segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ilhabela, Mais Uma Vez

Foram exatamente 446 dias, 12 horas, 21 minutos e 58 segundos.

Esse foi o tempo que separou o momento exato da chegada da minha última prova, em 29/05/2011, às 17:28'02" à largada da prova que marcou meu retorno, às 5:50 do sábado 18/08/2012.

E não podia ser de forma mais feliz.

Tirando o Ironman, a prova que mais gostei de fazer até hoje é essa que repeti pela nona vez: A Corrida de Revezamento da Ilhabela.

Já fiz um post muito legal sobre essa prova, com fotos muito bonitas tiradas por mim e pela minha esposa. Não sei o que aconteceu com as fotos, que teimam em não abrir, mas vou tentar arrumar isso.

Esse ano a prova teve um gosto mais que especial.

Não bastasse a apreensão de tirar o molequinho pela primeira vez de casa, aos 6 meses de vida (pra um lugar cheio de borrachudos), ainda tinha a barreira psicológica da primeira prova após tanto tempo. Como iria responder? Será que iria doer meu quadril?

Mais uma vez, vesti as cores da minha antiga Assessoria, a Saúde & Performance, onde tenho tantos amigos. É sempre um prazer enorme correr com todos eles e vestir a camisa do "time" que me ensinou a correr.

A prova, um longo revezamento de cerca de 107 km, é dura. Muita subida. Muita paisagem de tirar o fôlego no alto de cada morro. Muito calor. Muita adrenalina. Muito tempo pra testar se todo planejamento deu certo...e muito tempo pra constatar que algumas coisas vão sair errado. E como já nos conhecemos há mais de 10 anos, muita orelha sai quente em alguns momentos.

Dizer que prova é ANIMAL é chover no molhado.


Queria saber quem fez essa foto. Eu vejo nela um cara subindo forte, confiante. Bem diferente de um cara que passou o último ano sentindo saudades do que já fez


Difícil explicar se meu coração foi a 190 bpm por causa das subidas ou se por causa da emoção de sentir as pernas queimarem. Talvez as duas coisas.

A sensação foi ótima.

E se existe alguma dúvida pra justificar tanto tempo treinando, tudo se resume à sensação de dever cumprido após a linha de chegada, às dores musculares do dia seguinte, à medalha desfilando orgulhosa no peito da filhota mais velha e o gostinho de quero mais que fica.


Em Pé (esquerda para direita): Jujú, Eu, Gabi, Melina, André
Abaixados: Patoh, Wagner, Danilo, Osvaldinho

Valeu toda galera da S&P. Muito obrigado pela acolhida após mais de 2 anos longe. 

E aos Patolinos acima, ano que vem tem mais. E vamos buscar troféu!

Ahhhh....não mudei de esporte e não mudei de assessoria. Sou triatleta. 

Mas esse é um caso de amor antigo e avassalador! 

Algumas recaídas serão perdoadas!!!!!


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Com o Nariz na Chaminé


Qual a sensação de cada um ao olhar essa imagem?

Esta é São Paulo.

A foto não é atual, talvez de 2006, mas acreditem, este é o ar que estamos respirando nestes últimos dias, acho que no último mês inteiro, que é o tempo que não cai uma chuva por aqui.

A minha sensação é  de sufocamento e não é só no sentido figurado. Imagens assim me dão falta de ar e olha que não tenho nenhuma doença respiratória crônica.

Nesta época do ano, entre maio e setembro, as doenças respiratórias são responsáveis por algo em torno de 70% de atendimentos e internações hospitalares. E se você tiver bronquites, asma, for idoso ou criança, os riscos são ainda maiores. Alguém chuta o motivo?

Pois é.

E fazer exercício com um ar destes?

Tenho sentido na pele....não, melhor, tenho sentido nos pulmões as consequências disso.

A recomendação é evitar exercícios com índices de umidade relativa do ar inferiores a 60% e em horários críticos, entre 10 e 16 hs. Pô....a vida é cronometrada. Nem sempre dá pra fazer nos horários mais proprícios.

Há duas semanas meus treinos de corrida às quartas à tarde têm sido sofridos. A cabeça dói. O peito dói. O cansaço é enorme.

E por quê?

A gente precisa de água. Sempre. Muita.

As trocas de ar nos pulmões precisam de umidade em tornos de 97%. Se isto não acontece, o corpo redireciona a circulação, oxigena menos o cérebro e os músculos, o que desencadeia fenômenos metabólicos que levam às dores de cabeça, ao cansaço excessivo.

Se mesmo assim, essa umidade nas áreas de troca dos pulmões não for suficiente, as trocas gasosas não serão adequadas. Menor concentração de oxigênio no sangue. Círculo vicioso. Bola de neve.

Sem contar que respirar essa quantidade enorme de poluentes faz um mal danado!

Em resumo. É fria.

Mas mesmo assim, se você assim como eu, não vê outra alternativa, saiba que você vai sofrer. Vai doer. Pior, talvez não vá contribuir em nada na sua melhora da sua saúde, da sua performance ou seja qual for seu objetivo.

domingo, 12 de agosto de 2012

Feliz Dia dos Pais

Paternidade.

Aprendizado infinito.

Exercício diário de paciência e aumento da resistência e principalmente da tolerância ao medo, incertezas, inseguranças.

Mais do que qualquer coisa, porém, ensinamento sobre o que é o amor na sua essência e sobre o que é importante na vida.

Parabéns aos papais atletas (e não atletas também, claro)





sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O Fracasso e a Vergonha



Há exatos 4 anos olímpicos, no dia (ou na madrugada) da final dos 50m livres, eu estava com a Júlia recém nascida na sala. Ela estava dando muito trabalho pra dormir, assim como o Guilherme está dando atualmente.

Quando finalmente ela parou de chorar e se contorcer de cólica (ou o que quer que fosse), eu acabei cochilando.

Acordei assustado com gritos na vizinhança. O "Cesão" tinha acabado de cair na água.

Pouco mais de 20 segundos depois, o número 1 e o sobrenome Cielo prrenchiam a raia onde ele tinha acabado de nadar.

Eu não sabia o que fazer  com o pequeno ser no meu colo. Queria gritar. Queria joga-la pra cima (e depois pegar de novo, sem deixar cair no chão...claro). Queria sair correndo.

Como a vontade maior era que ela continuasse dormindo, eu dei um beijo na cabecinha careca dela e disse: "Jujú, você é pé quente. Você acabou de ver a primeira medalha de ouro da natação do Brasil".

Foi muito emocionante ver aquele "meninão" grande no pódio olímpico e depois ser abraçado pelo GRANDE  Gustavo Borges, que comentava a prova pra Globo ou SporTV.

Quatro anos depois, muita coisa aconteceu. O "meninão" assumiu a postura que coloquei no post anterior. Ficou marrento. 

Ok, bateu recordes mundiais. Indiscutivelmente o melhor.

Aí veio o "meio" escândalo da mal contada história do doping. Suspeito. Triste.

Em Londres, ele não era mais a promessa. Era o cara a ser batido. Muitas luzes, holofotes. Muita pressão.

Não nadou revezamentos. Brasil não classificou suas equipes.

Nadou os 100m e ficou em sexto, o que por si só é um belo resultado. 

Mas nunca pro brasileiro, para quem o segundo colocado é o primeiro dos últimos.

E chegou o dia da final dos 50m. Defesa do título.

Não caiu bem como de costume. Não ficou na frente em nenhum momento. Perdeu a prova.

É assim que eu vi a prova?

Não. Claro que não.

O cara foi terceiro colocado em uma Olimpíada. É motivo de orgulho.

E se o choro dele ao deixar a piscina foi de decepção, ele é a única pessoa que poderia expressar esse sentimento, na minha opinião. Ou alguém duvida que ele treinou pra ganhar????




Toda essa introdução pra dizer que as vezes tenho vergonha de ser brasileiro.

Toda Olimpíada é a mesma coisa. Tem sempre gente falando que o Brasil tá uma merda, que não ganha medalha, que a China tem 127 medalhas de ouro.

Não quero repetir clichês, mas a situação:

O ciclista brasileiro na prova de contrarrelógio estava com o uniforme preso por alfinetes, pois o zíper quebrou e não havia outro. Seu equipamento (bike) era até de bom nível, mas no carro de apoio existia uma reserva que não era nem adequada àquele tipo de prova. Era uma bike de ciclismo de estrada "normal".

É uma pena que sejamos um país continental com 200 milhões de habitantes e que deixamos passar tantos Phelps, tantos Bolts, tantos Federers porque aqui todos querem ser e só incentivamos as crianças a serem jogadores de futebol.

Não tenho vergonha do Brasil no quadro de medalhas. Tenho orgulho dos heróis que vão lá e ganham as suas. Isso sem contar que estar lá e alcançar objetivos pré traçados, talvez seja muito gratificante. Não como uma medalha, mas ainda sim, gratificante.

Ouvi a entrevista de um nadador brasileiro (acho que do costas) que não pegou vaga para a final. A repórter perguntou em tom de derrota a sensação de ter perdido a vaga na final por poucos centésimos. Muito sereno, ele respondeu que a preparação tinha sido feita e os objetivos alcançados. Ele tinha parado numa semifinal olímpica.

Na maratona, a Adriana Silva vai largar sabendo que 30 atletas estão na frente dela no ranking mundial. Tem muito cabeça de prego que pensa que ela não deveria nem largar, tenho certeza. Mas não. Ela vai largar e como disse o Cláudio, treinador dela, se derem chance, ela vai aproveitar.

Se ela ouvisse rock n'roll, ela ganharia a prova Claudião! Esquece essa "draga" de sertanejo....hahahahah.

Nem sempre é possível ser o campeão. 

Hoje li um comentário de um otário que dizia que voltaríamos de Londres "bronzeados" e que isso era uma vergonha.


O esporte brasileiro tem muito a evoluir, mas quem precisa abandonar a cultura futebolística e evoluir de verdade, é o torcedor brasileiro!

Parabéns Cesão! Parabéns a todos os atletas que estão lá. Aos que ganharam e aos que não ganharam.

Fracasso olímpico não existe. Que atleta não faria de tudo para estar lá (e as vezes acabam fazendo da forma errada).

Vergonha eu tenho de quem emite opiniões como a do "bronzeado"