semana, uma hora e meia/ treino, eu não sabia como era nadar tanto assim. Foi um pouquinho mais de 1 hora de treino, com muitos tiros de 400m.

Depois na terça de madrugada, um treino de 60 km de pedal, com 2 tiros de 20 km sozinho, sem roda pra me carregar, cara no vento, vento na cara!

O resto do dia nos dois casos foi de, claro, um pouco de cansaço, fome e bom humor. Sim, bom humor. Adoro a sensação de estar cansado!

Esse é o gancho que eu precisava pra escrever sobre uma coisa que há muito tempo queria escrever: os efeitos do exercício como agente causador de bem estar. O que está por trás disso?

Bom, sugestionados pelo título do post, muita gente vai dizer: a endorfina.

Será?

Quem é a endorfina? O que ela faz da vida? Quais seus segredos?

O que se fala de endorfina por aí é superficial e muitas vezes nos faz acreditar em coisas erradas. 

Adiei muito esse post por não querer parecer chato, mas a oportunidade ressurgiu. Vamos a ela.

Li alguns artigos científicos sobre fisiologia do esporte e medicina esportiva e vou tentar sintetizar ao máximo tudo o que aprendi para não ficar muito extenso. Como todo resumo, posso omitir alguma coisa importante.  Se ficarem buracos, vamos aprender juntos.

A endorfina.

Beta-endorfina para os cientistas. Um opióide endógeno secretado pela adenohipofise, uma glândula que fica alojada na base do crânio, que regula uma série de reações do sistema nervoso central. Como opióide, apresenta efeitos analgésicos, eufóricos e aditivos. Em outras palavras, dá barato!

Logo após sua descoberta em 1977, começaram uma série de estudos tentando correlacionar sua ação à atividade física, entre estas, a analgesia, maior tolerância ao lactato, diminuição da percepção do esforço, diminuição do desconforto muscular e respiratório e, o mais importante deles, euforia do exercício.

Estes estudos nunca conseguiram resultados convincentes. O motivo para isso é a dificuldade de se medir a concentração da beta-endorfina no sistema nervoso central. A maneira alternativa encontrada para se conseguir essa medida, foi correlacionar o exercício físico ao aumento da endorfina circulante no sangue.

Sabe-se que em determinadas situações, a endorfina sérica (do sangue) aumenta de 3 a 10 vezes durante e após o exercício físico. Eu disse em determinadas situações. Quais seriam? Vamos começar a destruir alguns mitos. 

Em primeiro lugar, a endorfina sérica aumenta com exercícios anaeróbios. Não parece que poderíamos fazer um Ironman em anaerobiose.

Em segundo lugar, mediu-se um aumento da endorfina sérica em exercícios aeróbicos submáximos (>70% do VO2 máx), com duração superior a 1 hora. Isso nós até fazemos com certa frequência.

Agora o golpe de misericórdia. A meia vida da endorfina sérica é.....tchan, tchan, tchan...... VINTE MINUTOS!

Uma explicação rápida: Correr não deixa chapado o resto do dia! Dói....mas é verdade.

Outra série de estudos em atletas em condições de produzir aumento da endorfina sérica foram tratados com substâncias que inibem sua ação, a Naxolona. Uma grande parte destes atletas tratados com bloqueadores de endorfina, referiam os tais efeitos analgésicos acachapantes atribuídos à ela. Então, tá todo mundo louco? Ou não seria a endorfina a causadora do tal "Runner's High"?

Algumas críticas a esses estudos.

Existe no organismo uma barreira que protege o sistema nervoso central, a barreira hematoencefálica. Na prática e de forma bem simplória, ela faz com que o que tá dentro fica dentro e o que tá fora, continua fora - óbvio que determinadas moléculas conseguem passar, dependendo do tamanho.  Desta forma, medir o aumento plasmático da endorfina não parece muito útil, pois este hormônio não atravessa a barreira hematoencefálica. 

Se o aumento desta endorfina plasmática (sangue), medido em determinadas situações durante o exercício físico não pode agir no sistema nervoso central, por não ser capaz de atravessar a barreira que isola e protege o sistema nervoso central, então isto praticamente inutiliza os estudos que tentam correlacionar exercício físico e seus efeitos. Certo? Errado.

Recentemente, a PET-CT, uma técnica que une recursos de medicina nuclear, com alta sensibilidade para detectar alterações funcionais, metabólicas e bioquímicas em órgãos ou tecidos aliado a recursos da radiologia, com alto poder de localização espacial, permitiu estudar em atletas submetidos à esforço físico intenso e com duração de cerca de duas horas, o aumento da concentração de beta-endorfina em áreas importantes do sistema nervoso central, relacionadas à emoções e sensações, o sistema límbico. Não vou entrar muito em detalhes sobre este estudo (realizado em Bonn, Alemanha), pois esse foi tirado de um artigo não médico.


 

A primeira foto, um aparelho de PET- CT, bem parecido com um aparelho de tomografia computadorizada convencional e a segunda foto, o tipo de imagem que esse aparelho entrega, permitindo  o estudo anatomofuncional de uma determinada região, ou até do corpo inteiro. Um espetáculo!

Conclusões que podemos tirar.

Ao que parece, existe sim uma associação entre exercício e bem estar mediado por substâncias químicas endógenas (produzidas pelo próprio organismo). Porém, a liberação desta substância, a beta-endorfina não acontece de forma deliberada. Depende de intensidade e duração do exercício. A própria duração dos efeitos da beta-endorfina é bastante limitado e frustro. De novo, ninguém passa o dia vendo elefante cor de rosa porque correu pra cacete no treino de sábado ou de domingo.

Podemos bater martelo em um ponto: o bem estar proporcionado pelo exercício tem base fisiológica, sem dúvida. Existe também, em associação, um fator psicológico importante, que potencializa esse bem estar, que faz com que passemos o dia todo de bom humor, quando conseguimos atingir um resultado satisfatório, senão é mau humor NA CERTA.

Não existe endorfina borbulhando no sangue. Primeiro porque aprendemos que a endorfina do sangue não é a que dá barato e sim a do sistema nervoso central. Segundo porque QUALQUER coisa borbulhando no sangue, vai te levar pra UTI...de onde você pode não sair mais!

Gracinhas à parte, a semana continuou com grande volume. 


Tiros de 1000m de corrida na quarta e giro de 60 km na quinta debaixo de chuva. Não sou de açucar, certo Marquinhos?


Tive que me virar com os treinos do final de semana, pois trabalhei no sábado, de novo.


Sábado com treino na filial de Pirassununga, com termômetros de rua marcando 38ºC e um ótimo progressivo de 16 km, terminando (MORTO) com 4'40" no último km (média final de 4'54"/km). 


No domingo, 115 km na ciclovia que beira o rio Pinheiros. Há tempos queria rodar ali! ÓTIMO lugar pra treinar. Plano, seguro, liso. Triste que o rio seja morto. Seria até bonito! Mais 6 km pós bike sofridos pelo calor, progressivo, com boa média final de 4'37"/km.






Tá ficando bom.

Log da Semana:  290,3 km em 14 horas e 53 minutos de treinos, mais 2 horas de Pilates e 1 hora de massagem (ai como dói!)

Faltam 111 dias!




domingo, 23 de janeiro de 2011

Ironman Brasil: Semana 3 - Ironman ou Aquaman?

O Rodrigo (primo) foi muito feliz quando, na terça feira, postou no Facebook que o Aquaman estaria tentando pegar o lugar do Ironman.

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Desde o início do ano, não tem um dia que se passe sem chuva. Isso não é novidade. No início do ano passado foi a mesma coisa. A tal da Zona de Convergência Intertropical ou sei lá eu o quê.

Depois de uma segunda bem quente, com direito a corridinha agradável no fim de tarde, tudo levava a crer que a terça daria pedal. Às 4:00, um pé d`água daqueles pegou todo mundo de surpresa. Acabei fazendo os tiros de 10 km na bolinha, à tarde. Saí da USP no EXATO momento que o mundo desabou - de novo.

Quarta com tiros de 1 km no Villa Lobos. Quinta de pedal no rolo. Sexta sem treinos pela combinação trabalho mais cedo de manhã e chuva torrencial à tarde. No sábado, tinha combinado com a galera pedal CEDO, às 5:30. Perdi a hora, mas não o treino. Fiz meus 80 km de pedal + 6 km de corrida. Depois, todo mundo pra casa da Cláudia comemorar o aniversário dela - Parabéns de novo! Domingo, 16 km no circuito Gastão Vidigal - Fonseca Rodrigues -  Pe Pereira Andrade - Parque Villa Lobos. Comecei bem, mas tem algum "triângulo das bermudas" nos treinos de 16 km que me faz quebrar feio, com direito a  um soco direto na minha autoconfiança. Não poderia ser diferente, QUEBREI. Não sei se pelo calor ou falta de água no meio do caminho ( ou os dois combinados). Não foi bom.

Tenho percebido que depois de um segundo semestre excelente, está difícil repetir o que vinha fazendo, quando conseguia encaixar nos treinos longos de corrida, uma média de 4'45" a 4'50"/km. Tudo bem, acho que só preciso de paciência, mas a tendência é a gente querer recomeçar sempre do ponto onde parou. Nas três modalidades, a parada de fim de ano me tirou resistência e velocidade.

Novidade boa da semana, na verdade do domingo. A ciclofaixa estendida até o Villa Lobos está funcionando. Não dá pra treinar, mas dá pra passear com a família com relativa segurança. Como seria bom se essas ciclofaixas fossem uma realidade em toda a cidade e em todos os dias da semana. Muito bom ver muita gente pedalando, divertindo-se de uma maneira legal e saudável.

Volume aumentando aos poucos e o que é melhor, sem dores. A da canela sumiu quando mudei o tênis do Adidas para o Asics Kayano 17. A do quadril também já era! 

Log da semana: 208,4 km percorridos em 10:00', além de duas sessões de pilates (2 horas).

Faltam 125 dias. VAMO QUE VAMO.

domingo, 26 de dezembro de 2010

O Jogo do Ironman


Se a preparação para um ironman fosse um jogo de tabuleiro nos moldes do Jogo da Vida, certamente as festas de fim de ano seriam daquelas casas que ninguém gosta de cair: VOLTE 10 POSIÇÕES!



Há alguns dias, recebi do meu treinador um email "recomendando" moderação nas reuniões de final de ano. Um recadinho do tipo: Não enfiem os pés na jaca.

Ok! Ele conseguiu me deixar com consciência pesada!

Estou desde o final de novembro sem treinar direito. Não por falta de vergonha na cara e sim por um probleminha físico que se ainda não me deixou preocupado oficialmente, já fez acender a luz amarela.

Sim, comi e bebi um pouquinho além do que estava planejado....e ainda tem a ceia de ano novo!

É muito difícil manter o equilíbrio das coisas nesta época, mas enfim, acho que não sou um caso isolado.

Queria desejar à todos os meus parceiros de jornada, jogadores ativos ou espectadores deste "jogo", um ano cheio de conquistas pra quem vai pra "batalha" pela primeira vez e reconquistas pra quem já conhece o caminho e sabe o quanto ele é duro.

Um feliz 2011 pra todos. O meu será MUITO feliz.



Nos vemos no ano que vem!

sábado, 9 de outubro de 2010

Companheira de Jornada


O assunto não é muito original. É até recorrente.

Ouvi durante a semana que passou uma frase de uma pessoa que nem faz parte do "núcleo atlético" da minha vida (parece novela): "Comece a correr e nunca mais deixe de sentir dor".

A dor. 

Velha conhecida de TODOS: atletas profissionais, atletas amadores como a grande maioria, atletas  de finais de semana, sedentários...

Certamente existe uma certa dose de prazer na dor e nem estou me referindo à assuntos impróprios para menores de 18 anos.

Quem não se sente vivo ao se terminar um treino que exige muito do corpo, como por exemplo, pedalar em Romeiros? Daqueles que deitamos e sentimos cada músculo contraído pelo esforço. 

Ou então, durante uma sessão de massagem, shiatsu.

Nem sempre a dor é ruim.

Meu irmão "australiano" se auto proclamou diretor do "documentário" sobre meu ironman. Entre idas e vindas na ponte aérea Austrália/ Indonésia, já trabalhou como fotografo de surf e atualmente faz um curso de edição de imagem (vídeo). Ele me pediu pra que eu fizesse um diário, não só por escrito como este blog, mas também por vídeo, para inserir no making of de um ironman. Deu instruções: você registre tudo - momentos bons, de alegria ao se completar provas, momentos duros pela dificuldade dos treinos, frustrações, etc.

Eis aqui um momento difícil: a dor que é ruim.

Posso fazer uma lista enorme do que dói: fasciíte plantar (herança da maratona de SP), meu dedão do pé direito, as canelas por sobrecarga da gordura subcutânea junto às tíbias, meus joelhos que na verdade são meus "tendões de Aquiles", minhas costas, meu ombro direito.

"Pô, mas você é médico"

É, sou...e daí?

Isso não quer dizer que tenho que ser o MEU próprio médico.

Coisas que aprendemos com o tempo: a gente não pode querer segurar o mundo nas costas. 

Alguns exemplos.

Vivia fazendo ultrassonografias de rotina na Vivi. Um dia, um chefe de quem eu gosto muito (não trabalho mais com ele) me disse: "Daniel, nunca misture as coisas. Um dia você pode ter uma surpresa ruim, ou negligenciar algo importante". Detalhe, ele diagnosticou um câncer na própria esposa.

Outra foi ainda mais cruel. A Júlia, antes de fazer 1 ano começou a ter  manchas avermelhadas pelo corpo. Nunca dei bola, até que, por insistência da Vivi, resolvemos ligar pro pediatra. Fomos até onde ele estava. Ela foi examinada. Com muita preocupação, ele disse que teria que pedir alguns exames e ela iria ser picada. Tudo bem. De repente, a cabeça de médico começou a pensar: febre recorrente, semana sim/ semana não com alguma virose, manchas na pele. PORRA, o cara tá pensando em leucemia!!!!!!!!!!!!

Fomos pra casa e por telefone ele passaria o resultado.

Até a merda do coagulograma ficar pronto, sofri como um FILHO DA PUTA, chorei trancado no banheiro tomando banho. Isso tudo, sem poder deixar transparecer pra Vivi. 

Não era!

Por isso não sou médico 24 horas por dia. Sou gente. Sinto dor e muitas vezes não posso resolver tudo. Muitas vezes não sei todas as respostas.

O treino longo de corrida desta semana foi sofrido. Muita dor. Muita frustração. Muita dúvida se realmente vale à pena e até onde se submeter a isso pode me levar.

Sempre digo, envelhecer é se acostumar com as dores que vamos ganhando. 

É inevitável e, desde que não seja incapacitante, como não são, não vou ficar ligando pra nenhum amigo meu pra me queixar de dores depois dos treinos.....teria que fazer isso todos os dias.


Nada como um dia após o outro.


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Powerhouse



Nesse período de treinamento que defini como preparação pro meu primeiro ironman - em gestação desde maio de 2009 - tenho aprendido algumas coisas. Acho que o principal benefício, além de um preparo físico excelente, existe um que é difícil medir em alguma coisa palpável: aprender a ter paciência, a planejar.

Ironman sem dúvida é um investimento. Estou falando de grana mesmo: vestuário e acessórios, equipamentos, assessoria esportiva, academia, inscrições, viagens, manutenção da bike (como disse a Deise Jancar na nossa "conversa de apresentação" no trem, indo para a largada da maratona de SP: todo mundo acha um absurdo pagar 20 ou 30 reais pra lavar o carro, mas ninguém reclama de pagar 60 reais pra lavar uma bike).

A lista é quase infinita. Cada um faz uma adequação de acordo com a sua realidade, mas no final, sempre acabamos gastando muito. Muito mesmo.

Por outro lado, quanto custa a realização de um sonho? Difícil quantificar retorno de um investimento quando o resultado envolve uma realização pessoal. Por isso talvez que quem vê "de fora", pode achar que somos malucos por gastar montanhas de dinheiro, acordar de madrugada pra treinar, entrar em êxtase por pedalar por 3 horas e no dia seguinte ter que correr mais 2 horas.

Bom, essa introdução TOOOODA, só pra falar que vou começar uma nova etapa no projeto ironman, o que entre muitas coisas, significa gastar mais dinheiro.

Olhando minhas fotos do 70.3 em Penha, algumas coisas me incomodaram muito. Apareço nelas com uma PANÇA que não é minha. Pô, nunca estive tão em forma, nunca treinei tanto como agora. Depois, há tempos já tenho ouvido da Vivi (esposa) que estou ficando corcunda.

Isso tem algo relacionado a estética sim, mas na maior parte, com a funcionalidade do negócio. Confesso que meu maior medo é encarar as 6 horas de pedal. Minha lombar não aguenta isso.

Tenho feito musculação de forma muito irregular, sem um planejamento específico. Abdominal eu simplesmente aboli das minhas séries há algum tempo.

Eis que, pela força da exposição na mídia e recente experiência positiva da Vivi, resolvi arriscar algo novo.

Powerhouse é como Joseph Pilates, ao lançar seu método em 1920, definiu um grupo de músculos que envolvem os glúteos, coxas, abdômen e região lombar. Para ele, a energia do movimento fluiria deste músculos centrais para as extremidades e, desta forma, criou um método que combina movimentos corporais e respiração controlados para o fortalecimento aliado ao alongamento muscular.

Lindo, em teoria. Quem não se espanta ao ver a Gisele Bundchen com barriga chapada e em plena forma poucos meses depois de dar à luz.

Que fique bem claro, não quero ficar parecido com ela.....rsrsrsrsrsrsrs

O que mais me atraiu no Pilates é a promessa de equilíbrio postural através do fortalecimento da musculatura paravertebral, lombar e abdominal, fundamentais para nossas longas jornadas de bike.

Além disso, tenho sido muito relapso com o alongamento após os treinos e estou sentindo a consequência disto: Não tem sido raro acordar de madrugada com cãibra no bíceps femoral, um dos músculos que formam o conhecido posterior da coxa.

Resolvi incluir o Pilates pensando além da minha performance nos treinos ou em provas longas. Quem sabe minhas dores crônicas nas costas, resultado de horas sentado de maneira errada no trabalho, não me deixem em paz. Ou ainda, minhas dores nos joelhos...e por aí vai.

Mais uma parte (dinâmica) do planejamento. Mais grana envolvida. Mais uma coisa que vou precisar de paciência para esperar algum resultado.

Vamos tornar minha powerhouse realmente em algo poderoso!



sábado, 14 de agosto de 2010

Com a Força da Mente

A primeira coisa que me vem à mente lendo esse título é o Aquaman com seu poder telepático, chamando as criaturas marinhas (ok...PÉSSIMO).

Ou então, algum charlatão entortando um garfo, ou uma colher.

Na verdade não é nada disso.

Lembrança do final da infância, começo da adolescência, um professor de tênis de um dos meus irmãos, amigo da família de longa data, dizendo que entre os top 100 do ranking, o nível técnico era rigorosamente o mesmo, o que diferenciava o 1º do 100º era a cabeça, o autocontrole.

Será? Seria?

Acho que essa afirmação nunca seria verdadeira no nosso esporte, mas enfim, é um bom ponto de partida pra uma constatação minha nesta última semana.

Estou a 2 semanas de outro grande desafio do ano, mas até agora, não tinha nem tocado nesse assunto por aqui, diferente da maratona, prova para a qual criei uma enorme expectativa, comemorando cada conquista nos treinos e claro, na prova.

No dia 28/08 vou fazer minha primeira prova com distância 1/2 ironman, em Penha, justamente o Ironman 70.3 Brasil, mas até surpreendentemente pra mim mesmo, não estava TÃO animado.

Tive treinos difíceis como os 100 km em Romeiros, mas de verdade, nenhum que me desafiasse TANTO como o ciclo de preparação pra maratona de São Paulo, em maio.

Logo na entrevista na nova casa de treinos, a MPR, meu (futuro) treinador disse que o ciclo pro 1/2 era tranquilo, muito diferente de um ciclo pra maratona ou pro ironman...e realmente tem sido. Sinto até que poderia dar mais, principalmente na natação.

O duro é que as vezes, essa tranquilidade relativa pode ser um tiro no pé. Você fica se questionando se realmente está preparado.

Tive uma semana bem difícil. Stress no trabalho, treinos feitos com sofrimento, entorse leve no tornozelo em um dos treino de corrida, perdi a hora do treino na madrugada de terça, bem recompensado por um dia inteiro de descanso apoiado por muitos no facebook e MUITO bem aproveitado, diga-se de passagem. Dores pelo corpo...articulares, musculares.

Um inferno.

Eis que hoje, sábado frio e com garoa, depois de uma pequena luta interna pra sair da cama, vejo que a minha primeira afirmação, no início do post (a cabeça ser determinante para o desempenho), faz todo sentido.

Cheguei pra treinar e me atrasei de propósito pra fazer o treino sozinho, no meu ritmo.

Assim que cheguei, encontrei o Marcos Vilas Bôas me chamando pra fazermos juntos. Só estava faltando o Marcos Pereira (ambos, meus parceiros em Romeiros). Na hora pensei...lá se vai meu treino tranquilo...os caras têm MOTORES nas pernas!!!! Vamos lá. Já tinha saído da cama mesmo.

Começamos tranquilo. A insegurança devido a 1 semana de maus treinos foi aos poucos me deixando em paz. Treino forte, com intensidade e qualidade e mais que isso, em ótima companhia.

Sem perceber, terminei o treino sem dores (nem novas e nem antigas), com a confiança restabelecida e melhor, animado para a prova que se aproxima, lembrando que não é QUALQUER prova....é uma prova com a marca ironman. É minha estreia no mundo ironman.

Engraçado como funcionam mente e corpo.

Em tempo, o treino hoje mostrou que minhas pernas estão em dia, minha preparação está sendo muito bem feita e não perdi a base adquirida com os treinos pra maratona no 1º semestre. Boas coisas a caminho.

Que venha Penha!