Ensaiei, escrevi, apaguei uma porção de vezes o início deste post. A verdade é que nem sei como começar.
Duas notícias me fizeram muito triste nesta última semana.
Duas pessoas, duas (bonitas) histórias, realidades diferentes. Nem tão próximas elas são. Na verdade com uma perdi o contato há mais de 10 anos. Com a outra, perdi há cerca de 4 anos.
Uma delas, um cara com quem dividi a raia da piscina enquanto eu ainda era um estudante de 4º ano de medicina. Ele, um médico já formado e depois descobri ser tio de uma amiga de faculdade por quem tinha (e tenho, claro) um carinho especial.
Dividi com ele mais do que uma raia de piscina, dividi a angústia de alguém que estava prestes a se entregar à vida médica e todas as mudanças que isso acarretaria. Muito serenamente ele me disse que pra ele, tudo foi tão natural e indolor, que o que ele teve que abrir mão foi recompensado de muitas outras formas. Isto foi tão importante pra mim pois de certa forma, fez mudar a minha forma de pensar.
E tudo se passou mesmo de forma tranquila. Entregas são sempre de alguma forma sacrificantes, mas há sempre compensações, realizações, por vezes frustrações, mas tudo se transforma em experiências.
Esta semana fiquei sabendo que este cara simpático e sempre sorridente, que foi capaz do maior ato de amor que uma pessoa pode ter por outra - na minha opinião - a adoção de uma criança hoje com 2 anos, sofreu um grave acidente de carro há alguns meses. De coração eu espero que, com a ajuda da família e deste filho, ele possa se recuperar da melhor forma possível.
A outra, uma menina com fala baixinha e delicada. Dividimos o mesmo local de trabalho. Eu já era médico e ela não se contentou com a posição que ocupava. Ela queria (e merecia) mais! Saiu da sala de digitação de exames do hospital onde trabalhávamos e foi pra sala de aula de uma faculdade de medicina. Casou-se, teve um filho,hoje com 3 anos e lembro dela com um exame de ß-HCG nas mãos, no meio do meu plantão numa 4ª feira, perguntando se ela estava grávida (claro que ela sabia). Lembro que olhei o exame e tomei um susto: "Você tá MUITO grávida", foi o que eu disse à ela!
Em uma das reviravoltas que a vida dá, ela descobriu-se com um câncer de mama aos 29 anos de idade!
Nem sei o que continuar a escrever.
A atitude dela diante disso não é de resignação, não é de derrota. Ela tem um blog e pelos relatos, tem se mostrado forte. É preciso ser forte!
Vendo e revendo essas histórias na minha cabeça, por um momento me senti fútil!
Minhas preocupações, meus problemas, até minhas prioridades são pequenas e quase sem importância.
A vida é frágil e perdemos tempo com coisas às vezes irrelevantes.
Antes de sair de casa hoje, eu dei um beijo mais demorado na minha mulher que provavelmente nem percebeu porque estava dormindo. Também passei no quarto da baixinha e fiz um carinho.
A vida é feita de pequenos momentos.
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