domingo, 26 de dezembro de 2010

O Jogo do Ironman


Se a preparação para um ironman fosse um jogo de tabuleiro nos moldes do Jogo da Vida, certamente as festas de fim de ano seriam daquelas casas que ninguém gosta de cair: VOLTE 10 POSIÇÕES!



Há alguns dias, recebi do meu treinador um email "recomendando" moderação nas reuniões de final de ano. Um recadinho do tipo: Não enfiem os pés na jaca.

Ok! Ele conseguiu me deixar com consciência pesada!

Estou desde o final de novembro sem treinar direito. Não por falta de vergonha na cara e sim por um probleminha físico que se ainda não me deixou preocupado oficialmente, já fez acender a luz amarela.

Sim, comi e bebi um pouquinho além do que estava planejado....e ainda tem a ceia de ano novo!

É muito difícil manter o equilíbrio das coisas nesta época, mas enfim, acho que não sou um caso isolado.

Queria desejar à todos os meus parceiros de jornada, jogadores ativos ou espectadores deste "jogo", um ano cheio de conquistas pra quem vai pra "batalha" pela primeira vez e reconquistas pra quem já conhece o caminho e sabe o quanto ele é duro.

Um feliz 2011 pra todos. O meu será MUITO feliz.



Nos vemos no ano que vem!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Reviravoltas


Ensaiei, escrevi, apaguei uma porção de vezes o início deste post. A verdade é que nem sei como começar.

Duas notícias me fizeram muito triste nesta última semana. 

Duas pessoas, duas (bonitas) histórias, realidades diferentes. Nem tão próximas elas são. Na verdade com uma perdi o contato há mais de 10 anos. Com a outra, perdi há cerca de 4 anos.

Uma delas, um cara com quem dividi a raia da piscina enquanto eu ainda era um estudante de 4º ano de medicina. Ele, um médico já formado e depois descobri ser tio de uma amiga de faculdade por quem tinha (e tenho, claro) um carinho especial. 

Dividi com ele mais do que uma raia de piscina, dividi a angústia de alguém que estava prestes a se entregar à vida médica e todas as mudanças que isso acarretaria. Muito serenamente ele me disse que pra ele, tudo foi tão natural e indolor, que o que ele teve que abrir mão foi recompensado de muitas outras formas. Isto foi tão importante pra mim pois de certa forma, fez mudar a minha forma de pensar. 

E tudo se passou mesmo de forma tranquila. Entregas são sempre de alguma forma sacrificantes, mas há sempre compensações, realizações, por vezes frustrações, mas tudo se transforma em experiências.

Esta semana fiquei sabendo que este cara simpático e sempre sorridente, que foi capaz do maior ato de amor que uma pessoa pode ter por outra - na minha opinião - a adoção de uma criança hoje com 2 anos,  sofreu um grave acidente de carro há alguns meses. De coração eu espero que, com a ajuda da família e deste filho, ele possa se recuperar da melhor forma possível.

A outra, uma menina com fala baixinha e delicada. Dividimos o mesmo local de trabalho. Eu já era médico e ela não se contentou com a posição que ocupava. Ela queria (e merecia) mais! Saiu da sala de digitação de exames do hospital onde trabalhávamos e foi pra sala de aula de uma faculdade de medicina. Casou-se, teve um filho,hoje com 3 anos e lembro  dela com um exame de ß-HCG nas mãos, no meio do meu plantão numa 4ª feira, perguntando se ela estava grávida (claro que ela sabia). Lembro que olhei o exame e tomei um susto: "Você tá MUITO grávida", foi o que eu disse à ela!

Em uma das reviravoltas que a vida dá, ela descobriu-se com um câncer de mama aos 29 anos de idade!

Nem sei o que continuar a escrever.

A atitude dela diante disso não é de resignação, não é de derrota. Ela tem um blog e pelos relatos,  tem se mostrado forte. É preciso ser forte!

Vendo e revendo essas histórias na minha cabeça, por um momento me senti fútil!

Minhas preocupações, meus problemas, até minhas prioridades são pequenas e quase sem importância.

A vida é frágil e perdemos tempo com coisas às vezes irrelevantes.

Antes de sair de casa hoje, eu dei um beijo mais demorado na minha mulher que provavelmente nem percebeu porque estava dormindo. Também passei no quarto da baixinha e fiz um carinho. 

A vida é feita de pequenos momentos.


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Do Que Você é Capaz Para Ser um IRONMAN?

Qual o peso de ser triatleta na sua vida, nas suas relações pessoais, relações familiares ou de trabalho?

Esse vídeo rolou no facebook entre a galera triatleta, esses dias. 



O diálogo insano entre um pretendente à ironman (como tantos de nós) e sua namorada (esposa ou o que quer que seja) é mais ou menos este:

- Vamos sair para jantar. São 18:00.
- Não posso. Tenho que ir pra casa dormir.
- São 18:00! Você tem 38 anos de idade! Por que diabos tem que ir pra casa dormir?
- Eu estou treinando para o IRONMAN.
- E que porra é essa de ironman?
- IRONMAN é uma prova com 3.8 km de natação, 180 km de bike e os 42 km de uma maratona, tudo dentro de um limite de 17 horas.
- O que há de errado com você????
- Nada, Isso é diversão pra mim. Eu tenho que ir dormir para conseguir acordar às 4 da manhã e ir treinar.
- Você levanta às 4 da manhã?
- Seis vezes por semana. Às segundas eu durmo até às 6 da manhã.
- Você é um retardado mental! Então você dorme todas às noites às 19:00?
- Quase sempre.
- Quanto tempo dura esse treinamento para o ironman?
- Algo em torno de 6 meses.
- Você se deu conta que você não vai fazer sexo com ninguém por 6 meses????
- Tudo bem porque eu vou ser um IRONMAN!
- Então você ganha dinheiro ao se completar o ironman?
- Não. Só os vencedores ganham dinheiro. Eu pago 700 dolares de inscrição e gasto dinheiro com passagem aérea, transporte da bike e hospedagem. Mas vale. Eu serei um IRONMAN!
- Então você gasta um monte de dinheiro, nunca sai à noite, não vai transar com ninguém por 6 meses, tudo porque vai dormir às 19:00 todas as noites, para poder ser chamado de uma coisa que ninguém seria tão estúpido o suficiente para fazer?
- Mas eu serei um IRONMAN!!!!!(?)
- Você é um IDIOTA!
- Preciso ir para casa dormir agora. Se você puder se juntar a mim às 4:30 da manhã para pedalar amanhã, seria divertido.
- Não existe nada divertido às 4:30. Você é realmente insano.
- Talvez você quisesse correr comigo na 3ª, depois tomaríamos um shake de proteínas.
- Podemos fazer isso. Que horas na 3ª?
- Entre 4:00 e 4:45.
- Vá se ferrar. Eu vou jantar agora!

Claramente esse vídeo foi idealizado pela parte não ironman. Sabe o que é mais divertido nele? É que não é de todo surreal! 

Essa é a minha maior confissão de insanidade, mas é a verdade!

Claro, não vou dormir às 7 da noite, não acordo às 4 da matina seis vezes por semana, muito menos vou ficar sem sexo durante 6 meses (viu Vi!).

Mas a importância dada ao processo de se tornar um IRONMAN, a forma como dividimos nossas obrigações em função de treinos, alimentação, descanso e o quanto a gente justifica nossas atitudes diárias, nossas ausências, nossos gastos financeiros, com esse objetivo, é um negócio DESCOMUNAL! 

E pelo visto, não existe meio termo. Ou se joga de cabeça ou vai ficar tentando, tentando, tentando....

Por isso até, para mim, o IRONMAN é em letras maiúsculas. Para qualquer outro é apenas o ironman; uma prova maluca que dura o dia todo e que é capaz de tomar nossas vidas quase que por completo, durante todo o tempo de preparação.

Talvez pra quem já seja iniciado, essa ansiedade seja menor. Pra quem vai debutar e precisa se organizar e treinar não só a parte física, esse gasto de tempo e esforço são ENORMES!

Estou de molho por causa de algumas lesões acumuladas durante o ano de treinos intensos. Por isso, já tomei bronca de pai (aos 38 anos de idade) dizendo que estou exagerando. 

Nesta semana não fiz absolutamente nada de exercícios físicos. 

Minha atenção e capacidade de concentração no trabalho diminuíram radicalmente.

Acordo todos os dias de manhã sem saber exatamente qual é o dia da semana, pois não tenho minha grade habitual de treinos que me situa no tempo...e no espaço também.

Tive insônia.

Tenho acordado todas as noites para ir ao banheiro porque não tenho perdido tanta água pelo suor.

É impressionante. Como disse meu treinador e como estamos muito acostumados a ler por aí,  o triatlhon (e principalmente o IRONMAN) é um estilo de vida, mas não só de quem o pratica. Há envolvimento de todos ao seu redor, direta ou indiretamente. A Vivi organiza o seu dia em função do que eu preciso fazer, dividimos as tarefas de pegar a Júlia na escola, banho, etc, de acordo com meus horários de treinos. Programamos nossos finais de semana, nossos passeios...tudo em função da planilha.

Parece exagero? Mas não é. Claro que existe uma parcela de sacrifício e por isso já sou muito grato à ela. Até agora, porém, tudo tem acontecido de forma muito natural. Talvez ela não compartilhe do mesmo entusiasmo ou ainda, às vezes ela esteja mais pra mulher do videozinho acima, mas ela tem sido muito presente em tudo. Ela entendeu a importância e o quanto eu quero isso. 

Não vou ser IRONMAN sozinho. Nós vamos ser a Família IRONMAN.

Mas não vou sacrificar minha vida conjugal por isso, se é que você me entende....rsrsrsrsr (posso desenhar....melhor não!)



segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

De Férias....Até Que Enfim


Chegou o momento de reduzir pra ficar mais forte.

Contraditório?

Não!

O corpo já não aceita todas as porradas que a gente quer dar nele!

A prova ontem em Santos foi sofrida.

Nadei bem. Na bike os problemas começaram. Não me sentia bem. Não conseguia forçar. Na corrida o problema só aumentou. Os quilômetros demoravam a chegar. Fui quase 10 minutos mais lento do que nas etapas anteriores, no mesmo percurso.

Pensei em desistir no 5º km. Só terminei a prova porque realmente queria a medalha. E não é que era bonita a dita cuja....

Já venho sentindo necessidade desse merecido descanso. Após Pira a constatação de uma pequena lesão na perna. Agora, uma dor lombar CHATA. Alguém já ouviu falar ou sabe onde fica o músculo Obturador Interno? O meu à direita não me deixa esquecer! Por sobrecarga "ele" está amotinado! Uma alteração inflamatória! O problema é que o tal nervo ciático passa atrás deste músculo e ao que tudo indica, literalmente tomou as dores do vizinho "musculoso". Resultado disto? Dor ciática! Hoje estou até sentindo irradiar para o pé. É mole? Como quase tudo em ortopedia: repouso e anti inflamatório! Meu amigo Gustavo (ortopedista) vai se especializar em lesões causadas pelo triathlon!

O pessoal lá no trabalho já sabe: Prova no domingo? Daniel deitado na Ressonância Magnética na segunda pra avaliar os estragos....KKKKKKKKKKKKKK.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Um Ano de Blog

Dezembro é oficialmente o mês de aniversário de 1 ano deste blog!

Antes disso, fiz um teste num site chamado esporteblog, mas era muito chato. Postava diariamente, com meus treinos do dia anterior. Parecia diário de adolescente.

Fui amadurecendo a ideia e achei no site de blogs da Abril o ambiente ideal, permitindo fotos, videos e até músicas. O que era uma coisa muito pessoal, passou a ser visto por muita gente. Achei isso legal!

Depois a Abril deve ter achado que eu não merecia a hospedagem deles. Começaram a apagar minhas fotos, bagunçar meus posts. Num trabalho de doer, transferi post por post pro blogspot....até os comentários.

E aqui estamos!

Do primeiro post até aqui, muita água passou por "debaixo da ponte".

O blog faz parte do meu projeto, o ironman! Muita coisa porém, aconteceu antes que começasse a registrar tudo.

Sem querer, fiz um caminho inverso. Repeti meus passos, num recomeço inconsciente.

Em abril de 2009, fiz uma prova de biathlon em Santos. Surpreendentemente, fiquei em 2º na minha categoria e só não fiquei em primeiro porque meu pé sangrava ao final da prova. Fui ultapassado no kilometro final. Não me dei por satisfeito e fui pra etapa seguinte disposto a ganhar. Anotei o número de cada uma das pessoas que subiram ao pódio na etapa anterior. Fiz marcação cerrada no cercadinho da largada. Fiz a primeira volta da corrida querendo descobrir quem tinha que passar e quem não poderia deixar chegar! Fiquei em primeiro! Achei que já tinha completado a missão!

Mesmo com chance real de ser campeão, não fiz mais nenhuma etapa. Pra ser bem sincero, não gostei da "obrigação" de ganhar. Gosto de ir me divertir nas provas, sem me preocupar se o cara quem eu passo está em segundo, ou primeiro, sem me preocupar em defender minha posição. Gosto do frio na barriga da prova, não do stress que dá dor de estômago.


Depois achei que era hora de começar a preparar o terreno pra LONGAS distâncias.

São Silvestre, Meia Maratona....

O triathlon "corria por fora" nessa fase. Estava treinando, mas o comprometimento maior era com a corrida. Não tinha a ideia do nadapedalacorre e achava que pra ser um ironman, precisava virar um supercorredor, um maratonista

O próximo passo então, seria a maratona. Escolhi a de São Paulo por ser emblemática pra mim. O blog à esta altura já estava a pleno vapor!

A maratona foi inesquecível. Ame-a ou Deixe-a! É mesmo um caso de amor e ódio! 

Marcou ainda, o final de um ciclo. Foi difícil cruzar aquela linha de chegada porque, além de todo o esforço físico, aquilo demandou um esforço emocional! Era hora de mudar para crescer.

E posso dizer que cresci!

A casa nova me trouxe coisas muito boas! Novas amizades, novas perspectivas, nova visão sobre o meu objetivo!

Evolui MUITO, resultado de muita dedicação, pessoas competentes e amigos e amigas leais. Fiz dois meio ironman, sendo um deles abaixo de 5 horas, uma espécie de barreira pra quem faz essa distância!

Um dia desses saí da rotina "acorda, come, treina, come, trabalha, come, treina, come, trabalha, come, treina, come, vai dormir"....e fui correr de kart com amigos fora do círculo "triathlon". Muitos deles com perfis no facebook e que, sem eu saber, acompanhavam minha rotina. Claro que fui motivo de gozação. Até deixei de ser TÃO assíduo no FB.

A gente realmente só sabe falar sobre triathlon! Sem dúvida, é um estilo de vida!

É claro que minha vida não é só isso! As vezes acho que precisava ser o Multihomem (daquele desenho que só que tem mais de 35 vai lembrar...Os Impossíveis), pra dar conta de tudo, mas eu me esforço. 

Não vou botar no blog ou no facebook as coisas ordinárias, quotidianas! Aqui, eu sou meu próprio alter ego, eu sou IRONMAN (ok, ainda tô longe disso), quase um personagem de mim mesmo. Então, desculpem se realmente eu só fale sobre isso, mas é como uma terapia!

Convenhamos, quem não se sente meio superherói pilotando uma nave dessa:


2011 está chegando.

Dois anos de planos, espremendo treinos em todos os horários possíveis do dia-a-dia. Pensamento voltado pra uma coisa só. O engraçado é que não me imagino ainda nadando, ou chegando na T2 depois de 180 km de pedal. A imagem que não sai da cabeça é uma linha de chegada! 

Acho que é a única coisa que todos nós, em qualquer nível, queremos!


E vamo que vamo, sempre em frente...Correndo na Frente!




terça-feira, 23 de novembro de 2010

Nossas Medalhas (Visíveis ou Invisíveis)

Quase todo mundo que faz o que fazemos, não faz por muito mais do que isso aqui:


É difícil pra um simples "mortal" entender que muitas vezes, eu nem sei a minha colocação. Ou então não conseguem entender como eu posso ter ficado feliz sendo o 210º colocado no geral e em 57º na minha categoria!

É difícil compreender que a linha de chegada é a maior conquista, o maior prêmio.

Guardamos nossas medalhas de participação como verdadeiros troféus. Desfilamos de camisetas de provas. Se tiver a palavra finisher então...

Até bem pouco tempo atrás, guardava todos os meus números de participações em provas, desde o longínquo 1993, quando fiz minha primeira prova de biathlon. Eram números de tecido, que molhavam. Alguns ainda estão guardados na casa dos meus pais.

Existem também os troféus indiretos. Por exemplo:


Este LINDO bronzeado, cultivado no último domingo em Pirassununga em quase 5 horas do sol que TODOS os dermatologistas condenam e pessoas com um mínimo de juízo, nunca tomariam. Olha a ironia do negócio: o sol nas minhas costas ficou coberto. Talvez seja solidariedade de classes, como aquela história de médico não cobra de médico; um sol não queima outro sol!

Ou então isto: 


Eu ajudo.

Terminei a prova no domingo e fui tomar um banho (proibido) na piscina da AFA. Ao sentar pra tirar a meia de compressão, uma cãibra ANIMAL na panturrilha esquerda. Trinta segundos, um minuto.... interminável. Amanheci nos dias seguintes com muita dor. Cheguei no trabalho e pedi para que fizessem algumas imagens da perna, pra descartar alguma lesão muscular. Qual não foi minha surpresa ao ver uma alteração no osso (esta área mais brilhante na medular óssea da tíbia, o osso maior), com um nome engraçado: Shin Splints. Está explicada minha "canelinha de vidro", que dói sempre que minha filha resolve bater com algum brinquedo na minha perna!

Ok, nada pra desesperar. Talvez a decisão de abolir o alongamento depois dos treinos nos últimos 6 meses, não tenha sido muito inteligente.

Achei que seria de mau gosto postar fotos de algumas cicatrizes de quedas de bike que tenho, uma no braço e outra na perna. Estas são "medalhas tatuadas", que vão seguir comigo e sempre vão me lembrar que eu sou triatleta.

Esses são os troféus que valem. Os que nos lembram o que somos!

Acho demais ficar em 47º, 69º...e até em 11º, como no último domingo!


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Adivinha?????? Sim, Relato da Prova em Pirassununga

Long Distance de Pirassununga (distância meio ironman). Minha segunda prova longa.

Não posso considerar isso como uma vasta experiência, mas desta vez estava bem calmo. Estava ansioso, claro. Queria fazer a prova, afinal, a gente se desdobra pra treinar exatamente pra isso. 

Acho também que o fato de ter ido pra Pirassununga só no sábado ajudou bastante pra diminuição daquele stress pré prova. Em Penha cheguei com dias de antecedência. Visitava a feirinha todo dia. Nunca tinha feito uma prova com essa distância. As estratégias de alimentação, ritmo no ciclismo e corrida não tinham sido testadas. Agora já sabia o que esperar. Sabia quando a prova deixava de ser um "passeio" e começava a doer. O que eu não sabia é que iria fazer a prova na filial do INFERNO.

A surpresa boa foi o lago onde a natação é feita. Quando olhei pra ele no dia anterior, pensei: "Pô, vou ter que nadar nisso aí?". Veio à mente a imagem, o cheiro e o gosto da raia da USP.

Quando entrei pra "aquecer", vi que a água era limpa, estava quentinha e tinha gosto de ÁGUA! A braçada rendia. Gostei.

A natação foi boa, ótima. Não saí como um boi de rodeio. Fiquei posicionado no meio da muvuca, mas surpreendentemente com espaço para nadar. Peguei a esteira. Segui um "pé" que estava um pouco mais rápido que eu e fiz uma prova de natação que, ao contrário das últimas, eu não queria que tivesse  terminado logo.

Saí pra transição pensando no que fazer. Não estava tonto, não estava enjoado. Relembrei que eu GOSTO de nadar!

A bike começava com uma subidinha. Vi muita gente caindo no dia anterior, no short distance, principalmente os que calçavam a sapatilha antes, ainda na área de transição, ou então, quem deixava uma relação de marcha pesada, já com o volantão. Deixei uma marcha BEEEEM levinha. Deixei a sapatilha presa no pedal e só ia colocar no pé quando a estrada virasse plana. O que eu não esperava era que um incauto resolvesse cair bem na minha frente. Sorte que tinha os pés livres. O problema é que aterrizei errado com o pé e senti uma dor no dedão. Achei que a unha tinha ido pro saco. Depois, no banho, vi que tinha ralado a ponta do dedão. O que mais incomodou mesmo, foi a pancada que a "região perineal e adjacências" deram na ponta do selim....uhhhhhh. Ainda bem que já tenho pelo menos uma filha!

Passou.

O plano era ver como era o circuito na primeira volta. Em parte cumpri, mas vi que já estava fazendo força. Passei a primeira volta com uma média pouco maior que 34 km/h. Depois as duas voltas seguintes tentaria aumentar essa média e a última trabalharia pra manter, já pensando na corrida. Pedalei forte, sempre "dentro da lei". O engraçado é que fui ultrapassado em um momento e um fiscal veio NERVOSO, falando e gesticulando pra mim e pro cara que tinha me passado e que estava se distanciando. De repente o cara começa a contar...1, 2, 3 ( A Júlia poderia ajudar se ele quisesse...) Quando chegou em 7...ele disse de forma que pudesse entender: "Tá vendo, essa é a distância que você tem que dar, senão é vácuo".... Quase não consegui conter o riso. O vácuo é em segundos ou em metros? De qualquer forma, não estava nem atrás dele. Eu estava na direita e o cara na esquerda. Agradeci a explicação do fiscal e ele foi embora.

Comi minhas bananinhas de Paraibuna, minhas minhocas ácidas com açúcar (yummys), os géis (arghhh) e as amêndoas. Essas caíram pesado no final da etapa.

Na última volta da bike o sol abriu forte. O tempo começava a ficar abafado como na tarde anterior! Depois fiquei sabendo que o termômetro do carro chegou a marcar 38ºC durante a prova.

Saí pra correr com um ritmo que vinha fazendo nos treinos, pra fechar a meia maratona em 1:41' ou perto disso. No 5º km, o negócio pesou! Entrei num trecho aberto, sem sombra, quente, sem vento. Depois um trecho de terra e barro, por causa da chuva do dia anterior. Em uma dessas poças tropecei na vegetação na beira da estrada e fui pro chão. A segunda volta foi sofrida. Muito quente. Estava no limite.

Sei que é sofrido para as "meninas", mas vê-las durante a prova é muito bom. Dá uma força incrível, principalmente quando as coisas são difíceis e olha que Pirassununga FOI DIFÍCIL.

Consegui alcançar minha meta. Fiz abaixo das 5 horas. Sei que poderia ter corrido um pouco melhor, mas talvez 1 ou 2 minutos, nada muito abaixo disso! Fiz uma EXCELENTE prova, dentro das minhas possibilidades.

Natação (1900m): 32'08"
T1: 2'46"
Bike (90 Km): 2:33'04"
T2: 2'07"
Corrida (21 km): 1:44'21"

TOTAL: 4:54'29"

Foto de "profissa"da Vi (Dá pra tirar essa KOMBI com o photoshop???)

O final de semana:

- Na largada, conversando com o Marquinhos sobre o jantar de massas (que ele não foi): "Só a Cláudia mesmo pra achar um rodízio de massas em Pirassununga. O que ela não acha?". Realmente é impressionante. Em Penha, o nervosismo tomava conta. Em Pira, conversamos, rimos, tiramos fotos. Grande parte disso é mérito dela!

A galera (foto cedida pela Cláudia)

- O tal jantar de massas foi muito legal. Agora, o ponto a ser destacado é a paciência e a facilidade do Martim, filho da Cláudia, com crianças menores que ele. A Júlia ficou encantada com ele! Esse moleque promete! Mamães, segurem suas filhas...hahahahah!


- Faço parte da ELITE do triathlon. Se não como atleta, pelo menos como amigo dos atletas: Cláudia 1ª na categoria, na primeira prova depois de "dias" de uma artroscopia do ombro; e Thelma terceira colocada no GERAL! Isso sem contar o Marcos e Pedro que foram pro campeonato mundial de meio ironman em clearwater! Pode parecer besteira, mas a convivência com essas pessoas dá muita motivação. O resultado disso, não preciso nem dizer.
(NOTA: - Apesar do post já publicado e lido por bastante gente, cometi uma grande injustiça de não ter citado outras duas pessoas e quero corrigi-la. Por isso, esse adendo: A "minha elite" não estaria completa sem essas duas pessoas - A Julinha, que aparece na foto da largada à minha direita, ficou em 3º na categoria. O Marquinhos (de top branco e bermuda azul) teve problemas durante a prova, mas terminou bravamente. Ele e o Marcos Vilas Bôas são grandes parceiros de treino e responsáveis diretos pela minha melhora no pedal! Não desanima. Vamos buscar nossos objetivos!)

- Sou todo ERRADO. Faço tudo o que não recomendam. Em Penha experimentei a alimentação  NA prova. Em Pira resolvi experimentar a meia de compressão, sem nunca antes ter usado. Aliás, era crítico quanto ao uso delas. Como em medicina o que é certo hoje pode não ser o certo amanhã (e vice-versa), não vou ficar constrangido em ter que adimitir que errei. Não sei se realmente existe algo cientificamente provado sobre melhora de desempenho, etc, etc..., mas a sensação de se correr com elas é boa! Isso é o que basta! Mas fica feio.......e engraçado!

- Por último, um agradecimento especial: Osvaldinho, conhecido por vovOsvaldinho, da inesquecível equipe Patolinos. A galera ainda vai ouvir falar desse cara. Ele foi pra Pira no sábado e no domingo, acompanhou toda a prova, torceu, apoiou e fez uma espécie de laboratório pra uma puta ideia que ele teve. Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance pra colaborar como puder!

Mais uma meta batida! Vou fazer Santos daqui a algumas semanas, mas meu ano esportivo acabou com Pira! 


Estou muito feliz e realizado (por enquanto)!


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

"Causos" de Pirassununga

Uma sugestão da Cláudia é mais que um pedido, é uma ordem!

Então, lá do fundo do baú, vamos resgatar mais lembranças sobre minha experiência militar.

O "universo" militar é constituído de particularidades: o clima é sempre de guerra iminente, tudo é baseado em hierarquias e hierarquizações, o linguajar é característico, quase um dialeto. Por exemplo, qualquer atribuição, por mais corriqueira que seja, é uma missão; aula é instrução. Esqueça A de amor, B de bola, C de casa....A de alfa, B de Beta, C de Charlie, D de delta e assim vai.

Como eu disse no post anterior, o fim da "instrução" militar (os dois meses nos quais o básico do BÁSICO do treinamento militar seria passado à um bando de moleques e dondocas recém formados - essa é a imagem deles sobre as pessoas nas condições em que eu me encontrava naquela época) previa uma "missão" à Pirassununga. Lá, além de mostrar aos "estrelados" nosso aprendizado como soldados, teríamos algumas aulas complementares sobre como montar guarda em uma operação de guerra, técnicas de sobrevivência na selva, até alguns requintes de crueldade como o tratamento a prisioneiros de guerra.

Os preparativos para essa missão incluía uma certa tortura psicológica: a todo momento éramos lembrados que lá, seríamos o "cocô do cavalo do bandido". Se entramos na Força como aspirantes à oficiais, e por isso, com ascendência sobre todos as patentes menores, como soldados, cabos, sargentos e suboficiais, nesta missão, TODOS eram instrutores (alguns instrutores seriam soldados ou quaisquer outros militares com patentes menores às nossas) e por isso, alguns iriam à forra. Iriam tirar o recalque. E BOTA RECALQUE NISSO!

Era uma quarta feira. Todos com caras de assustados com as mochilas, fuzis com baioneta e capacete PESADÍSSIMO sobre as cabeças. Claro, além de camuflado e coturno, num calor de final de março. Esse seria nosso figurino para os próximos 3 dias. A volta era prevista para sexta, mas nada era dado como certo..."portanto, avisem os papais e mamães que não sabem quando voltam....OU SE VOLTAM".

O tempero de tudo isso chamava-se C-130, mais conhecido como Hércules. Um avião militar enorme, com asa alta, quadriélice (nenhuma delas poderiam estar em sincronia, ou então o avião cairia, segundo as intimidações pré voo), muito usado em transporte de tropas, paraquedistas ou cargas.

Muitos estavam com medo do acampamento, outros muitos com medo do avião. Eu estava morrendo de medo de me estourar todo e não conseguir fazer a etapa do Troféu Brasil de Triathlon, que aconteceria no domingo daquela semana, em Santos.

E fomos pro acampamento!

E não foi NADA parecido com os acampamentos no Rancho Ranieri, que eu fazia com a escola!

Saímos do avião, fomos divididos em 2 ou 3 pelotões (sem bikes), cada um com líderes que, dependendo do desempenho em comandar a tropa, seria trocado pelos comandantes da operação.

Foram entregues 3 sacos, com lonas, ferros, ferramentas. Eram barracas! Não eram iglus. Não tinham manual de instrução!

Horas pra se montar as tais barracas!

Terminado isso, Ordem Unida, agora com fuzis: APRESENTAR ARMAS, DESCANSAR ARMAS....horas de pé. 

A noite caía e nada de considerarem apresentável o que viam! Não me lembro de ter comido. Fomos dispensados para dormir por volta das 2 da manhã, mas com a obrigação de montar guarda permanente em volta das barracas. O inimigo estava por toda parte.

Às 5 da manhã do dia seguinte, uma série de morteiros são detonados atrás da barraca. A guarda completamente ineficiente não percebeu! Acordei SURDO!

Num pequeno lapso de bondade, foi-nos oferecido um café da manhã com a recomendação: "COMAM, SEM EXAGEROS, MAS COMAM. NINGUÉM SABE QUANDO OU SE VAI TER COMIDA DE AGORA EM DIANTE".

E estávamos todos em fila, preparados para a "volta ao mundo" (como eles chamavam o caminho até a área de acampamento). Horas andando no sol de rachar, com mochila nas costas, capacete na cabeça e fuzil na mão. Não era um caminhar relaxado. Era um caminha militar, quase uma marcha. À todo momento existia o risco de ataque inimigo e, desta forma, precisávamos nos entrincheirar quando era dado o alerta!

Depois de 6 a 7 horas andando assim, a sede era insuportável. De vez em quando nos reuniam e davam um copo que era pra ser dividido em 20, 30 pessoas. O último tomava a baba de todos os outros!

Antes de chegarmos ao acampamento propriamente dito, algumas "instruções" (aulas) no meio do caminho. Como éramos filhinhos de papai, não éramos obrigado, mas quem quisesse, poderia experimentar bigatos (larvas que crescem em madeira) e outras coisas relacionadas à sobrevivência na selva! 

Vou te dizer que em nenhum treino ou prova até hoje senti tanto stress, cansaço ou sede! A famosa frase PEDE PRA SAIR não existia, mas a todo segundo era repetido o equivalente "PEDE DESLIGAMENTO 06. PEDE DESLIGAMENTO". E aquela cena do durão, chorando e pedindo pra sair...acontece mesmo! Os que mais falam que vão "fazer e acontecer" durante as aulas teóricas, são os mais visados...e sim, conseguem tirar essas pessoas do sério!

Depois que terminou essa primeira parte, aliviou. No acampamento, serviram UM PUTA almoço! Esqueçam lavagem com vômito do Tropa de Elite. Comida BOA de verdade...claro, éramos aspirantes a oficiais, filhinhos de papai!

A noite caiu. Banho com tempo contadíssimo. Obrigatório fazer a barba. Jantar. Aprendemos a mexer com granadas. Aprendemos como proceder com prisioneiros de guerra e acredite, não é NADA legal ser um deles! Aprendemos a montar uma guarda eficiente e, com a noite alta e notícias de um lobo guará rondando o acampamento, testemunhei o céu estrelado mais bonito que já vi (e olha que meus pais tiveram sítio em uma área afastada de Ibiúna até bem pouco tempo atrás),

A manhã do dia seguinte veio! Como líder eficiente do meu pelotão, escolhido no meio da tarde do dia anterior e não mais destituído (os caras rachavam o bico das broncas que eu dava na minha tropa), fui premiado com a volta de todos para o refeitório da base (fora da área de acampamento) em caminhões. Ninguém aguentava andar de volta. Aí que percebi que estávamos do lado da base aérea. A tal "volta ao mundo" era realmente uma bela volta pelo caminho mais longo pra se chegar no lugar pretendido.

O retorno a Sampa, já disse - de ônibus, infelizmente. Teríamos que cruzar a marginal Tietê em direção à Guarulhos em pleno horário de rush. Todo mundo largado, deitado no corredor do ônibus. 

Não consegui forças pra ir à formatura do meu irmão. Estava eu "meio limpo", desmaiado no sofá da sala de televisão da (então) minha casa. Nem lembro dos meus pais ou irmãos chegando aquele dia.

Foi legal. Um mundo à parte, do qual com certeza eu não me encaixaria nunca, mas como experiência foi bem interessante.

Consegui ir pra Santos no dia seguinte (um sábado). Lembro de ter feito a prova, mas realmente não lembro do desempenho. Claro que não deve ter sido dos melhores.



terça-feira, 16 de novembro de 2010

Academia da Força Aérea - Pirassununga


Sábado agora, dia 20/11 eu vou pra Pira, fazer o Triathlon Long Distance naquela cidade, dentro da academia da Força Aérea. 

Será meu segundo meio iron; o primeiro lá em Pira, prova tradicional.  Apesar disso, vai ser em um cenário já conhecido! 

Acredite ou não, eu estou na foto acima. Acho que era o nº6 (sabe o negócio de chamar o cara pelo nº, popularizado pelo Tropa de Elite? É assim mesmo!)

Mas o que eu estava fazendo alí?

Bom. Todos os formando na área da saúde (médicos, dentistas, veterinários, farmacêuticos) são automaticamente realistados, homens e mulheres! 

Eu estava meio de saco cheio. Os dois últimos anos da faculdade (o internato) são MUITO cansativos. Meus últimos 6 meses antes da formatura foram de estudo insano para a prova de residência. A especialidade que eu havia escolhido (radiologia) era uma das mais concorridas e neste caso, não existia uma segunda chance! Não passou na prova, não tem cursinho no ano seguinte! Vai ter que se virar, dar plantões em PS de periferia, etc.

Minha decisão por passar um ano na aeronáutica voluntariamente, quase matou meu pai de susto. Geração traumatizada pelos governos militares, movimento estudantil perseguido, etc, etc.

Mas o que ele tinha dificuldade para entender é que eu não queria fazer parte dos porões da ditadura. Não queria virar "milico" como ele dizia! Queria sossego, trabalhar meio período. Queria ganhar mais que o dobro do que ganharia como residente,  sem plantões noturnos.

Claro, tudo isso só faria sentido se passasse na prova de residência e pudesse trancar minha matrícula para o ano seguinte! E poderia, desde que passasse na prova (vestibular é fichinha perto disso).

O ano de 1998 começou em Floripa e começou MUITO movimentado. 

Voltando do surf na Praia Mole, fomos recebidos (eu e amigos da faculdade) no portão da casa onde estávamos com a notícia que todos havíamos passado na prova de residência da Santa Casa, inclusive eu, o caso mais difícil por causa da concorrência! 

Poucos dias depois, duas porradas: a morte do meu avô, por metástase de melanoma  e da namorada do meu irmão Marcelo, de leucemia!

Enfim...

Começava meu ano de aeronáutica! Dois meses de ordem unida. Fui aprender a ser "milico". 

O fim do treinamento era um acampamento na Academia da Força Aérea! Saímos da Base Aérea de Cumbica (na mesma estrada que alguns pedalam) com o C-130 aí da foto, parecendo um carregamento humano. O avião não tem acentos. Fomos no chão, mas apesar do desconforto, o bichão voa suave. Chegamos à Pira no meio da tarde!

Foram 3 dias insanos, cruéis! Acho que nunca fiquei tão cansado na minha vida. A volta, de ônibus, foi engraçada! O pessoal se espalhou no corredor do ônibus para dormir! Perdi a formatura do meu irmão na FAU-USP porque cheguei em casa e desabei no sofá, de camuflado e coturno!

Depois disso, cada um foi para uma unidade ou hospital da aeronáutica, exercer o que sabia (ou achava que sabia): a medicina.

E olha, sabe aquele ditado que diz: se cobrir é circo, se cercar é hospício! Mais ou menos isso mesmo.

Depois de 1 ano, dei baixa na aeronáutica, saí como segundo tenente médico, coisa que só me foi útil poucas vezes, quando fui parado em batidas policiais. Depois fui roubado e perdi minha identidade funcional, sem direito à segunda via. Carteirada nunca mais...rsrsrsrsr. 

Fiz minha residência. Não virei "milico". Nisso,  lá se vão 12 anos!




Estou prestes a voltar pra AFA. Desta vez, meu avião não vai ser um Hércules (C-130). Quero voar baixo, com minha super bike!


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

200 Dias

Às 7 horas da manhã, no dia do meu aniversário de 38 anos, o contador mostra o tempo que falta pro Ironman Brasil 2011.

200 dias.

opa, agora já são 199 dias, 23 horas, 59 segundos...

xi, 199 dias, 23 horas, 58 segundos....

caraca....199 dias, 23 horas, 57 segundos....

O tempo corre...


melhor....VOA!




terça-feira, 9 de novembro de 2010

Day Off


... do trabalho!

Interessante. 

Hoje não foi difícil sair da cama às 4:40 da manhã. 

Talvez pelo calor dos últimos dias aqui em São Paulo, ou ainda, talvez porque é o segundo dia seguido que vou pra cama às 10 da noite.

Fiz meu treino de bike, aliás, fiz quase 10 km a mais o que dizia minha planilha, com um tipo de série que pouca gente gosta, um contra-relógio de 20 km, sozinho, sem o pelotão (o MPR em pessoa chegou lá e mudou TODO o treino, mas não pude fazer tudo o que ele queria, então fiz um meio termo entre o que disse o CHEFE e o que disse meu treinador e pupilo do CHEFE, o Emerson Gomes, que aparentemente está de férias).

Saí de lá, quase sem pressa. Às 8 horas tinha que levar o carro para a revisão. 

Feito isso, fui pra casa e decidi ir nadar. Como estava sem carro, fui à pé.

E lá fui eu pelas ruas da City Lapa, um bairro aqui em Sampa estritamente residencial, muito arborizado, em direção à academia, no meio de uma manhã de muito sol, calor, céu azul. Apenas de camiseta, bermuda, chinelo, mochila pequena e óculos escuro.

Fui prestando atenção nas casas, nas pessoas, no movimento....enfim, em tudo o que não dá pra ver quando estamos de carro. Mesmo porque, quando nos vestimos com nossos carros, mudamos a forma de encarar o mundo. Pra BEM pior!

Vi que existe um mundo totalmente diferente do mundo onde eu vivo. O meu mundo me faz acordar às 5 da matina pra trabalhar. Tranca-me em um lugar fechado e sem janelas durante 6 a 10, até 12 horas todos os dias, com rotina estressante, relações pessoais estressantes, decisões estressantes.

Um trajeto de cerca de 4 km, com pessoas caminhando, conversando em frente aos portões das casas, passeando com cachorros, trabalhando também. Tudo isso em quase 1 hora, sem muita pressa de chegar.

Academia, treino de natação com água muito boa, até geladinha, o que é de se estranhar para uma academia. Treino "sussa" em fase de "polimento" pra Pira, que se aproxima. Depois, almoço por lá mesmo e novamente caminhada para casa. Desta vez pelo caminho mais curto, pra dar tempo de ir pro Pilates e ainda pegar o carro no final da tarde.

Dá vontade de deixar o carro na revisão todos os dias....quer dizer, não dá não....de repente um golpe de realidade e a conta da concessionária.

Ainda não dá pra levar vida de aposentado e nem de milionário.

Mas não seria NADA mal!



P.S.: Cheguei à conclusão que o que cansa MESMO nessa vida de treinos, triathlon, trabalho, família.....é TRABALHAR! O resto, dá pra tirar de letra!

sábado, 6 de novembro de 2010

Show de Rock n' Roll


Tentei voltar ao foco (odeio essa palavra usada nesse sentido, parece jogador ou técnico de futebol tentando falar difícil) original, mas a vida é muito mais que treinos e provas.

Ontem (05/11) fui a um show que confesso, nunca esperei que fosse ver na vida.


Antes de mais nada, um desabafo, ainda adrenado pelo que vi e o que ouvi ontem:

POSER, HAIR METAL, GLAM METAL É O CARALHO!

O que eu vi e ouvi ontem foram 5 músicos espetaculares (nem precisa falar, mas eu vou falar, com um dos melhores guitarristas que existem no rock and roll, John Norum), num show limpo, empolgante, sem frescura e sem nenhum artifício pra desviar a atenção da performance deles e da música que eles estavam tocando.

Fiquei pensando: como uma banda dessas toca pra menos de 2000 pessoas enquanto um Black Eyed Peas, cujo MAIOR atrativo é a vocalista, mas não exatamente pelo que ela canta e sim pelo que ela aparenta (nesse quesito ela é sim espetacular), toca num Morumbi lotado (toca????? será que o verbo é esse mesmo? NÃO GOSTO DE MÚSICA ELETRÔNICA DE NENHUM TIPO). Enfim, gosto é que nem....bom, já sabem!

Pior, como uma banda dessas tem esse estigma que no mundo do rock é depreciativo: POSER, hair metal e outras babaquices rotulantes. 

Rótulo é (MUITO) legal em uma garrafa de vinho!

Então, um pouquinho de conhecimento pra iluminar a ignorância de quem joga a pedra antes de saber o motivo.

Ouvi Europe pela primeira vez no verão de 87. O som era (claro) The Final Countdown e tocava no último volume em um carro, no meio do agito em uma sorveteria na praia! É impossível ser indiferente a esse riff de teclado. É genial, é espetacular (mais espetacular ainda é o solo de guitarra dessa música, mas isso eu só fui descobrir bem depois).

Virei fã. Comprei o bolachão, depois CD. Comprei todos os CD's que encontrei deles depois disso. 

O engraçado, como diria uma antiga professora de história, depois do auge, sempre vem a decadência. A decadência deles foi o próprio caminho para o auge!

Quem taxa os caras de poser, não conhece o trabalho deles antes do The Final Countdown (1986), que foi o 3º disco. Nesse disco, muita coisa mudou na trajetória dos caras: Como a grande maioria das bandas de rock da época, o caras passaram a usar roupas estranhas; Cabelos....compridos e armados (hair metal), Maquiagem. 

No caso específico do Europe, por causa da FORÇA do riff do teclado da música The Final Countdown, esse passou a ser o instrumento dominante, apagando a guitarra que era o pilar que sustentava o som da banda até então. Descontente com esse caminho, Norum ("O" guitarrista) caiu fora antes da banda entrar em turnê pra divulgar o que seria o início do sucesso mundial da banda, no início de 1987, iniciando uma excelente carreira solo (quem quiser ouvir um resumão dessa fase dele, Face it Live, de 1997, ao vivo).

O cara que entrou no lugar dele, o Kee Marcello é tão bom quanto, mas com estilo e técnica diferentes e principalmente mais maleável por não ser membro original da banda, permitindo que entrassem num período comercial, dando pilha pra quem acha que hard rock é um "heavy metal gay".

A banda acabou em meados dos anos 90, época do grunge!

Na virada dos anos 1999/ 2000 (erradamente chamada de virada do século), os caras se reuniram no país deles, a Suécia e fizeram um show histórico, tocando The Final Countdown (link pro youtube nome da música) numa temperatura CONGELANTE, ao ar livre, com os dois guitarristas, Norum à direita do palco e Marcello, à esquerda, com gorro e óculos.

O caminho para a volta estava aberto. E a volta foi triunfante (pra quem é fã, como eu). Começou meio que timidamente com um disco chamado Start From the Dark (título bem apropriado) em 2004 e veio com força total com Secret Society, em 2006. Esse último, um disco com a cara do Norum, sem concessões!

Então, pra quem tem coragem e não tem PREconceitos, indicações pra se conhecer o Europe, além das baladinhas e dos riffs de teclados:

Europe - 1983
Wings of Tomorrow - 1984
Secret Society - 2006

O último disco lançado, Last Look at Eden (2009) volta a ter mais teclado, mas tudo em harmonia. Destaque para a última música, In My Time (também com link pro youtube no nome da música),  um blues tipo Gary Moore, feito pra esposa do Norum que morreu recentemente de câncer. O som da guitarra é um lamento durante toda a música e o último solo (nos 2 minutos finais), a explosão de fúria em forma de tristeza, no solo mais bonito que eu já vi!

E pra quem chegou até aqui neste post, um pouco do que foi Europe ao vivo em SP, filmado por mim mesmo, com o celular (reclamações sobre qualidade do audio e vídeo com o titio Steve Jobs)




E claro, o solo do Norum, ESPETACULAR!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sonho doido, Prova doída!



Todo mundo sabe, ou pelo menos já ouviu falar que o sono tem um papel muito importante nas nossas vidas. 

Enquanto dormimos, "organizamos" as situações vivenciadas, consolidamos aprendizados e pra quem ainda está nessa feliz fase da vida, até crescemos de tamanho (nada contra meus 1,70m e muito menos contra meus 38 anos a serem completados brevemente, idade na qual não costumamos crescer há MUITO tempo, pelo menos pra cima).

Isto significa dizer que, enquanto todo o corpo descansa, uma parte vital trabalha com força....a cabeça, o "CÉLEBRO".

Minha filha falou muito durante esta noite. Se acordada ainda é difícil entender tudo o que ela tenta dizer, imagina dormindo. Dava pra pescar um "papai" aqui, uma "mamãe" ali, mas infelizmente não dava pra saber o que se passava dentro da cabecinha agitada de uma criança de 2 anos.

Eu também tive um sonho muito agitado e muito engraçado (pelo menos eu achei) e esse post é sobre isso.

Sonhei que estava fazendo a prova pra qual estou me preparando atualmente, o Long Distance de Pirassununga (distância meio ironman).

O que tem de engraçado nisso? As transições.

Antes, deixa eu explicar rapidamente uma das minhas funções como médico radiologista.

Além de ficar sentado, de frente pra um negatoscópio cheio de filmes, um computador e um telefone que não para de tocar, também ponho a "mão na massa". Faço punções articulares pra injeção de contraste pra um tipo de exame de ressonância chamado artrorressonância, pedido por ortopedistas em determinadas situações. Não é um exame MUITO agradável, afinal a agulha tem que ser longa o suficiente pra se chegar dentro do ombro ou do quadril, por exemplo (pra quem tiver acostumado, uso um Gelco 18).

Beleza....voltando ao sonho: as transições desta prova incluíam punções articulares.....cada um na prova tinha que sentar numa cadeira parecida com aquelas para doação de sangue e com uma AGULHA ENORME, tinham que espetar os próprios ombros, sob pena de acrescentar 5 minutos no tempo final pra quem não conseguisse.

Meu sonho terminava na linha de chegada, puto da vida por ver que apesar de ter feito tudo certinho, fiquei atrás de todo mundo que não tinha conseguido se espetar. A dor era tanta, que perdi mais tempo que a punição imposta pra quem não tinha se "auto flagelado".

Sonho doido (e doído)!

Interpretações: 

1 - a prova já tá no meu radar!
2 - preciso de férias!

O legal é que lembrei do sonho entrando na sala de exames pra um procedimento destes. Contei pra auxiliar de sala e pro técnico da tomo que estavam me auxiliando. Quase caíram no chão de dar risada!

E que venha Pira, sem agulhas por favor!



domingo, 24 de outubro de 2010

Má Educação

Quem anda, corre ou pedala nas ruas, treinando ou simplesmente passeando, tem que seguir uma lei: Tome conta de você mesmo. Ninguém liga a mínima.


Hoje, no meu "longuinho" de corrida, 18 km nas ruas dos bairros vizinhos, quase fui atropelado. Não vi o carro chegando? Sim, ele estava parado no farol vermelho. Ele me viu? CERTAMENTE. Avisei minha intenção de atravessar (sobre a faixa), quase implorando que esperasse. Não esperou. Assim que o sinal ficou verde, arrancou.

Outro exemplo recente, dentro da USP: um carro sai do bolsão da psicologia e quase pega um dos amigos de treino que descia uma pequena ladeira a uns 40 km/h. Passado o susto vi que o carro, um gol prata, ostentava um adesivo na traseira com o famoso (pra quem faz triathlon) M vermelho. O cara pedala (mesmo que não pedalasse) e não respeita um colega de treino, mesmo que de outra assessoria.

Por isso, MUITO CUIDADO sempre. Pense por você e pelo descerebrado que vai tentar te acertar. Melhor ainda, tomemos cuidado extra para não repetirmos essas atitudes!





segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dia do Médico?

Acho que aos poucos estou fugindo do objetivo primário do blog, mas prometo resgatar em breve o mote original.

Algumas coisas não podem ser deixadas de lado.

18 de outubro - dia do médico.

O que vamos comemorar exatamente?

A forma como somos tratados por quem deveria nos valorizar, entre estes, os próprios colegas de profissão, os pacientes, as pessoas que nos pagam (leia-se convênios médicos).

Um dia, há não muito tempo, essa escolha já foi motivo de orgulho para a família e, não raro, a inspiração vinha de dentro de casa mesmo. Quantas gerações de médicos não se via dentro de um mesmo núcleo familiar. Minha mãe é médica, por exemplo.

Tirando-se casos pontuais, acho cada vez mais difícil isso continuar a acontecer.

Perdeu-se por completo o respeito e quando falo isso, não faço do médico o ser divino inquestionável. É o respeito que se deve a alguém que no mínimo dedicou 6 anos da vida à graduação, outros 3 ou 4 anos à especialização (residência) e que mesmo assim, continua sempre a aperfeiçoar-se sob o risco de ser engolido pelo trem rápido (ainda bem) do avanço científico/ tecnológico.

Somos roubados por convênios, por todos os lados. Como pacientes pagamos fortunas, reajustadas religiosamente todos os anos. E me pergunto: pra onde vai esse dinheiro? Procedimentos cirúrgicos, consultas, exames pagos com valores irrisórios (de verdade), por anos não reajustados, defasados. E se todos nos mobilizarmos contra isso? Sempre vai haver quem seja condescendente e aceite trabalhar com valores cada vez menores. Isso acontece todos os dias e pior, essas pessoas "condescendentes" estão tomando conta do mercado. O futuro, muito pior que o presente.

Somos desrespeitados pelo volume de informações duvidosas e superficiais a que todos temos acesso hoje em dia. O Dr. Google é o médico mais popular e visitado do mundo. Todos achamos que de médico e loucos temos um pouco. Será? Lembro bem de uma passagem da minha vida, enquanto era aluno da faculdade. Uma parente de uma antiga namorada perguntando: "Como é a faculdade de medicina? Vocês ficam estudando bulas de remédios????". Como se ser médico fosse apenas dar o remédio (de preferência certo) pra cada doença. É APA (duvido que você "me leia", mas preciso dar o crédito pra sua frase, dita em outro contexto, que o "excesso de informação também gera distorção". Acho que não é nem o excesso, mas sim a informação de má qualidade).

O mercado é inundado anualmente com médicos recém formados mal preparados, por escolas que recebem concessão de ensino pelo MEC que só querem saber do dinheiro da mensalidade e que não apresentam estrutura mínima para o ensino médico.

Por fim e, na minha opinião, o mais assustador, somos desrespeitados até entre nós mesmos. Tenho inúmeros exemplos vividos na prática, no dia a dia, mas não vale a pena serem assim expostos, sob o risco de se repetir uma prática cada vez mais comum: a atitude anti-ética (ou seria antiética???).

Não sei se incentivaria a minha filha se ela escolhesse essa profissão.



segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Carimbos no Passaporte Virtual


  

Brasil
2.358
Estados Unidos
114
Japão
27
Canadá
20
Portugal
9
Espanha
4
Reino Unido
2
China
1
Alemanha
1
Croácia
1

Não conhecia essa ferramenta do blog: Estatísticas

Olha que legal. Desde que o site está hospedado aqui no blogspot, já viajei pra muitos lugares, alguns totalmente inesperados como Croácia, China.....China????????

Tenho um contador de países na coluna da direita do blog, com visitas herdadas ainda do outro site (Abril)  do Marrocos, países escandinavos, Russia, França, Austrália (só pode ser o brother aussie) entre outros, mas acho que essa ferramenta não é muito confiável.

Outra ferramenta legal é a origem do tráfego. A partir de quais sites as visitas são originadas. A imensa maioria das minhas visitas vêm do blog da Cláudia, mostrando a popularidade do blog dela. Outros vêm de procuras pelo google, blogs de pessoas como o Kiko, que já se identificou e trocamos mensagens, algumas experiências e a certeza de nos conhecermos em Floripa no ano que vem. Existem também blogs que me seguem mas que nunca entraram em contato e por acaso descobri que estou na lista de blogs favoritos dos seus autores.

Povo tímido! Até mais que eu!

Vamos mostrar as caras.

Pô, muito curioso pra saber quem me visita tanto dos EUA, do Canadá, do Japão ou dos que esporadicamente me visitam de Portugal, Espanha, Inglaterra, CHINA!

Mandem mensagens, comentários.

Sei que as vezes os textos não são interessantes pra todo mundo ou não contribuem diretamente para aumento da experiência no esporte, mas antes de tudo, esse blog é um DIÁRIO DE BORDO, o meu diário de bordo. 

Falo o máximo que eu posso sobre o meu enfoque à cerca de coisas que possam interessar às pessoas,  mas também falo de coisas que só interessam a mim, como o último texto.

Quero continuar a dividir o que aprendo e, antes de tudo, quero continuar a aprender!

Vamos combinar?

Quem passar por aqui pela primeira vez (ou mesmo os habitués que nunca se identificaram) de outros países ou mesmo dentro desse enorme Brasil vai deixar um comentário. Nem precisa ser referente ao texto lido. 

Vou ver se acho alguma ferramenta do tipo "livro de visitas".

Se quiser, clique no box "Seguir".

Simples assim:

Sou FULANO, da CHINA (da CHINA??????????), te achei deste jeito e passei pra uma visita!

ESPETACULAR......CHINA?!?!?!?!?!?!?!?!?!