domingo, 16 de dezembro de 2012

O Fim

Em 31 de dezembro de 2009 eu escrevi o primeiro post deste blog, O Início

Eu o leio e releio com muitas saudades neste momento.

Talvez eu tenha que discordar do grande Amyr Klink. O mais difícil talvez não seja o início,  mas sim o fim.

Mas acontece que tudo tem começo e se começa, um dia acaba...já dizia a letra da música.

Escrever esse blog me proporcionou um E-N-O-R-M-E prazer. Pode ser que ao longo do percurso, eu tenha perdido um pouco a essência do que eu planejava, que era simplesmente contar como alguém normal chegaria até o fim de um Ironman.

E eu cheguei.

E foi legal DEMAIS.

Não encontrei o pote de ouro atrás da linha de chegada. Não houve uma mudança radical na forma de agir e pensar. Até gostaria de ter me tornado mais paciente e menos ansioso, mas não aconteceu. Aprendi a ser mais organizado em relação aos meus horários. Aprimorei a minha disciplina. De resto, o maior legado talvez tenha sido o envolvimento familiar em torno de um sonho. Voltei a treinar após 6 meses do nascimento da da Júlia, o que significa que desde sempre, ela me viu saindo ou chegando de algum treino. Isso deve influenciá-la de alguma forma. Não deve ser por acaso o fato dela gostar e pedir para participar de provinhas infantis. A mesma coisa com o Guilherme, que foi gerado em meio ao bochicho do Ironman Brasil, a minha mais bonita recordação deste "feito heróico", como eu chamei lá atrás no primeiro post. Não posso esquecer dos bons amigos que tenho nesse meio, muitos deles por causa desse blog.

Fico extremamente feliz ao perceber que o que eu escrevi até hoje foi visto por pessoas (aqui e ao redor do mundo) que fazem o nosso esporte acontecer. Ninguém em especial, ou melhor, todos em especial. Quero dizer que não precisa necessariamente ser O ATLETA DE PONTA, mas sim pessoas como eu ou você, que lê agora. Nós fazemos o esporte acontecer.

E por que acabar com o blog?

Porque o objetivo do blog há tempos foi alcançado. Espero que o que eu tenha vivido sirva de alguma forma para todos aqueles que sonham em fazer um ironman. Eu gastava HORAS e HORAS procurando blogs com a experiência alheia. Que a minha seja exemplo para aquilo que se deve e também para o que não se deve repetir. Cometi alguns erros e também muitos acertos. Está tudo aí  no blog. É só garimpar.

Porque não sei se vou poder continuar a me dedicar ao triathlon como venho me dedicando. Consequentemente, não sei se vou conseguir manter meus planos de provas pra 2013 e muito menos o Ironman 2014.

Há algumas semanas, na verdade quando desisti da P5, percebi que minha esposa ficou triste por me ver abrindo mão de alguma coisa que esperei tanto. Ela disse que parecia que isso (o triathlon) não tinha mais a importância que tinha até junho de 2011.

Ela não estava errada. Acho que temos que dar prioridades e graus de importância pra tudo o que fazemos. No período entre 2010 e 2011, o Ironman teve uma importância até exagerada. Era o primeiro. Era um sonho. Depois, passou a ter a importância que deve ter. Se eu perder um, dois, três dias...a semana inteira de treinos porque tenho trabalho a fazer, porque o filho está doente, porque a filha tem apresentação na escola ou simplesmente porque eu quero acordar junto da minha família e tomar café da manhã com eles....não vai fazer a menor diferença. Tem que se dar a importância devida pra cada coisa.

É preciso lembrar que o que é importante pra mim pode não ser pra quem me lê.

2012 foi um ano muito difícil e emocionalmente intenso. Ganhei muitos cabelos brancos pra acompanhar os que já existiam. Minha última semana me faz acreditar que muitas mudanças e (re)adaptações são esperadas pra 2013. Pode ser ruim....pode ser bom. O tempo vai dizer. Também por isso, imagino que vou ter que abrir mão de algumas coisas. Como disse, questão de prioridades. 

Não tenho palavras pra agradecer o apoio e companheirismo da minha mulher e da minha filha (mais recentemente, do meu molequinho também) nesses 3 anos. Nunca vi o triathlon (leia-se Ironman) como esporte individual. Em cada largada que eu dou, carrego eles comigo, assim como em todos os treinos e horas que passo longe deles.

Pra todo o resto que me acompanhou até hoje, nada menos que meu MUITO OBRIGADO.

A gente se vê por aí, nas provas e nos treinos.

Outras linhas de chegada virão, mas esta foto representa o "objetivo cumprido" do blog.
Foi tudo MUITO legal!

domingo, 9 de dezembro de 2012

Nós no Arrastão

Não dar o peixe, mas ensinar a pescar.

Esse é a filosofia do Projeto Arrastão.

No final da década de 60, voluntárias reuniam mulheres de bairros carentes da zona sul para ensinarem atividades artesanais que gerassem renda. O projeto nasceu pela necessidade destas mulheres em deixar seus filhos em algum lugar durante as reuniões. Ao longo dos anos que se passaram, tornou-se em uma rede de cidadania com atividades pedagógicas, sociais e culturais.

Vive da doação de recursos. E como "quem não é visto, não é lembrado", todo ano a MPR ajuda e organizar e divulgar um evento que reverte toda renda arrecadada com as inscrições, para o Projeto. Além de colocar a entidade "na vitrine" para ser vista e lembrada, o valor arrecadado é quase 20% do que ela consegue arrecadar todos os anos.

Já estou na MPR desde maio de 2010. E demorei todo esse tempo pra participar.

Só eu não. A família toda.


Corrida Infantil (de 50 a 300m), Caminhada de 3 Km e Corrida de 6 Km, dentro do estádio do Pacaembú e praça Charles Miller, final de tarde, final de primavera, horário de verão.

Na verdade, a corrida era a desculpa ideal pra fazer a Vi se motivar a continuar correndo.

Ela é a rainha do "fogo de palha". Fica toda empolgada em toda a linha de chegada nas provas que vai me ver. Até chegou a começar a treinar em uma época, mas desistiu antes de cruzar o "point of no return", aquele ponto no qual não importa o que aconteça, a corrida (ou o triathlon no meu caso) faz parte da sua vida.

Desta vez decidi colocar uma meta logo de cara. E acho que deu certo.

Dedicada e empolgada quando percebeu que não precisa ser uma ATLETA pra sentir a evolução.

A Júlia já era experiente. Só estava muito ansiosa pra colocar a camiseta da prova e o "como é que chama aquele negócio que põe no tênis mesmo?" (chip de cronometragem) no pe'. Além disso, a maior preocupação era se ela iria ganhar "fruta" junto com a medalha....hahahahah.

Correu bonitinha. Nessa hora o coração do pai coruja não cabe no peito. Saiu toda orgulhosa com a medalha.....e com a maçã e a banana que pegou na tenda depois da linha de chegada.


A corrida e a caminhada saiam juntas.

A Vi ia correr até onde aguentasse. Talvez uns 5 km.

Minha missão era fazer com que ela não andasse. Segurar no começo (descida de leve) e dar aquele empurrão nas subidinhas.

Perto do 3º km, o Pedro Fernandes passa pela gente, também dando pace pra namorada. Já meio vermelha e checando o coração no relógio a cada minuto, a Vi pergunta: "pra vocês (Pedro e eu) não está nem fazendo cócegas??? "Como não Vi? Estou suando". hahahahha. Sorry Vi, não faz não.

E passou rápido. Foi gostoso. Quando cruzamos o 5º km, que acredito que era o objetivo dela, eu comecei a incentivar, falar que agora ela não iria parar por nada. Acho que minha companhia deu o apoio que ela precisava. Não só no final, mas durante toda a corrida.

Ela entrou no estádio para os último 400m e na reta final deu um tiro me chamando pro pau. Engraçadinha.

Não sei se o "point of no return" dela foi ultrapassado, mas correr com mulher e filha me deu um enorme prazer. Por 4 horas, me fez esquecer de um monte de coisas que estava precisando deixar de lado.

Agora preciso achar um outro objetivo rápido, pra não deixar o fogo de palha se acabar.

A pequena já quer saber quando é a próxima.


Ahhh, e quem estava com a buzina nas mãos dando cada uma das largadas e falando pouco, como de costume, era o MPR em pessoa! Cara gente finíssima!


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Aposentadoria


A Chrissie Wellington se aposentou.

Tá. Só quem vive o dia-a-dia de um atleta de alto nível pode saber o quanto é duro, o quanto se tem que abrir mão das coisas., o quanto o corpo reclama diante de lesões acumuladas.

Mas em tempos de "caça às bruxas", isso me lembra muito o anúncio da aposentadoria do Ian Thorpe.

Tá mal explicado.

A mulher (acho que é isso que ela é...se até o final do post  ninguém provar que ela veio de outra galáxia) apareceu do nada. Ganhou Kona sem ninguém nem saber de onde ela era. Depois ganhou de novo....e de novo. Em outro ano, com a bike alinhada na transição e todos já prontos pra entrar na água, ela solta um comunicado dizendo que não vai aparecer. Mais pra frente ela é atropelada dias antes da prova e numa reação espetacular na maratona, chega em primeiro lugar. Este ano não apareceu de novo.

Ela realmente é de outro planeta. Ou não é?

Apareceu de um dia pro outro. Retirou-se da mesma forma.

Estou com uma coceirinha atrás da orelha esquerda.


sábado, 1 de dezembro de 2012

Ontem, Hoje e Amanhã

Há 10 anos:


Hoje:




E no futuro? Quem sabe?

Um palpite....difícil trocar de marca daqui pra frente.

Engraçado....nas duas fotos está chovendo...hahahahahaha.


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

What's Your Favorite Color?

Algumas dicas (dica da dica...vale a pena ver cada um dos vídeos)


O clássico dos clássicos: Black Dog - Led Zeppelin (Celebration Day)



A "banda do coração": Black Diamond - Kiss (Monsters of Rock - Pacaembu....eu estava aí)



A mais bonita da melhor de todas: Les Paul Black Beauty



Nunca poderia faltar: o herói da infância que dispensa legenda - O Lado Negro



E aí???? Mais?

Então tá! Vamos ser mais diretos

Como diz a música do título:

Is it Black? GET BLACK!!!!!!


Maravilhosa!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

X-Terra Pirassununga




Quem nunca se pegou duvidando de algum feito do passado e até temendo nunca conseguir repeti-lo um dia?

Essa frase acima é inspirada no que escreveu a Ana Mesquita no início do relato da travessia do Canal da Mancha, no seu livro "A Travessura do Canal da Mancha".

E sim....é absolutamente verdade.

Como eu já consegui correr uma maratona? Como eu já consegui ficar 10:30 correndo (na verdade nadando, pedalando e correndo) num Ironman? Hoje parece uma realidade distante.

Claro que estou falando isso no calor (e com as dores) de um pós-prova em Pirassununga.

Pirassununga 2012 foi uma prova diferente.

Divido minha "vida triatlética" em dois: APDQ e DPDQ, respectivamente Antes da Porra da Dor no Quadril e Depois da Porra da Dor no Quadril.

Na época APDQ era bem confiante, treinava bem, sabia o que queria e podia fazer. Planejamento e execução.

Nessa época DPDQ, confiança foi uma palavra erradicada do meu vocabulário. Depois do TriStar, podem me chamar de amarelão, cagão...do que quiserem, mas a real é que tenho treinado bem e na hora do "vamo vê"....afino. Vide TriStar.

Minhas duas semanas pré-Pira foram ruins de treino. Comecei a sentir sinais de vida do meu quadril esquerdo (o dito cujo). Torcia pra chover, qualquer motivo era bom o suficiente pra não treinar. E realmente quase não treinei. Aí é uma bola de neve. Não treinei pra fugir da dor, depois veio o medo de não conseguir fazer uma boa prova por causa da falta de treino, de aumentar a dor, etc....

Além disso, a previsão era de temperatura amena e chuva....praticamente incompatível com a imagem que Pirassununga tem para os triatletas.

Realmente choveu. E choveu forte.

Lamentações à parte, eu gosto dessa prova. O lugar é demais. Adoro aviação militar. O lago usado para a natação fica na cabeceira da pista e de vez em quando passa um avião prestes a pousar. E é bom demais nadar nele. O asfalto no percurso da bike poderia ser melhor, mas pra quem pedala na USP, tá bom até demais. A corrida....bom, a corrida...É FODA!!!!!

Como o novo Daniel DPDQ é inseguro, dormi mal no pré-prova. Estava nervoso, ansioso. Acordei 4 da manhã e não consegui dormir mais. Comecei arrumar tudo. Gu Espresso Love para o novo café addicted...eu. Às 5:45 estávamos de saída de Porto Ferreira em direção à Pira. No caminho, uma chuva que o limpador de parabrisa não vencia. Que ótimo.

Em Pira o céu estava mais "amigo". Não ventava. Os mosquitos reinavam.

Com calma, tudo no lugar. A T1 fica no canteiro central de uma via que dá acesso à base aérea. Com chuva a noite toda, era puro barro.

Já olhava pra magrela pedindo desculpas por enfiar ela naquele terreno hostil!

Aos poucos o lugar foi enchendo e já estava perto da largada.

Fui na tenda da MPR falar com o Emerson. Engraçado ter um cara que já foi atleta top como treinador. A cabeça dele pensa competitivamente o tempo inteiro. Já aprendi com ele como "tomar seu espaço" na natação em águas abertas (leia-se técnica para se livrar dos caras que insistem em subir em cima de você), em como "ganhar espaço numa chegada disputada" (com o cotovelo......kkkkkkk) e como "dançar conforme a música" se você quiser ganhar.

Ganhar? Hahahahahahahaah. Não. Realmente essas coisas não servem muito pra mim. Mas gostava de vê-lo competindo nos anos 90.

Ele me deu um toque sobre o controle de vácuo. Existem marcações no asfalto a cada 7 m em determinados pontos. Quem passasse dentro dos intervalos das linhas, estava punido. Achei legal. Deixou de ser algo subjetivo e passou a ser uma coisa que se possa controlar melhor.

Achei um lugar pra largar. Escolha não muito boa. Diferente de 2010, demorei muito pra conseguir nadar. Muita pancadaria. Muita gente mais lenta na frente formando paredão. 

Cheguei na primeira bóia com 7 minutos. Esperava uma natação em 30 minutos. Já não ia dar mais.

O resto da primeira volta foi mais tranquilo. Achei que estava fazendo boa navegação. O Garmin desmentiu.....hahahahaha. Foi um zig-zag maluco! Mas marcou 1950m. Até que não nadei muito mais.

Saí com 33'30". 

O Daniel DPDQ não faz mais planos A, B ou C....o que der, deu e tá bom.

T1 tranquila. Tinha um monte de Bike nos cavaletes. Essa sensação é boa.

Saí pra pedalar e chovia. Pé cheio de barro antes de por a sapatilha. Além da estréia da bike, era dia de estréia do capacete aero com pintura personalizada, com as mãos da Vi e da molecada. Que dó de enfiar tudo isso na chuva...

A primeira coisa que a gente faz quando acorda para um treino e vê que está chovendo é voltar pra cama. Como eu queria estar na minha cama.

O vento entrava pelo capacete e fazia um barulho que eu não estava acostumado. Nunca tinha usado capacete aero. Além disso, os pingos da chuva faziam um barulho alto. Ainda bem que não estava de óculos.

Muito barro. Muita água cruzando a pista. Muito buraco escondido. Mas nem tudo é desgraça, Acho que descobri a solução pro fim do vácuo em provas longas: CHUVA!

A galera estava comportadíssima. Não sei se pelo medo de cair ou pra não tomar o jato de água e sujeira que saía da roda de cada um. O fato é que literalmente não vi, não passei e não fui passado por nenhum pelotão.

Esperava média de 33km/h. No final da primeira volta estava com 35. Depois foi caindo. Na terceira estava com 34 e talvez conseguisse manter. Mas aí veio uma vontade enorme fazer o nº1. Tentei a todo custo fazer em movimento. Não conseguia. Até que aproveitei um trecho em descida, reduzi.......e finalmente perdi a virgindade!!!!!!!!!! Onde já se viu comemorar uma mijada em si próprio? Pior....tudo escorria pela perna pra dentro da sapatilha. Mais nojento impossível. Bom...pelo menos não parei, mas o Garmin mostrou que nesses 10 km (boto pra dar lap a cada 10 km), aumentei meu tempo em mais de um minuto em comparação com as demais passagens. Será que não valia a pena parar e fazer numa árvore?????

Eu olhava pros outros atletas e via as roupas parecendo de guerreiros bárbaros em batalha sangrenta...ou melhor...barrenta. Só pensava na bronca que ia tomar da mulher ou a empregada pedindo as contas. Depois olhava pra mim mesmo....e estava sujo. Dor deu mesmo quando resolvi olhar a bike. Desespero! Não me lembrava de ter me inscrito num X-Terra.

Ainda fiz o nº1 mais uma vez, com um pouco mais de "desenvoltura", mas não menos nojento.

A última volta foi um pouco sofrida. Dores nas costas, muita força pra não cair a média que já estava em 33,9 km/h. Quando de repente, estava tentando abrir uma bananinha e atropelei uma lombada. Perdi tudo o que tinha no bento box. A garrafa no torpedo caiu e depois as duas do suporte atrás do selim...em uma delas estavam meus CO2, espátulas, câmaras reserervas. Ia ter que parar para o resgate.

Média despencou pra 33,3 km/h. E a motivação foi junto.

Aproveitei que estava numa parte favorável e iria tentar recuperar. O trecho final era em subida e com vento contra. Consegui chegar em 33,8, mas fechei com média 33,4 km/h, Pouco acima de 2:41'.

Não estava bom, mas não estava ruim, se pensar que esperava 33 km/h.

A T2 estava encharcada. Com mais lama que no início da manhã.

Sentei, botei meia, tênis, engoli o preparado numa caramanhola e saí pra correr, assustado com o fantasma da corrida no TriStar.

Quando comecei a subir, vi que corria sem muito esforço. Frequencia boa. Pace de 4'40". Beleza. Fantasma extinto. Como queria correr entre 5'00"e 5'10"/km, fui controlando. Entrei no ritmo e fiquei nele. O trecho em estrada de terra que tinha lama em 2010 (com sol), só era atravessado com tênis com tração nas 4 rodas.....caraca....era mesmo um X-Terra!

Cruzei o Emerson na tenda da MPR e ouvi que "se tivesse algo guardado", que usasse agora e sofresse um pouco. Sofrer????? De jeito nenhum. A ideia era NÃO sofrer! Estava tudo sob controle.

A segunda volta também foi bem controlada e dentro do ritmo estabelecido. Depois da lama, quando o asfalto volta, a chuva deu uma trégua. Estava até seco e quente. Os últimos 3 Km foram muito difíceis, mas mantive 5'05"/km. Fechei os 21 km (o garmin deu 21Km e 200m) em 1:46'49".

Fechei em 2:06'34". Fiquei feliz. Muito feliz.  Estava exausto, mesmo tendo como principal meta não sofrer. Daí vem o pensamento do início do post: como já fui capaz de fazer um Ironman? Será que vou conseguir de novo?

Fiz um tempo 12 minutos pior que Pirassununga 2010, mas foi 2 minutos melhor que meu primeiro 1/2 Ironman em Penha 2010, o que me abre perspectiva pra seguir o caminho que já percorri uma vez.

Mas pra isso acontecer, preciso mudar minha nova maneira de pensar. Tenho que buscar uma melhora gradual, mas não posso me contentar com menos do que eu sou capaz de fazer. Não posso me subestimar e colocar metas mais fáceis do que eu posso dar. Mais do que isso, o corpo precisa ajudar e sem mentiras pra mim mesmo....não é o está acontecendo.

Fui embora pra SP sem almoçar. Tinha uma festa da turminha da escola da Júlia. Muitos estão de mudança e os pais organizaram uma "despedida", pois muitos deles estão juntos desde o berçário, antes de 1 ano de idade.

Depois, em casa, ainda tive que desfazer a mala, lavar tênis, sapatilha, capacete e tentar salvar o top (ex) branco, antes que a empregada visse toda aquela bagunça. Fui pra cama depois das 23hs. O mais hilário foi perceber que estava todo marcado do sol (que não apareceu)! Sério! Estou TODO marcado, inclusive uma marca ridícula no meio do peito, onde o top estava aberto. Como? Não faço a menor ideia. Corri sem chuva apenas nos últimos 3km.

A bike? Foi pra UTI do Elpídio hoje à tarde. Acho que vai se salvar.

Antes de terminar esse post longo, meus parabéns ao Rodrigo, grande parceiro, pela evolução constante e sólida! Fez uma prova excelente! Nosso primeiro X-Terra!!!!! Hahahahaha. E um MUITO obrigado à sua família: pais, esposa e filhota linda, que foram minha torcida quando eu precisei muito enxergar alguém conhecido no início da segunda volta da corrida!

A próxima? Caiobá.


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

"Pira"ção

Toda semana de prova viramos "meteorologistas".

Desta vez não é diferente. Mas alguma coisa estranha está acontecendo!

Previsão de máxima de 24ºC, parcialmente nublado e com possibilidade de chuva?!?!?!

Isso não é Pirassunuga!

Célio, quero meu dinheiro de volta!!!!!!! Fiz a inscrição pra correr no "canavial do Jason" com uns 35º na moleira!!!!!!



Com sol, com chuva, calor, Jason ou Chapeuzinho Vermelho....QUE VENHA PIRA!!!!!!!!!

sábado, 10 de novembro de 2012

Quarenta



No dia 07/06/1985, aos 13 anos de idade, fui com meus irmãos, então com 12 e 6 anos, até a cama onde meu pai fingia dormir, para dar os parabéns. Não qualquer parabéns....mas parabéns pelos quarenta anos que ele completava naquela sexta feira.

Isso me marcou. As memórias não são muitas, mas lembro de achar que quarenta anos era realmente muito, do alto dos meus 13 anos.

É uma pena que a gente não consiga acessar todas as informações que nosso cérebro pode guardar, mas por um capricho, ficam lá...guardadinhas.

Outro momento que me vem à mente nesse dia de hoje, é minha passagem da terceira para a quarta década de vida (dos vinte aos trinta).

Esse foi um momento de virada na minha vida. Não foi uma virada pequena. Foi um 360º....e depois mais um 180º. Sem entrar em detalhes, mesmo porque nem vem ao caso, foi um daqueles momentos que definem e redefinem uma vida inteira. De qualquer forma, hoje sinto que estou muito melhor que há 10 anos.

Não me arrependo de nada que fiz. Todas as minhas escolhas me trouxeram ao que hoje eu sou, mesmo que por estradas mais sinuosas que a estrada dos Romeiros. E estou beeem feliz assim.

Com os amigos de hoje


Os amigos de sempre


Os amigos da vida toda



Fazer 40 anos não dói. Na verdade, da forma como foi o dia de hoje, é bom demais.



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Esqueeeeerda!!!!!!!!!!!


Já que vestir uma melancia na cabeça, mesmo que seja um capacete de melancia, está fora de cogitação, como você faz para "aparecer" no meio do caos que é pedalar na USP?

Aparecer não necessariamente é ter a bike combinando com a sapatilha, o capacete, os óculos ou qualquer outro adereço que se queira usar (existe gente assim....é verdade.....). Aparecer é simplesmente se fazer perceber. Evitar acidentes.

O mais usado e o : "ESQUEEEEERDA" (tem gente que assim como no transito, insiste em passar pela direita....aí vira DIREEEEEEITA.

Qual o seu estilo?

a) um grito gutural viking, intimidador, evidenciando sua superioridade?
b) você não avisa nada porque está muito acima destas convenções. Quem quiser que saia do seu caminho ou desvie se puder
c) não avisa porque nunca passa ninguém. ...só é ultrapassado
d) "por favor, estou passando à sua esquerda. Será que você poderia me dar licença para que eu possa te ultrapassar. Obrigado e desculpe incomodar"
e) reune todas as suas forças e solta um grito desafinado que para quem ouve pode parecer arrogância da sua parte, mas na verdade é um mix de desespero e completo estado de esgotamento físico.

E quem ouve seu pedido (ou aviso) de passagem? Como interpreta?

a) "não ouvi. Você gritou?"
b) finge que não ouve e ainda resolve sair de trás da roda que  estava só pra atrapalhar os caras que ousam estar mais rápidos. Se caírem, faz parte.
c) ouve, dá passagem e ainda faz ironia: "nossa, lá vai o pelotão fazendo tiro a 33 km/h"(tem um cara que dá uma buzinada no estilo Chacrinha - sim...o cara pedala com uma corneta no bolso da camisa) ou então "seu lugar é no velódromo....vai lá ciclista".
d) ouve, dá passagem e xinga
e) simplesmente dá passagem e continua o treino

Sabe, de verdade não entendo o comportamento do bicho homem. Vestidos das armaduras automobilísticas ou das ciclisticas...o comportamento é muito semelhante...todos se transformam.

Uma simples indicação de passagem é interpretada como um desafio, uma provocação arrogante.

Existem sim os que são realmente arrogantes, mas não acredito que todos sejam.

O que acontece com esse povo????

Tá difícil treinar na USP.

Aliás...tá difícil conviver.


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ciência do Mal





Irritante na maioria das vezes, esse nosso comportamento bipolar em querer dividir tudo em bom e mau.

Céu e Inferno.

Mocinho e Bandido.

A "Força" e o "Lado Negro".

Ninguém é tão linear assim. Todos temos comportamentos que nos afastam tanto do "bem" como do "mal". Até (e principalmente) os que usam a religião para se autoproclamarem "do bem" (obrigado aos meus revisores...protetores do português).

O assunto é o que está na moda nos últimos dias, mas vista sob uma ótica diferente: o Doping.

Eu não concordo com o doping e já fiz um post sobre isso. É uma mentira.

Porém, existe uma faceta do doping que é inegavelmente bela! O mecanismo. A fisiologia.

O doping não nasceu doping e isso precisa ficar claro.

As substâncias usadas foram descobertas, criadas ou mimetizadas visando tratamento de pessoas com deficiência destas substâncias. Isso é resultado de muita pesquisa, muita dedicação por parte de pessoas que usam o conhecimento buscando o bem estar.

Existe uma máxima em medicina que diz que "a diferença entre o remédio e o veneno é a dose".

Pois é. Cientistas, médicos ou afins também têm o lado Dick Vigarista.

O Dick Vigarista era um personagem estranho. Ele estava sempre na frente e em todas as corridas, mas  queria consolidar a posição através de golpes nos demais corredores. E sempre acabava se dando mal.

Tem gente que estuda, pesquisa e desenvolve novas formas de se aumentar o rendimento físico, burlando leis, passando por cima da integridade física de pessoas (atletas também são pessoas, na maioria das vezes), ao invés de usar essa capacidade para um bom propósito.

É um lado nefasto, mas não deixa de ser belo também! O que é bom ou mau depende de julgamentos morais. O que é belo não depende disso!

Muito se fala, mas quem sabe o que se usa para aumentar o rendimento esportivo?

Vamos lá, um resumão:

- Estimulantes: anfetaminas, efedrina, cocaína e cafeína. Usado por ciclistas e atletas de volei, basquete e futebol. Promovem efeitos semelhantes aos da adrenalina, aumentando a tolerância ao esforço e diminuindo o limiar da dor. Como efeitos adversos, podem causar arritmias, hipertensão arterial (HAS) e até morte por hipertermia pois interferem no mecanismo de regulação da temperatura corporal.

- Analgésicos: derivados do ópio, como morfina. Usado por triatletas e maratonistas. Diminuem a sensação da dor. Podem aumentar o risco de lesões graves pois mascaram o principal aviso do corpo quando as coisas não vão bem: a dor. Além disso levam a desequilíbrio (imagina um ciclista desequilibrado?), bradiarritmias, dificuldade de concentração.

- Anabolizantes: nandrolona, testosterona. Levam à hipertrofia muscular, com aumento da potencia e força das contrações, além de aumento da tolerância ao esforço físico. Determina também, aumento do metabolismo basal, levando a lipólise (adeus gordurinhas localizadas). Em medicina o uso é restrito para tratamento de alguns tipos de anemias, hipogonadismo (baixa produção de testosterona) ou ganho de massa muscular e doentes terminais com CA. Como efeitos adversos observam-se: aumento da agressividade, comportamento anti-social, hipertrofia do miocárdio, esterilidade e hipercolesterolemia.

- Diuréticos: furosemida. Determinam aumento do volume urinário.Usados por atletas que querem reduzir o peso rapidamente ou por aqueles que querem mascarar traços de outros agentes dopantes pelo aumento da diurese. Podem causar desidratação e arritmias cardíacas.

Agora, a cereja do bolo. 

- Hormônios Peptídeos ou Análogos

Gonadotrofina Coriônica (HCG) - produzido pelos vilos coriônicos das placentas. São extraídos da urina de mulheres grávidas. É usado em medicina para estimulação ovariana em casos de infertilidade.
Olha a beleza do "lado negro". Alguém fez essa pesquisa. Alguém coletou a urina da gravidinha. Alguém extraiu o hormônio. Alguém pesquisou sua ação fora do seu uso habitual, ou seja, famílias desesperadas para terem sua prole. Alguém se sujeitou ao seu uso!!!!! Tem sua beleza. Ou alguém discorda disso?
O HCG aumenta a produção de esteróides endógenos, determinando aumento do volume e potência muscular.
O efeito adverso é ginecomastia em homens e alteração do ciclo menstrual nas mulheres.Até que sai barato.

Hormônio de Crescimento (GH) - produzido pela hipófise em grandes quantidades até a puberdade. Usado em casos de baixo crescimento, igualmente no período da puberdade. Produz aumento significativo da massa muscular, com consequente aumento da potencia e velocidade das contrações. Difícil imaginar o motivo do uso após o ingrato período puberal, não é mesmo? Os efeitos adversos são acromegalia (imagina o Arnold Schwaznegger), Diabetes tipo II (essa complicação também acomete as crianças em tratamento com GH), hipogonadismo, hipertrofia do miocárdio.

Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH) - produzido pela adenohipófise e age na adrenal, estimulando a  produção de corticóides endógenos. É usado por atletas com atividade intensa e prolongada, que precisam rápida recuperação. Algum esporte conhecido????? Seu uso prolongado leva a enfraquecimento muscular, HAS, úlceras gástricas e dificuldade na cicatrização de feridas.

Eritropoetina (EPO) - o mais famoso entre ciclistas e triatletas. Usado convencionalmente para o tratamento de alguns tipos de anemia por estimular a produção de hemácias. Com um maior números de células vermelhas circulantes, haverá maior aporte de oxigênio para a musculatura, promovendo atividades físicas mais intensas e por períodos prolongados. É o mesmo princípio do autotransplante sanguíneo: aumentar o número de hemácias circulantes.


Existe também o doping genético. É inserido no organismo do atleta/cobaia, um vírus com proteínas modificadas que vão estimular a produção das substâncias listadas acima. E ninguém vai poder dizer que isso não é absolutamente e espetacularmente lindo! Esse é o futuro da medicina: o princípio de terapias gênicas contra o câncer ou doenças degenerativas, usados para se criarem super-humanos, super-atletas....do mal....mas super, sem sombra de dúvida.

Uma resposta à um comentário no meu post anterior é minha conclusão sobre o assunto:

Como já disse, não concordo com o doping. É uma forma de se enganar à quem faz, acompanha e para quem torce pelo esporte.

O que me causou decepção com o caso do Lance (e escrever sobre isso foi aceitar que eu perdi um ídolo no esporte) foi o fato do cara ser sobrevivente de uma doença devastadora, o que já o torna um campeão, um super-herói, exemplo e esperança pra quem sofre com ela e isso não ser o suficiente. Ele tinha que estacionar o seu "Máquina do Mal" no acostamento e acabar com os demais adversários dessa corrida maluca. Simplesmente ser o campeão não bastava. O bem e o mal juntos!!!!



Se tudo acontecia com o conhecimento (e acobertamento) das entidades responsáveis, por que não liberar o uso? Duvido que qualquer um dos envolvidos no caso tenha sido acorrentado e obrigado a fazer o que não queria.

Libera o uso. 

O povo quer show, como disse o ex-presidente da UCI? Que deem show. Na verdade um show digno de circo dos horrores. Até essas pessoas começarem a morrer. Simplesmente morrer.

Mas qual o problema, não é? Sempre vão existir palhaços pra ocupar os postos vazios.

O show não pode parar!


terça-feira, 23 de outubro de 2012

E se...Parte 2

E se todos os nossos heróis fossem crápulas com fantasias de mocinhos?

E se o Superman jantasse todas as noites com Lex Luthor debochando de todos, combinando novas ações para enganar os incautos.

E se o Batman ajudasse o Coringa a se pintar como o Heath Ledger todas as noites? (ou alguém duvida que o Coringa original foi inspirado pela atuação desse cara...mesmo que com um pequeno probleminha de "tempo" que envolve essa situação?).

E se Emil Zatopek, Pelé, Ayrton Senna, entre tantos outros, fossem simplesmente varridos da história, associados a histórias de arrepiar os pelos do corpo sobre corrupção de entidades esportivas, intimidação,  poder.

São tristes os dias que vivemos.

O cara é super herói! Isso é minha opinião.

Ele teve um câncer de testículo com metástases para pulmão e cérebro. Um ser humano normal teria uma mínima chance de sobreviver a isso.

Ele sobreviveu. 

Depois disso, criou uma fundação que ajuda e dá esperanças para muitos que convivem com essa doença FILHADAPUTA!!!!!!

Dói no fundo da minha alma a ideia dessa fundação cair em desgraça ao se associar a imagem do campeão "Dick Vigarista˜.

Dói toda vez que pego outra camisa de ciclismo, que não a preta e amarela da Livestrong...toda vez que pego meus óculos preto e amarelo que carregam na lente em letras bem discretas o mesmo nome.

Parte do meu cérebro teima em não aceitar as evidências e ainda considerá-lo como o super-herói que ele é!

Todos os seus patrocinadores estão abandonando o barco. Quantos desses participaram do esquema e hoje o abandonam desta forma?

E como bem lembrou meu amigo Favieri, quem seria Lance Armstrong sem o esquema que ele comandou?




Porra Lance, que merda!

Tô me sentindo meio órfão!


PS: O "E Se?" original foi postado no mesmo dia do 70.3 do Panamá...o retorno ao triathlon.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

FRUSTRAÇÃO



Todo mundo conhece essa musiquinha. Pode cantar baixinho. Ninguém vai perceber.

"Era uma bike muito engraçada
Não tinha quadro, não tinha nada
Ninguém podia andar nela não
Porque na bike não tinha guidão
Ninguém podia dar uma volta, porque na bike não tinha roda.
Ninguém podia fazer um tri (athlon..mas esse parenteses não é cantado), porque a bike não estava alí
Tudo era feito de forma lenta, num país bobo
Pela Cervélo!"

Cansei de esperar.

A superbike foi lançada em janeiro (18/01/2012) se não me engano.

Estava decidido comprar uma SHIV. Era apaixonado pela bike com a qual o Macca ganhou Kona em 2010 (o modelo 2011 achei horroroso). O enfeite da porta da maternidade do Guilherme foi um recém nascido montado em uma.

Estava pesquisando preços (importação oficial e não oficial), mesmo sabendo que é uma bike com ajustes difíceis e não foi feita para "mortais"

Até que "do nada"  surge uma SUPERbike, prometendo dar o melhor dos mundos aos amadores: aproveitamento integral de melhorias aerodinâmcas e ajustes praticamente ilimitados, tornando esse tipo de bike acessível à todos (que se dispusessem a pagar por isso).

Aí descobri que as coisas não eram assim tão fáceis, do tipo - quero, pago, consigo. Tinha que esperar.

Mas não era esperar porque a demanda estava grande. Até devia estar, mas teria que esperar porque, apesar de toda pompa e site caprichado no lançamento, não existia nenhuma bike fabricada.

Esperei.

Janeiro, fevereiro, março.

Abril: alarme falso.

Maio: vendi minha bike. Surgiu uma oportunidade e não estava treinando.

Junho - voltei a treinar e para isso comprei uma bike road simples pensando em mantê-la após a chegada da superbike. Fim do primeiro prazo. A Cervélo adiou as entregas indefinidamente.

Julho. Descobri um tópico só sobre a P5 no Slowtwitch. Nele o pessoal da Cervélo se esmerava em desviar dos ataques. O problema nas entregas era mundial. Descubro que a produção obedece a uma escala. As que tinham mais saídas (tamanhos grandes), estavam sendo feitas e entregues primeiro. Nenhuma 51 (a minha) ou 48. Acho que nessa época começaram a entregar as primeiras aqui no Brasil. Teve até outro alarme falso, com uma tamanho 54 disponível, mas chegou-se à conclusão que a melhor mesmo era a 51. Já deu pra ver uma luz no fim do túnel.

Agosto e Setembro: até o fim de setembro e efetivamente em outubro, segundo a Cervélo, as entregas estariam normalizadas. O gargalo na produção era a pintura e com uma solução "manca", transformaram o acabamento brilhante em fosco, diminuindo o tempo de produção e os problemas com controle de qualidade. Achei que ficou mais bonita, apesar de ser claramente, um improviso.

Outubro: nada da minha. Mudei meu pedido. Inicialmente era uma P5-three Dura Ace, a única opção até então, para bike completaque não fosse com Di2. Isso me induziu a um erro. No lançamento, as fotos davam a entender que também para a bike UCI legal (a que tinha encomendado), o guidão Aduro (uma das grandes novidades) integrado estaria disponível. Após as primeiras entregas e fotos pela internet, percebi que não. Estas viriam com avanço normal e guidão convencional. Primeira decepção. Tive a chance de mudar para a P5-six, específica para triathlon, com o guidão integrado e garfo proíbido pela UCI. Agora tinha uma configuração amigável ao bolso, com SRAM red. Até esperava que com isso, minha entrega seria ainda mais atrasada. Já tinha esperado 9 meses mesmo. Não iria fazer diferença. Bicicleta eu tinha. Não a adequada, mas eu tinha.

14/out - TriStar Rio - Ponto final. Não dá mais pra esperar a superbike. Preciso de especificidade. Ou simplesmente quero isso, mesmo sabendo que a bike não é o unico fator do meu sofrimento. Falta ritmo, falta treino, falta condição física. So what...?

A informação é que em novembro vão chegar algumas poucas 51, mas não é possível saber quais as configurações, portanto, não dá pra saber (?) se a minha está incluída.

Durante todo esse tempo ouvi piadinha dos amigos. No começo tentava explicar o tal cronograma por demanda. Ninguém entendia. Ninguém entende. Nem eu.

Até que passei a responder: "um dia chega".

Cansei do "um dia chega" e passei a responder só "não existe".

Mas como não existe? Só na minha assessoria tem duas.

Na USP, rodando aos sábados, (de roda fechada, acreditem), umas 4 ou 5.

Cansei. Sei que essa ansiedade e expectativa tem apenas um culpado: eu mesmo. Vendi minha bike de triathlon em maio, achando que até junho teria a nova nas mãos. Acreditei na informação passada pelo fabricante! Comprei uma bike simples, contrariando o meu mantra que diz "coisa boa - quase sempre - custa caro " (infelizmente). Comprei uma bike barata e consequentemente ruim, por mais que quisesse tapar o sol com a peneira, tentando acreditar que isso não faria a menor diferença.

A Cervélo, apesar de ter a melhores bikes do mundo, perdeu um cliente. Não pretendo mais ter bikes da Cervélo porque me senti lesado. É uma pena que eu realmente não seja nada pra eles e nem nunca vão ficar sabendo da minha indignação e principalmente frustração.

Peço muitas desculpas públicas ao Max da Kona Bikes, com a certeza que ele fez tudo o que podia para facilitar, agilizar e viabilizar o que eu queria. Desde o início deu total apoio, repassando todas as informações que tinha, cobrando quem tinha que ser cobrado e buscando sempre as melhores soluções. Estou me sentindo mal por ter quebrado a "promessa de compra", mas isso não pode mais tomar o tempo que estava tomando na minha vida.

É só uma bicicleta. E a empresa que a fabrica não me respeitou.
Lançam a "bike" dos sonhos, objeto do desejo....e não são capazes de suprir as enormes expectativas geradas. Não são capazes de AO MENOS dar informações concretas.

Nem no Brasil esse desrespeito é tão grande.

Do Canadá à partir de agora, só consumo o que vem do Geddy Lee, Neil Peart e Alex Lifeson!



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

"Engole o Choro"

Ouvi essa ordem mais ou menos no 6º km da corrida da prova neste domingo.

A minha primeira prova de triathlon desde o Ironman 2011. Mas não vou começar o relato assim. Nem fazendo nenhum tipo de drama.

Também não vou ficar reclamando sobre gente que não respeita regras. Em toda prova tem. Vai da consciência de cada um. 

O TriStar teve coisas boas e coisas ruins.

Sem sombra de dúvida, a boa foi a surpresa em conhecer o Rio como uma cidade segura. Pelo menos com sensação de segurança. Meu carro dormiu na rua todos os dias. Andamos na orla com máquina fotográfica (das grandes, tipo reflex) e também à noite por Ipanema, sem achar que corríamos perigo.

Pena que choveu tanto. Não deu pra ser turista tanto quanto queria, mas deu pra conhecer o "básico".

O Rio é realmente lindo. A Lagoa é um lugar muito gostoso. As orlas de Copacabana, Ipanema e Flamengo ficam fechadas aos domingos e feriados, pro prazer de quem quer passear e até treinar (no caso do aterro). Precisaria que a população e turistas colaborassem um pouco mais com a limpeza, com a conservação. 

O trânsito é difícil. Os semáforos têm disposição diferente quando comparados aos de SP. Sem contar que não existem vagas pra carros nem nos prédio e nem nas ruas. 

As obras de infraestrutura estão atrasadas pra quem quer sediar os Jogos Olímpicos. Quando fui a Atenas em 1997, a cidade era um canteiro, com o agravante que a cada meio metro escavado, um sítio arqueológico era encontrado. Muito diferente do que vi e não quer dizer que o Rio tem muito mais que Atenas tinha naquela época. Tudo bem que a Grécia se endividou até as tampas para adequar a cidade aos Jogos de 2004 e até hoje paga a conta...ou melhor...dá o calote nela.

Será que vamos pro mesmo caminho?

Vi obras de um túnel na região portuária. A própria Perimetral vai abaixo pra revitalizar essa região. O trabalho vai ser árduo. Vamos ver no que vai dar. Mas não sei se há transporte e serviços adequados. 

Vou torcer pra que dê tudo certo. Gostei do Rio. Muito diferente do que achei que seria. A Júlia adorou o Rio. Ela quer voltar. Foi muito legal.

A Prova. Chega de rodeios e introduções.

Não costumo e não vou falar mal da organização. Se dar um jantar em casa para amigos dá trabalho, imagina uma "festa". Erros acontecem, ainda mais quando não se tem experiência de eventos anteriores.

Mas vai ter que melhorar muito.

Feira, pretensiosamente chamada Expo, precária. Confusão nas informações de onde seria a largada, onde se estacionariam os carros.

A prova também não escapou dessas "cabeçadas".

Como se não tivesse existido planejamento ou um simpósio no dia anterior, a organização da prova corrigiu umas duas vezes como seria o contornar das bóias.

A água estava fria e, apesar de ser a baía da Guanabara, o mar estava muito agitado.

Pancadaria. Socos, puxões, chute "nas partes". Impossível contornar nadando a primeira bóia. Fui no movimento natural da esteira. Bom...aqui o vácuo é permitido.

Nadei na média. Nem bem nem mal, para os meus padrões.

Saí completamente tonto. Parecia que o Aterro tinha voltado a ser mar e estava balançando!

Sacola. Respira. Pensa. Não vomita.

Fui pegar a magrela "verde feio". Estava com medo.

Tudo bem. Uma semana atrás fiz um cruzado bike/corrida de 50/3/25/3/25/3 km pedalando pra 34/35 km/h de média e correndo consistente pra uns 4'30"/km. Achei que não teria problemas.

A prova deu o seu tom muito cedo. Antes do 10° Km minhas costas doíam muito. A favor do vento eu não passava de 35 km/h. Meu capacete apertava minha testa. Eu não tinha mudado nenhum ajuste. A cabeça de médico pensava: "deve ser Paget"....mas esquece. Isso é outra história. Claro que não é Paget. Daqui uns 30 anos eu me preocupo com essa possibilidade.

Quando cruzei a placa de 10 km, pensei: putz, faltam 90.

Isso não é um bom pensamento. Nem em treino, nem em prova.

A bike tinha dois trechos bem distintos: um no Aterro - bonito, arborizado, Pão de Açúcar, bondinho, Corcovado e o Cristo Redentor (inevitável cantar nas cinco passagens que fiz por ele a música do Tom Jobim: "Cristo Redentor/ Braços abertos sobre a Guanabara...). O outro sobre a Perimetral, uma via elevada sobre a região portuária. Prédios antigos, tudo muito cinza e por enquanto bem feio. Na última volta vi que o retorno era perto da Cidade do Samba, lugar onde as Escolas de Samba do Rio fazem as suas mágicas. Em comum, os dois trechos tinham um vento contra FELODAPUTA no sentido de quem ia pra Botafogo.

Tentei não pensar muito em quanto faltava e passei a procurar minha torcida fiel a cada passagem pela área de transição. Pedi à Vi que não chegasse cedo e que nem fossem se estivesse chovendo. Na penúltima volta, eu achei. Foi uma dose extra de ânimo, mas ainda faltavam 30 km e, no ritmo que eu estava, era mais um hora.

Na real, vi minha média cair de 34 km/h na primeira volta (o original era 35,5 km/h, mas essa deve ter sido a velocidade MÁXIMA que alcancei. Editado ao ver o arquivo do Garmin) pra 32,3 km/h no final, o que quer dizer que na última volta, mal cheguei aos 30/h. Sofrido.

Pensando no último treino, queria começar a correr logo. Pelo menos iria sentir que estava sendo mais eficiente.

Aí relembrei que treino é treino e jogo é jogo.

Deixei a T2 meio "de mal" com a "verde feio". Saí correndo e percebi que fiz lambança com o modo multisports do Garmin. Só tinha o modo natação.

Passei pela Júlia e ela fez muita festa. Quase parei pra dar beijo em todos. Mas não. Pelo menos uma das três etapas eu queria fazer direito.

Quando passou a adrenalina da área de transição, tudo doía. O peito doía pra respirar. As costas doíam.

A placa de 1 km demorou. Não tinha ideia do meu ritmo, mas sabia que mesmo me arrastando, não conseguiria ir assim até o fim.

Precisava tomar uma decisão. Queria desistir. Tinha que ter feito o 55,5 (0,5/50/5km), ou seja, a metade das distâncias que estava tentando completar.

Pensei no ano que passei querendo voltar a competir. Pensei na Vi cuidando das duas crianças pra que eu pudesse voltar a treinar e competir. Não podia desistir.

No 6º Km, ou melhor, no começo da segunda volta, cruzei com a Bel, amiga da antiga assessoria, a torcedora mais animada de todas as provas. Disse que estava morrendo. Ela mandou de volta a frase do título do post.

Pensei: Pô, tô aqui porque quero. Vou reclamar do que? Continuei no ritmo de cruzeiro, só pra terminar.

Se tivesse desistido, não teria tido esse momento.



Assim que vi a galerinha, a Júlia veio correndo em minha direção. Parei. Ganhei um abraço e um beijo. Perguntei se ela queria correr comigo. Ela nem respondeu. Me deu a mão e saiu correndo me puxando. O Guilherme dormia.

Entramos no funil. Ela estava toda orgulhosa. Eu estava muito mais.

Subimos a rampa da chegada e pedi pra ela levantar os braços. Comemoramos juntos.

Dei a medalha pra ela.

Foram dela as melhores frases do dia. Pra quem me tem como contato no facebook não é novidade, mas aí vão alguns petardos dessa língua solta de 4 anos:

"Mamãe, tem uma 'pancada' de bicicleta junta né?
"Eu vou ficar esperando aqui pra sempre? O papai não chega nunca?"
"Mamãe, eu quero a pulserinha do papai pra levar pra escola e mostrar pra todo mundo que ele é atleta".

Tempo de prova? Depois dessa chegada, isso quase não importava e isso nem é desculpa esfarrapada de quem foi mal.

Fiz 4:28'. Tempo suficiente pra um meio Ironman.

Algo em torno de 17'50"de água, 3:06'de pedal e quase 56' de corrida. Somados, uns 6' de transição.

Claro que desanimei um pouco.

Por mais que não pudesse ter a expectativa de repetir o desempenho de maio/2011, tinha a esperança de chegar perto. Estava treinando bem.

O quanto a bike teve influência? Não sei, mas decidi que se não arrumar uma bike melhor, não vou fazer Pirassununga. Se sofri pra correr 10 km, imagina correr 21 km.

Isso aqui é diversão. Não vou ficar sofrendo sem precisar. Lá pelo 9º km, eu repetia sem parar: "eu não sei mais se gosto dessa porra....eu não sei mais..."

A Vi perguntava o que eu estava sentindo. Nem sei o que eu sentia. Tentava falar e a garganta amarrava. Quase chorei de raiva, de dor, de felicidade. Estava puto por ter ido mal, por não ter conseguido correr. Estava aliviado por ter terminado. Por ter voltado a fazer provas.

O bom é que quando passa, a gente esquece.

Já passou. Mas a decisão sobre Pira já está tomada.

Uma coisa é certa: eu tenho a melhor torcida do mundo. Muito obrigado Vi, pela força, pelo carinho, pelo suporte e por levar nossos pequenos, fazendo com que eles cresçam dentro desse ambiente, o esporte.


Sem saber se ainda gosto ou não, sou triatleta de novo!

Isso é bom né?

Acho que é!


sábado, 13 de outubro de 2012

A Feia Arrumadinha

Bonitinho (a) é aquilo que é feio(a), mas está "arrumadinho (a)".


Espero que não entendam errado. Não tem como esse lugar ser, sob nenhum aspecto, "bonitinho". Deve ser lindo.

Mas assim, arrumada pra festa, fica beeeeeeem melhor.


Tomara que essa cena se repita pela terceira vez.

É hoje!

Vai Macca!!!





quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Pau pra Toda Obra

Mais um post em homenagem à magrela.

Quando voltei aos treinos, percebi uma tendência no pelotão: triatletas com bikes de ciclismo (road) e até algumas ciclocross.

Não tinha muita intenção de ter uma, mas tudo conspirou pra isso: a bike de tri que não chega nunca; a falta de uma bike pra treinar; e o conselho do Max (Kona Bikes) pra que se tivesse uma oportunidade, pegar uma road. Acho que no fundo ele pensou: "você é um prego. Vê se faz por merecer a bike que você está querendo comprar e vai treinar fundamentos com uma bike de ciclismo" (mais uma frase pra por no mural da sua loja Max...aquele mural das coisas que você não diz, mas pensa....hahahahah).

Não tinha ideia de qual bike comprar, até que cheguei na loja do Elpídio e disse: "Cara, preciso de uma bike pra ser minha segunda bike, que eu não tenha pena de treinar na chuva com ela e que seja uma bike pra subir "parede", pensando em não ficar muito pra trás da galera quando fosse pra Romeiros.

Ele veio com uma (claro) Bianchi ML3 usada.





Olhei desconfiado, afinal Bianchi que se preze tem essa cor "verde feio" . Olhei de novo. Peguei. Levantei. Botei na balança...10,5 kg

"É boa Elpídio?"

"É boa, brou. É tamanho 52, com pedivela compact".

"Ela sobe bem?"

Aí ele me olhou com cara de desconfiado, tipo...quem sobe é você....não a bike, porra.

Mas ele respondeu educadamente "Sobe...é compact".

Bom, senti que tinha feito uma pergunta parecida com aquela daquele tio que olha sua bike e pergunta até que velocidade ela chega.

O Elpídio é uma lenda. Confio nele. Levei a bike.

A primeira vez que exigi de verdade da magrela "verde feio", depois de alguns treinos, foi em....Romeiros.

Desastre. Postei aqui.

O que não disse, é que no fundo, joguei parte da culpa na bike. Pesada. Não me entendi direito com um volantinho de 34 dentes (até hoje não me entendo muito, mas beleza).

Já fiquei fazendo planos pra um upgrade nela.

Mas a real era: o upgrade quem precisava era eu. Quem precisava perder peso era eu!

Cinco meses depois, com muita disciplina, evolui bastante. Recuperei parte do que perdi em um ano de sedentarismo forçado.

Saí do pelotão do "fundão" e já estou até dando alguma contribuição puxando uma galera boa, de vez em quando.

A magrela "verde feio" não faz tão feio assim perto das bikes de triathlon dos caras com quem pedalo.

Por isso, desisti da ideia de pedir bike emprestada pra ir pro Rio daqui duas semanas. 

É com ela que eu vou. Sem roda de carbono. Sem frescura. Sem firula.

Bike com desenho de bike e não de nave espacial.

Na verdade....queria muito estar com a minha nave espacial, mas pelo jeito muita água vai rolar ainda até pedalar a superbike, já que troquei o pedido nessa semana.

Mas, pensando nisso também, vou começar a mandar uns emails diários pressionando uma certa fábrica canadense de bicicletas, pra mostrar que eu quero minha bike.

Pode ser mais ou menos assim:



Acho que agora só em 2013....

Nota pós fechamento da "edição" do blog: li no fórum slowtwitch que a cervélo informou que a previsão de entrega das P5 encomendadas em outubro de 2012 será somente à partir de março de 2013. Será que a troca de pedido em outubro cai como novo pedido.....ai, ai, ai.....Acho que sim. Agora a lista de provas com a bianchi cresceu para: pirassununga, caiobá, internacional de santos....quem sabe em penha 2013 eu estreio a P5

Que imbroglio. Que novela.

A culpa é minha. Quem mandou vender a P2?



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Lenda Urbana Triatlética


Uma mulher na casa dos 30 fazendo compras em um supermercado.

Um homem, ajudante do caixa e empacotador, entre 50 e 60 anos de idade.

Um carro com adesivo que identifica a pratica de um determinado esporte. Não um esporte de massa, difundido e divulgado pelos meios de comunicação. Não um adesivo com um símbolo que remete a um esporte específico, a não ser pra quem o pratica.

O homem para a mulher: "Tem algum Ironman na família?".

Surpresa pela pergunta e ainda mais surpresa com quem havia perguntado, a mulher responde: "Sim, meu marido".

A conversa continua. O homem continua a surpreender: "Não são muitas as pessoas que praticam esse esporte. Eu já completei cinco Ironman em Floripa".

Parece conversa de mesa de bar, ou então de pescador. Uma lenda urbana. 

Difíííícil de acreditar.....

Mas a mulher era a minha mulher, a Vivi. O homem, o empacotador do Pão de Açúcar da rua Cerro Corá na Lapa, bairro próximo de onde moramos aqui em São Paulo.

Assis Leite, cearense de Fortaleza, triatleta, cinco vezes Ironman. Melhor tempo na casa de 11:30'. Largou a cidade natal, família, faculdade de educação física (aos cinqüenta e tantos anos) e sabe-se lá mais o que, pra viver o sonho. Buscar patrocínio ou apoio para continuar fazendo aquilo que mais gostava: competir em provas de triathlon.

Como sabemos, inscrições, viagens, materiais esportivos, tudo é muito caro.

Em pouco tempo, perdeu o pouco que tinha em uma grande enchente no bairro da Pompéia. Depois uma lesão que o impediu de treinar, de competir.

Não sei qual a lesão. Não sei qual a limitação.

Só sei que desgraça pouca é bobagem.

Sem ter como se tratar adequadamente, algum médico orientou a procurar um trabalho que permitisse movimentar-se. Achou o de empacotador em supermercado. Uma loja que abriga uma grande academia (Bio Ritmo) em sua sobreloja.

Falante, simpático e como todo ironman que se preze, gosta de contar sua história, não demorou a conhecer outros membros da mesma tribo que, assim como eu, foram sensibilizados pela história. Conseguiu uma bolsa pra treinar de graça na academia. Está se recuperando.

Não tem dinheiro e nem pretende voltar pra Fortaleza. Às vezes passa dificuldades, mas tudo o que ganha vai para inscrições de provas de corrida.

Está atualizado. Sabe do TriStar no Rio. Gostaria de fazer Pirassununga, mas 510 reais é caro pra nós, imagine para ele. Minha mulher disse que se tivesse conversado com ele, tinha certeza que eu pagaria do meu bolso a inscrição dele.

Quem sabe.

O sonho dele é voltar a competir em Floripa. Com um sorriso no rosto, ele passa a certeza que vai conseguir isso.

O que leva uma pessoa a desistir de quase tudo na vida para viver um sonho?

Loucura inconsequente?

Pouco ou nada à perder?

Coragem?

Idealismo?

Todas? Nenhuma razão acima?

Dizem que o que faz do futebol um esporte universal é a possibilidade de se jogar com uma bola de meia e dois pares de chinelos para demarcar os gols. Ok, bem mais democrático que um esporte que precisa de uma piscina, uma bicicleta, tênis de corrida, treinadores, inscrições caras, etc, etc, etc.

Apesar de tudo isso, apesar de aparentemente elitista, o meu, o nosso esporte é capaz de despertar a mesma paixão que eu sinto, que você que lê sente, em alguém com aparente bem menos recursos e possibilidades materiais. Mas sonhos não se limitam por essas coisas mundanas. 

Infelizmente não conheci essa figura e não ouvi diretamente dele essa história que só uma cidade maluca como São Paulo pode contar. Mesmo não sabendo muitos detalhes, passei boa parte do dia pensando em uma forma de ajudar. Não tenho sequer o contato dele. Só sei que se chama Francisco de Assis Leite de Oliveira (tem um videozinho no youtube produzido pela tv de fortaleza, com uma letra adaptada por ele mesmo...é só procurar no YouTube por "ASSIS LEITE IRONMAN" no google) trabalha de empacotador no Pão de Açúcar da Cerro Corá, em SP e quer voltar pra Floripa de qualquer forma.

Só quem faz sabe o amor, o orgulho e a vontade de continuar que sentimos.

Vou tentar fazer minha parte. E você? Tem alguma coisa que você pode fazer?




segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ilhabela, Mais Uma Vez

Foram exatamente 446 dias, 12 horas, 21 minutos e 58 segundos.

Esse foi o tempo que separou o momento exato da chegada da minha última prova, em 29/05/2011, às 17:28'02" à largada da prova que marcou meu retorno, às 5:50 do sábado 18/08/2012.

E não podia ser de forma mais feliz.

Tirando o Ironman, a prova que mais gostei de fazer até hoje é essa que repeti pela nona vez: A Corrida de Revezamento da Ilhabela.

Já fiz um post muito legal sobre essa prova, com fotos muito bonitas tiradas por mim e pela minha esposa. Não sei o que aconteceu com as fotos, que teimam em não abrir, mas vou tentar arrumar isso.

Esse ano a prova teve um gosto mais que especial.

Não bastasse a apreensão de tirar o molequinho pela primeira vez de casa, aos 6 meses de vida (pra um lugar cheio de borrachudos), ainda tinha a barreira psicológica da primeira prova após tanto tempo. Como iria responder? Será que iria doer meu quadril?

Mais uma vez, vesti as cores da minha antiga Assessoria, a Saúde & Performance, onde tenho tantos amigos. É sempre um prazer enorme correr com todos eles e vestir a camisa do "time" que me ensinou a correr.

A prova, um longo revezamento de cerca de 107 km, é dura. Muita subida. Muita paisagem de tirar o fôlego no alto de cada morro. Muito calor. Muita adrenalina. Muito tempo pra testar se todo planejamento deu certo...e muito tempo pra constatar que algumas coisas vão sair errado. E como já nos conhecemos há mais de 10 anos, muita orelha sai quente em alguns momentos.

Dizer que prova é ANIMAL é chover no molhado.


Queria saber quem fez essa foto. Eu vejo nela um cara subindo forte, confiante. Bem diferente de um cara que passou o último ano sentindo saudades do que já fez


Difícil explicar se meu coração foi a 190 bpm por causa das subidas ou se por causa da emoção de sentir as pernas queimarem. Talvez as duas coisas.

A sensação foi ótima.

E se existe alguma dúvida pra justificar tanto tempo treinando, tudo se resume à sensação de dever cumprido após a linha de chegada, às dores musculares do dia seguinte, à medalha desfilando orgulhosa no peito da filhota mais velha e o gostinho de quero mais que fica.


Em Pé (esquerda para direita): Jujú, Eu, Gabi, Melina, André
Abaixados: Patoh, Wagner, Danilo, Osvaldinho

Valeu toda galera da S&P. Muito obrigado pela acolhida após mais de 2 anos longe. 

E aos Patolinos acima, ano que vem tem mais. E vamos buscar troféu!

Ahhhh....não mudei de esporte e não mudei de assessoria. Sou triatleta. 

Mas esse é um caso de amor antigo e avassalador! 

Algumas recaídas serão perdoadas!!!!!