terça-feira, 16 de novembro de 2010

Academia da Força Aérea - Pirassununga


Sábado agora, dia 20/11 eu vou pra Pira, fazer o Triathlon Long Distance naquela cidade, dentro da academia da Força Aérea. 

Será meu segundo meio iron; o primeiro lá em Pira, prova tradicional.  Apesar disso, vai ser em um cenário já conhecido! 

Acredite ou não, eu estou na foto acima. Acho que era o nº6 (sabe o negócio de chamar o cara pelo nº, popularizado pelo Tropa de Elite? É assim mesmo!)

Mas o que eu estava fazendo alí?

Bom. Todos os formando na área da saúde (médicos, dentistas, veterinários, farmacêuticos) são automaticamente realistados, homens e mulheres! 

Eu estava meio de saco cheio. Os dois últimos anos da faculdade (o internato) são MUITO cansativos. Meus últimos 6 meses antes da formatura foram de estudo insano para a prova de residência. A especialidade que eu havia escolhido (radiologia) era uma das mais concorridas e neste caso, não existia uma segunda chance! Não passou na prova, não tem cursinho no ano seguinte! Vai ter que se virar, dar plantões em PS de periferia, etc.

Minha decisão por passar um ano na aeronáutica voluntariamente, quase matou meu pai de susto. Geração traumatizada pelos governos militares, movimento estudantil perseguido, etc, etc.

Mas o que ele tinha dificuldade para entender é que eu não queria fazer parte dos porões da ditadura. Não queria virar "milico" como ele dizia! Queria sossego, trabalhar meio período. Queria ganhar mais que o dobro do que ganharia como residente,  sem plantões noturnos.

Claro, tudo isso só faria sentido se passasse na prova de residência e pudesse trancar minha matrícula para o ano seguinte! E poderia, desde que passasse na prova (vestibular é fichinha perto disso).

O ano de 1998 começou em Floripa e começou MUITO movimentado. 

Voltando do surf na Praia Mole, fomos recebidos (eu e amigos da faculdade) no portão da casa onde estávamos com a notícia que todos havíamos passado na prova de residência da Santa Casa, inclusive eu, o caso mais difícil por causa da concorrência! 

Poucos dias depois, duas porradas: a morte do meu avô, por metástase de melanoma  e da namorada do meu irmão Marcelo, de leucemia!

Enfim...

Começava meu ano de aeronáutica! Dois meses de ordem unida. Fui aprender a ser "milico". 

O fim do treinamento era um acampamento na Academia da Força Aérea! Saímos da Base Aérea de Cumbica (na mesma estrada que alguns pedalam) com o C-130 aí da foto, parecendo um carregamento humano. O avião não tem acentos. Fomos no chão, mas apesar do desconforto, o bichão voa suave. Chegamos à Pira no meio da tarde!

Foram 3 dias insanos, cruéis! Acho que nunca fiquei tão cansado na minha vida. A volta, de ônibus, foi engraçada! O pessoal se espalhou no corredor do ônibus para dormir! Perdi a formatura do meu irmão na FAU-USP porque cheguei em casa e desabei no sofá, de camuflado e coturno!

Depois disso, cada um foi para uma unidade ou hospital da aeronáutica, exercer o que sabia (ou achava que sabia): a medicina.

E olha, sabe aquele ditado que diz: se cobrir é circo, se cercar é hospício! Mais ou menos isso mesmo.

Depois de 1 ano, dei baixa na aeronáutica, saí como segundo tenente médico, coisa que só me foi útil poucas vezes, quando fui parado em batidas policiais. Depois fui roubado e perdi minha identidade funcional, sem direito à segunda via. Carteirada nunca mais...rsrsrsrsr. 

Fiz minha residência. Não virei "milico". Nisso,  lá se vão 12 anos!




Estou prestes a voltar pra AFA. Desta vez, meu avião não vai ser um Hércules (C-130). Quero voar baixo, com minha super bike!


5 comentários:

  1. Que história ótima! Vc bem que poderia contar mais detalhes de como foram estes três dias cruéis! Pediu pra sair?
    Coincidentemente, Pira tb tem um sentido especial de volta ao passado pra mim. Meu primeiro marido é de lá e passei vários fins de semana ali. Mas vc acredita que nunca tinha entrado na AFA antes da prova? Recordar é viver!
    bjs

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  2. KKKKKKKKKKKK. Belê Clau! Vou destrinchar melhor a história do acampamento. O próximo post vai ser sobre isso.
    Bjos

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  3. Nossa Dan,
    Relembrei todos esses momentos, vieram como um filminho na minha cabeça... caramba, quanto tempo e que período movimentado, não?!!
    bjs e ÓTIMA PROVA!!!

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  4. ops eu, sua prima, Min! rs

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  5. Demais mesmo Daniel.
    Mas o avião não tinha acento, mas era com redes né? pelo menos o Hercules que andei em 97 mais ou menos era assim.
    Sobre a tua carteira, realmente foi uma perda, em uma blitz ela era uma salvação de uma possivel multa e também na agilidade de parar e sair rapido.
    Me deu uma baita vontade de contar o que aconteceu na minha época de Fuzileiro, ainda mais que vi recentemente os dois filmes do Tropa.

    Abração Daniel e boa prova em Pira.

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