Não que esteja tendo muito tempo. Quem tem filho recém nascido, sabe o que estou falando. E quem tem um RN em casa, além de outra crianças por volta dos 4 anos, as dificuldades aumentam exponencialmente.
Mas a chegada de um filho é além de tudo, um exercício de revisão de prioridades. O que na vida vale a pena, as cabeçadas que você já deu, o que fazer pra que as coisas dêem certo, dar o bom exemplo.
Vira e mexe, fico num dilema por dar tanta importância à uma modalidade esportiva. Ok. É mais que isso. É um estilo de vida. Mas mesmo assim. Não parece algo desproporcional?
Pra falar a verdade, a resposta veio de uma grande amiga. O esporte, o triathlon pode não ser a coisa mais importante na minha vida, mas me faz feliz, mantém minha sanidade e me torna uma pessoa melhor pra conviver com quem eu amo.
Resposta dada para o questionamento do título?
Em parte.
Treino pra manter a forma, porque é saudável, porque tenho amigos que têm os mesmos interesses, entre tantas coisas.
Li um texto do Ricardo Hirsch há algumas semanas e me identifiquei. Não por acaso o título é quase o mesmo. Poderia eu ter escrito aquilo que ele colocou porque é exatamente o que penso.
Nesse texto, o que me marcou foi o final.
Na empolgação de um ironman muito bem feito, tracei metas para os próximos anos. Difíceis, mas possíveis. Não tenho pretensão de Havaí. Bem longe disso. Mas claro, todo mundo que é competitivo quer melhorar. Eu queria (e ainda quero) melhorar.
Mas a que custo?
Melhorar 30 minutos, 40 minutos do meu tempo, que já considero um bom tempo, significa como já ponderei em algum texto pós prova, mais entrega, mais treino. Significa 1, 2 horas a mais fora de casa, longe da família, dos filhos, como bem disse o Hirsch. Mais treinos espremidos na rotina de trabalho, afinal não ganho e nem poderia ganhar dinheiro com triathlon. Minha vida é mais que nadar, pedalar e correr.
E na linha de chegada, com minha filha no colo, a sensação é a da mais espetacular vitória de todas. Até hoje a Júlia tem certeza que ganhei a prova. Os profissionais (para ela) são todos meus amigos.
Quero sim baixar de 10 horas, mas se não baixar porque escolhi ficar ao lado dos meus filhotes, não vou me torturar. Eu realizei meu sonho.
Como disse no início, a paternidade é um exercício de revisão de prioridades.
Quando me vi novamente "grávido", tracei planos para manter treinos, contratar babá, folguista, o que quer que fosse pra que eu conseguisse continuar dentro do plano.
Impossível.
Nunca me perdoaria se cruzasse uma mera linha de chegada e, para isso, tivesse que perder coisas que nunca acontecem de novo pela primeira vez.
Vou lamber minha nova cria. Vou cuidar da mais velha que vai precisar de muito carinho e depois, bem depois, vou pensar em acordar cedo e voltar tarde por causa de treinos.
E pra quem acha que tudo é "mil maravilhas" como bebês em propaganda da Jonhson's, pais belos, formosos e descansados....esquece. É FODA PRA CARALHO!!!!
Mas quem liga, depois que o mais difícil passa? (Tomara que passe logo...caraca)