quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Em 2011...

No dia 1º de janeiro de 2011, eu ganhei esse depoimento:


A Júlia tinha 2 anos e meio, ainda não falava muito bem, mas já era uma tagarela e tudo o que foi dito aqui foi de forma espontânea. 

De tanto ouvir falar em ironman, ela sabia que era importante pra mim e que era uma competição que eu nadava, "andava" de bicicleta e corria. 

Nesta época estávamos concretizando a compra da nossa casa nova e isso abria a perspectiva de um irmãozinho (ou irmãzinha....mas não seria Vitória se fosse menina).

Tudo isso aconteceu.

Casa nova.

Ironman.

A gravidez do Guilherme.

Foi ou não, um ano inesquecível?

Como eu acredito que não vá mais escrever este ano, queria dizer que foi sim um ano pra nunca mais se esquecer. Espero que todo mundo que esteja nesse barco comigo tenha tido um ano igual. 

Que 2012 seja ainda melhor pra todo mundo.

Pra mim vai ser. Apesar de não poder fazer o ironman, o ano novo vai me trazer algo muito maior e mais importante.

Que venha 2012! 

Ainda mais legal, diz aí Jujú!!!!!

Feliz ano novo!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

"Tire o Chapéu que Nossa Escola vai Passar"

Minha manhã começou com um vídeo no YouTube sobre a minha escola médica - A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, ou só Santa Casa.



Fiquei com vontade de escrever sobre "ela".

A Santa Casa entrou na minha vida (ou eu entrei na Santa Casa) como uma lição de humildade.

Fiz apenas dois vestibulares no ano de 1991: Fuvest e Unicamp.
 
Pra ser bem sincero, o vestibular da Unicamp eu fiz beeeeeeeeem "nas coxa".

Excesso de confiança? Talvez, mas não era só isso.

Em uma noite em casa, durante um jantar, percebi que eu só poderia passar nas faculdades que faziam parte da fuvest (USP, Paulista, Santa Casa e Ribeirão Preto). Fui muito questionado quando falei que iria fazer inscrições para unesp e outras escolas (boas escolas) no interior. Fiquei puto e meus argumentos só pioraram minha situação. Lembro que disse que não podia ter a pretensão de querer passar numa USP, depois da lambança do vestibular em 1990, quando nem da primeira fase eu tinha passado.

Como assim, "pretensão"????? Enfurecido, ouvi meu pai dizer (com razão, hoje eu vejo) que me deu uma das melhores escolas de SP (Palmares), me deu apoio quando não passei da primeira vez, fiz um ano de cursinho, nunca trabalhei. Eu tinha obrigação de ter um bom resultado. Claro que na época, não gostei. Mas afinal, pais geralmente têm razão.....geralmente.

Nas férias de 1992, em janeiro, num dia de chuva na praia, o resultado. Não passei....em nenhuma delas. Pelo menos não em primeira chamada.

Na hora o chão faltou. Fiquei imaginando mais um ano de estudo das 7 da manhã às 10 da noite, como no ano anterior. Não aguentaria. Decidi que faria biologia.

Fui consolado, talvez com a possibilidade de uma lista de espera, quem sabe para a Santa Casa, que era paga e por isso, geralmente colocada como 4ª opção. 

Nessa hora descompensei: "E quem quer a merda da Santa Casa???????? Eu estudei pra passar na USP!!!!!!".

Tive minhas férias. Depois, fui trabalhar com o meu pai enquanto as aulas no cursinho não começavam. Estava decidido mesmo a fazer biologia. Não se falava em outra coisa além de genética, projeto GENOMA, etc, etc. Eu estava maravilhado com isso.

Fui conhecer a Faculdade de Biologia na USP. Passei uma manhã espetacular no prédio no alto da rua do Matão, a ladeira onde 10 entre 10 corredores amam odiar, na cidade universitária. Era mesmo aquilo que eu queria fazer da vida.

Mas......

No final da manhã meu pai liga no laboratório onde eu estava, desesperado atrás de mim (na época não existiam celulares, dá pra acreditar????). Até hoje não sei como ele conseguiu me achar lá. Precisava decidir naquele exato momento o que eu queria da vida. Meu nome estava na última lista de espera na Santa Casa e tinha poucas horas pra reunir documentos para a matrícula no dia seguinte.

O chão faltou de novo! 

A "merda" da Santa Casa me queria. E eu, com 19 anos, o que queria?

Eu fui. Claro que eu fui!

Foram dez anos lá dentro. Dez anos intensos. Seis de faculdade e mais quatro de residência.

Quem não conhece a Santa Casa, vale um passeio, principalmente em setembro quando os ipês amarelos ficam carregados e existe até um concurso fotográfico com esse "mote". O prédio principal multicentenário em tijolinhos aparentes parece um castelo gótico, com torres altas e colunas formando arcos em forma de ogiva. Os corredores são sombrios e nos tetos também se vêem arcos em ogiva. Existem infinitos corredores subterrâneos. 

Essa aparência  misteriosa rende até hoje muitas histórias como a da "Freira sem cabeça" ou os fantasmas que muitos colegas insistem em já ter visto no prédio da radiologia.

A realidade é que a Santa Casa é maravilhosa.

Dizem que o conjunto nasceu há mais de 400 anos e já abrigou as faculdades de medicina da USP e da Escola Paulista. Quando estas decidiram que precisavam de prédios próprios, a Santa Casa com sua vocação para ensinar, cedeu o espaço para a FCMSCSP, a nossa Santa. Em 1992, entrei para a XXX turma.

A Santa é diferente de outras escolas médicas. Sua principal virtude talvez seja seu principal defeito. Pra falar a verdade, não sei mais como é hoje em dia, mas na minha época a enorme deficiência em aulas teóricas era compensada com o livre acesso às enfermarias e aos doentes. Aprendíamos na prática.

Em 1997 me formei. No final do curso, muitos de nós ainda se perguntavam: "quando acontece a mágica? Quando viramos médicos?". Éramos um bando de moleques. Eu tinha cabelo comprido. As atitudes não eram as que se esperavam de médicos. 

O que ninguém sabia na época é que a mágica estava sendo feita ao longo de todos os anos, desde o primeiro dia de aula.  A Santa Casa exigia muito do nosso esforço, da nossa vontade, mas generosamente oferecia muito em troca. Pessoas com quem aprendíamos todos os dias. E aprendemos muito com todas elas. 

O médico da Santa Casa tem sim uma relação muito especial com a escola, com o hospital. Na verdade não existe uma escola ou um hospital....um está no outro e um não existe sem o outro.

Areguá, Santa!


 Obs: O título é parte do hino da faculdade.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

VAI ABRIR UMA VAGA!!!!




Hoje fiz o que ensaiei durante muito tempo.

Mandei um email pra Latin Sports desistindo oficialmente da minha inscrição pro Ironman Brasil 2012. Já recebi resposta e já enviei os dados para o reembolso.

Sem dramas, sem crises, sem frescuras. 

Simples assim: Não vai rolar. Não vou fazer.

Tinha um motivo pra eu ter chegado decidido na entrevista no escritório da MPR no final de abril de 2010, pro susto do então meu futuro treinador: "eu vou fazer um ironman em maio de 2011. Você está comigo ou vou bater na porta do Butenas?" (essa última parte é mentira....ou melhor...é meu campo de distorção da realidade - estou lendo a biografia do Steve Jobs).

Ele tentou argumentar, dizendo que o tempo de preparação ideal para iniciantes na distância eram dois anos. Mas eu já estava nesse ciclo há 1 ano. Não da maneira ideal, mas eu provei que estava comprometido e podia realizar, mesmo nunca tendo feito um meio ironman.

Tinha que ser em 2011.

Eu(nós) tinha(mos) planos de aumentar a família. 

Meu trabalho estava num estranho período de "colaboração" no que diz respeito à disponibilidade para treinar. Não sabia quanto tempo isso iria durar.

Coisas talvez incompatíveis com um ciclo de treinamento com a dedicação que um Ironman exige e merece.

O iron veio e foi. Foi espetacular. Tudo deu certo e mostrou que tenho potencial para melhorar.

Depois, o que eu esperava aconteceu. O esquema de trabalho mudou. Muita gente saiu diante da nova proposta e ninguém foi colocado nestes lugares vagos. Estou trabalhando muito mais que há dois ou três anos.

No início de junho eu ainda não sabia, mas pouco depois viria a saber que estávamos novamente grávidos. Cheguei a pensar em planos mirabolantes para uma babá ajudar nos meses de março, abril e maio, quando os treinos chegar a durar 7 horas num único dia aos finais de semana. 

Mas eu não sou assim. Tenho orgulho em dizer que acordei em todas as madrugadas que a Julia chorou quando recém nascida (e até hoje.....mulheres!!!!!). Se não podia dar de mamar, ficava acordado com a Vi, por solidariedade ou então me encarregava de fazê-la arrotar (pra quem não tem filho, são 15 ou 20 minutos intermináveis quando o relógio marca 2 ou 3 horas da manhã). Curti isso. Não vou deixar uma babá fazer isso por mim.

Depois veio a lesão. Fratura por stress? Impacto do quadril? Não tenho mais dor. Voltei a nadar. Pedalo de vez em quando, passeando. Nunca mais corri desde o dia 03/07/2011. Tenho medo.

Muita gente vai pensar que dor não é privilégio meu. Vivemos com dor.

Essa dor foi diferente. Atingiu diretamente minha autoconfiança. 

Sempre nadei e tive dor no ombro. Parava dois dias, melhorava e voltava a nadar. Sabia que não era importante. 

Corria e tinha dor no joelho, na patela. Sabia que não morreria disso e sim, morreria COM isso. Cheguei a ficar algum tempo parado quando a dor apareceu. Voltei a correr com faixas nos joelhos e depois, por incentivo do meu atual treinador, abandonei-as. Sabia que não era nada pra me preocupar.

Desta vez é diferente. Algo me martela na cabeça. Desta vez é sério. Sinto vontade de voltar a treinar como antes. Mas, mais do que vontade, tô com um cagaço enorme de ter meus movimentos prejudicados quando for mais velho.

Penso que o Ironman está lá. Sempre vai estar. A tendência é até termos mais de uma prova "nas redondezas". Existem outras trinta e tantas ao redor do mundo. Tenho 39 anos. As categorias vão até 70 anos (ou mais).

Tenho certeza que vou fazer outra(s) prova(s). Vou fazer do meu jeito e sei o que quero dizer quando digo isso.

A única coisa que não consegui ainda resolver é se tenho vontade de continuar com o blog. Adoro escrever e expor o que sinto. Nem esperava que alguém fosse ler. Talvez se continuar, nem faça tanto alarde, colocando lembretes de compartilhamento no facebook, que às vezes acho que mais incomoda do que faz lembrar às pessoas que queiram ler. Já não sei se tenho muito a acrescentar.

Se minha vaga for mesmo colocada "à venda" de novo, vou ficar feliz se souber com quem ficou e poder torcer! Torcer muito.

Boa sorte pra quem for tentar. 

Vamo que vamo! Sempre

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Triathlon, dá uma licencinha por favor


Direita? Esquerda?

De quem?

Quem é esquerda? Quem é direita? E tem o centro? O centro simpático à esquerda? Neoliberais, etc...etc...etc.

Esse conceito de direita e esquerda começou a ser usado na política em 1791, quando da criação da Assembleia Legislativa francesa, após o início da Revolução Francesa (1789), que derrubou o reinado absolutista de Luis XVI.

Nesta Assembleia, os Jacobinos, representantes do proletariado e da pequena e média burguesia, sentavam-se à esquerda e os Girondinos, representantes da alta burguesia, à direita.

Era somente uma questão física. De espaço. Todos eles tinham um ponto em comum: eram contra a monarquia absolutista. Por uma lado, Girondinos defendiam posições moderadas que visavam manter as conquistas e preservar o poder econômico. De outro, os Jacobinos mais radicais em defesa dos seus interesses.

Com o tempo, os termos começaram a ser associados a ideologias. 

E hoje?

Vamos lembrar alguns fatos dos últimos 16 anos, pelo menos:

Vivemos em uma democracia. Desde 1989 nós votamos (novamente) para presidente.

É uma democracia corrupta, mas é uma democracia consolidada!

Falei que ia falar dos últimos 16 anos (ou um pouco mais), porque aí essa história fica mais interessante.

Elegemos um presidente que apesar de filho de militar, autoexilou-se no Chile e na França durante anos, com o início da ditadura militar. Em 1968 voltou ao país e começou a dar aula de Ciências Políticas na USP. No mesmo ano foi afastado de suas funções acadêmicas por força de um Decreto-lei. 

De esquerda.

Fundou um partido com outros políticos na mesma situação: ex exilados que foram perseguidos pela ditadura. O mesmo partido que neste ano foi reclassificado como centro-direita por uma pesquisadora americana, Frances Hagopian.


Seu governo teve como aliado o PFL (hoje Democratas), um partido que antes foi o PDS e mais antes ainda foi Arena, que sustentou a ditadura militar.

De direita.

Mas o melhor ainda estava pra acontecer.

Em 2002, O Lula foi eleito, consagrando definitivamente a democracia. Operário e sindicalista. Eleito e aclamado pelo povo. 

Líder de um partido de esquerda.

Aliou-se ao PMDB. O resto de um partido (e de políticos), depois da criação do PSDB. Um partido sem muito rumo, sem muita definição. 

Em 2010, uma ex-guerrilheira fichada pela polícia, presa e torturada nos porões da ditadura, foi eleita. Mais esquerda, impossível.

Tem aliados no PMDB, PCdoB entre outros. Nomes que vão caindo como dominó vitimas de denúncias de corrupção.

Ideologias caem diante da ideologia do poder.

O PCdoB não tinha comunistas que comiam criancinhas? Que iam colocar flagelados pra morar na sua casa se chegassem ao poder? Hoje eles se associam a bandidos que tiram dinheiro de organizações que deveriam incentivar  esporte. Que deveriam dar uma esperança de um futuro longe do crime.

Mas o que importa é estar no poder. Sai o "João"...entra o outro "João", desde que os partidos não percam a "boquinha".

Onde eu quero chegar com isso?

Na minha modesta opinião apartidária, há algum tempo não existe mais direita ou esquerda pelo exato motivo que eu acabei de dizer. Acabou a ideologia. Todos nós temos posições hoje que se aproximam tanto da esquerda, como da direita. Acabaram-se os "puristas". 

Para eles, os políticos, o que importa é o poder e mamar na teta do governo, às nossas custas.

E esses babacas na USP (estudantes marionetes e lideres desse movimento estudantil débil e sem causa) estão fazendo o quê? 

Querem a USP como ilha dentro da cidade. Querem território livre para quê? Para livre ação de traficantes?

No passado fazia sentido não se querer a PM lá dentro. Mas hoje?

O estopim da ocupação foi a prisão de três maconheiros vagabundos. Durante muito tempo, a própria Ruth Cardoso lutou contra a descriminalização. Não conseguiu. Portanto é crime portar e usar a maconha. E pra ser sincero, cansa muito o papo de maconheiro dizendo que é natural, etc, etc. É droga. Causa dependência física. É porta de entrada pra outras drogas. É crime. Tem um texto ótimo sobre isso (link aqui).

Mas drogas não é assunto do post. Na minha opinião tinha que ser tratado como assunto de saúde pública. 

A PM tem sim que entrar na USP. Apesar dos estudantes acharem que lá é um território exclusivo deles (somos chamados de comunidade externa), lá dentro eles devem obedecer às mesmas leis deste "mundo externo". Fazem passeata por segurança quando um estudante é assassinado? Então aceitem a proteção do Estado. 

Sejam coerentes.

E por favor, façam a barba e tomem um banho.

Amanhã eu quero treinar. Bando de babacas!






segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Medalha de Ouro na Maratona Feminina do Pan...É NOSSA!!!!





“Muitos, qdo digo q meu treinador é o Cláudio Castilho, dizem “não conheço”. Vanderlei Cordeiro ontem pra mim: “nossa, tá bem de treinador”!

Com esse texto no twitter, a antiga colega de assessoria, jornalista, blogueira (Blog Corre Corre) e maratonista das boas, Ana Paula Alfano ou simplesmente Apa (@ApaAlfano), resumiu anos de tentativas de explicar quem era o meu treinador.

Só um adendo, pra dar ainda mais credibilidade, Vanderlei Cordeiro é o mesmo do padre irlandês, maratona olímpica em Atenas...lembra?

Desculpe Apa, mas não consigo imaginar o começo deste post de outra forma. Peço emprestado a sua frase extremamente feliz. Ontem já tinha te dito que achei espetacular sua colocação.

Em primeiro lugar, todos os méritos para a Adriana Aparecida da Silva.

Quem é a Adriana?

A primeira vez que a vi, foi logo após Pequim 2008. Ela tinha acabado de correr uma das primeiras maratonas da vida (acho que em Berlim) e já tinha se dado MUITO bem. Junto com o Jose Telles, o único brasileiro que terminou a maratona olímpica na China, atleta do tal Cláudio Castilho, falou para uma plateia de corredores amadores da assessoria Saúde e Peformance, não por acaso, do treinador em comum, Cláudio Castilho.

Depois sempre via a Adriana treinando  muito forte na USP e nas ruas da zona oeste de São Paulo aos domingos,  segurando duas garrafas de água enquanto corria. Pra mim virou a marca registrada dela.

Parabéns Adriana. Quem viu a sua cara no fim da maratona dos jogos Panamericanos ontem tem pelo menos uma certeza. Você deu o máximo que tinha. Talvez, você tenha dado “aquilo a mais” que diferencia os bons corredores dos campeões! Você aparentava exaustão. Por um momento cheguei a ficar preocupado, mas logo a alegria voltou forte ao ver você abraçando o mestre com tanto carinho, com tanta emoção!

Mas minha homenagem mesmo vai pro cara que está por trás da estrela!

Pensei muito no que escrever. Não queria que fosse um post pra falar que sou “amigo da celebridade”.

Mas não poderia deixar de falar de um cara sensacional, que há 18 anos faz parte não só da minha vida esportiva.

Posso falar de cadeira. Conheço a trajetória profissional dele inteira. Conheci o Cláudio quando ainda estava na faculdade.

Tudo que ele faz é bem feito. Até hoje, só conheço um cara que eu considere melhor do que o Cláudio como treinador de natação (sim natação). Esse cara é o Silvio Kestener e tenho certeza que o Cláudio não vai ficar triste em ficar em segundo lugar pro Sílvio.

Comecei a correr com o Cláudio. Aprendi a correr com o Cláudio. Fui um dos primeiros alunos de sua assessoria. Corri maratona na roubada com esse cara. Depois corri uma decentemente. Foi difícil tomar a decisão de não correr mais com ele. Fiquei triste durante muito tempo. Ele me garante até hoje que nunca ficou chateado com a minha decisão, mas ficaria até triste se acreditasse que ele realmente não ficou.

Frescuras à parte, sempre que o bicho pega, recorro a ele.

Nos treinos pro iron, sempre levei minhas dúvidas pra ele. Nunca tive uma resposta em cima do muro! Sempre ouvi o que precisava. Corri parte do meu longo de 35 km com ele e ganhei a confiança que precisava neste dia!

Minha “benção” pré iron foi com ele. Meu primeiro agradecimento pós iron, depois de ter corrido muito bem, foi pra ele. Aliás, ele foi o primeiro a me ligar depois da prova.

Fico muito feliz por esse cara ter o reconhecimento que merece. Acho que é muito pouco ainda. Tem muito mais pela frente.

Lembro uma vez que ele angustiado, dividiu comigo um momento de escolha profissional. Ele trabalhava no Pinheiros, acho que na escola de esportes e tinha recebido uma proposta de coordenação da equipe de competição do mesmo clube. Será que ele estava achando que o bicho seria maior do que ele poderia aguentar?

A resposta está aí!

Muitos atletas bons já passaram pelas mãos dele. Tenho muita "pena" de cada um deles (o cara é carrasco): Baldaia, Telles, Adriana. Estes pra ficar nos fundistas. Existem muitos outros.

Mais do que estes atletas de ponta, os que estão extremamente orgulhosos, somos nós: eu, Melina, Kiko, Fernanda (estes realmente das ANTIGAS), Apa, Danilo, Wagner, Osvaldinho, Robertinho, Carlão, entre TANTOS outros amigos que são fãs de carteirinha e que muitas vezes (falo por mim) tivemos ciúmes da dedicação dele pela profissão, quando deixava de dar os nossos treinos na USP por causa de reuniões, campeonatos e etc, com o Pinheiros.

Só tenho receio de uma coisa.

Se antes, a figura do carrasco na beira da praça da reitoria gritando “olha o joelho, olha o braço, tronco pra frente” já era intimidadora...imagina agora que o cara tá com o ouro do Pan no peito.

NEGO, você é FODA!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Impacto Femoroacetabular X Daniel Blois

Imagens valem mais que mil palavras.

Não por acaso minha especialidade é Diagnóstico por IMAGEM.

Especialidade desprezada pelos colegas. MAS, o assunto não é este.

O impacto femoroacetabular é exatamente o que o nome sugere: uma limitação da amplitude de movimento do quadril por uma alteração morfológica do fêmur ou acetabulo, levando a lesões de estruturas intra articulares e a médio/ longo prazo, alterações osteodegenerativas...a famosa artrose.

Se você, assim como eu prefere as fotos de um livro, vamos ao que interessa.

Não precisa ser médico ou procurar artigos científicos para entender a bagaça. Vamos só fazer um comparativo simples de casos "de livro" de impacto (à esquerda) e o meu singelo quadril esquerdo, motivo da minha dor de cabeça desde o dia 03/07/2011.



Ângulo Alfa - a explicação é muito técnica. Basta saber que é o ângulo que representa a alteração morfológica do fêmur (osso da coxa) e é o grande responsável por um dos dois tipos de impacto de quadril. O tipo chamado de CAM ou CAME em português e que é mais frequente em homens.
O meu ângulo deu 52º. É um bom número. Abaixo do valor que normalmente está associado a impacto. 



Profundidade do Acetábulo - Se o acetabulo, que é o "soquete" que abriga a cabeça do fêmur, for muito profundo, vai impedir a movimentação normal da articulação. O centro da cabeça femoral normalmente fica fora da cobertura acetabular. Quando a "má formação" é do acetabulo, o impacto é conhecido como PINCER, mais frequente em mulheres. A foto da esquerda mostra uma cabeça femoral bastante coberta por um acetabulo pofundo. O centro da cabeça está cerca de 5 mm pra dentro do limite da cobertura óssea do acetabulo. Na minha, o femur está 7 mm para fora da cobertura óssea.




Lesão Condral - É a erosão da cartilagem que recobre as estruturas ósseas. É a lesão que efetivamente leva à artrose. Nas fotos, a da esquerda mostra um fêmur com ressalto bastante evidente, além da lesão de cartilagem nas setas. O meu à direita, não tem ressalto, mas já tem uma cartilagem um pouquinho irregular. Opa....vamos relembrar...tô batendo nos 40. Tá "seminova"! Dá bem pro gasto ainda!




Lesão Labral - O labrum. Mas afinal o que é o labrum? O malvado que tirou o Guga de combate. O nome diz. Se disser labrum, não soa familiar...mas se disser o equivalente no velho e bom português, lábio, fica mais fácil. É uma estrutura que margeia o rebordo ósseo do acetábulo e serve como estabilizador e protetor articular. Na foto de livro, a lesão do labrum é mostrada pela seta completa. O ressalto femoral é mostrado pelas cabeças de setas. Na minha.....não tem seta....não tem lesão! A imagem está em espelho.



Por fim, meus quadris. O direito à esquerda da foto e o esquerdo à direita.



Imagens valem mais que mil palavras!





 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tempo





Tempo.

Amigo? Parceiro? Aliado? Mano Velho????????

Parece que sempre joga contra.

Quando a gente quer que demore pra passar, passa voando.

Quando a gente precisa que passe rápido, demora uma eternidade.

Um minuto. Sessenta segundos. Imagina uma final de campeonato. Para o time que está ganhando, essa volta completa do ponteiro dos segundos NUNCA se completa. Já para o time que está desesperado por um único gol...o gol que não fez na última hora e meia, passa num piscar de olhos.

E quando o tempo atinge a vida real. As nossas vidas.

Temos que fazer caber coisas que, convenhamos, é impossível.

Um leão por dia...por hora.

As vezes me sinto um homem das cavernas dos dias atuais, tendo que caçar meu sustento, minha sobrevivência numa luta diária.

E cada vez mais, temos que arranjar mais tempo pra um mundo de coisas que se abre todos os dias diante de nós.

Por causa disso, existe uma infinidade de serviços que são nos oferecidos em horários improváveis, para que nós possamos fazer coisas que não mais conseguimos em horários normais. 

Temos farmácias 24 horas, supermercados 24 horas, academias 24 horas. Quase tudo existe a opção de ser 24 horas. Até exames de imagem, a minha área, oferecidos 24 horas. Atendimento de emergência? Naaaaada. Exames marcados. Aquela dor no joelho que incomoda há dois anos, sendo diagnósticada num exame de ressonância realizado às duas da manhã de uma quarta feira qualquer.

Ninguém para pra pensar que a opção de alguns é a falta de opção de outros.

Será que vão inventar o serviço de "família" 24 horas, pra ficarmos com quem gostamos no tempo que nos sobra pra ficar em casa?



sábado, 24 de setembro de 2011

O Super-Herói - Como Ídolos São Construídos

No dia 08/10, todo mundo que gosta de triathlon vai ficar boas horas na frente do computador acompanhando a mãe de todos as provas de triathlon: O Ironman Havaí.

Pra mim é um sonho quase impossível, mas estaria mentindo se dissesse que nunca me imaginei cruzando aquela linha de chegada.

No ano passado assisti a prova fazendo uma verdadeira conferência via Facebook com dois bons amigos que fiz na minha jornada de conquista do Ironman Brasil 2011: os Marcos (Pereira e Vilas-Boas). Passamos horas nos divertindo muito, postando besteiras e torcendo.

Mas....torcendo pra quem?

Os dois anos anteriores (2008 e 2009) foram vencidos por um cara que, na minha opinião, tem o mesmo carisma que...o Geraldo Alckmin...ou seja, é praticamente um pepino que faz triathlon (Craig Alexander).

Os anos anteriores foram vencidos por pessoas como Faris Al-Sutan, Norman Stadler, Chris McCormack, entre tantos outros que não me soavam muito familiares. Gostava das provas com nomes como Peter Reid, Mike Pigg, Mark Allen, Jurgen Zack, Luc Van Lierde, Ken Glah, entre tantos outros.

Não sabia muito bem pra quem torcer, até ver um cara numa bike vermelha maravilhosa! Esse cara magrelo e cabeçudo saiu pra correr em terceiro ou quarto e aos poucos foi destruindo a vantagem que o PODEROSO ciclista Chris Lieto construiu. Na cola dele, um alemão mais magrelo ainda, com faixa na cabeça e top todo aberto, com ar de desleixado, correndo como velocista. Eram eles Chris McCormack, o Macca e Andreas Raelert.



Raelert alcançou Macca no terço final da prova. Por muitos kilometros ficaram lado a lado até que o Macca ofereceu uma esponja. Raelert aceitou, cumprimentou Macca com um aperto de mão e puxou papo. Depois, pelo vídeo oficial da prova, ouve-se o Macca falar: "Parece a Iron War" (batalha ÉPICA entre Allen e Scott em 1999).

Nasceu aí, o meu ídolo no triathlon na atualidade, no mesmo patamar que Mark Allen nos anos 90.

Faltando cerca de 2 km para o fim da prova, entrando na cidade de Kailua-Kona, os dois ainda estavam lado a lado.

Estava de pé na frente do computador, completamente "lotado" de adrenalina.

Nessa hora, a transmissão via internet deixou todo mundo na mão. Mostrando imagens da prova dos amadores, não pude ver a hora em que o bote foi dado. Quando a imagem volta a mostrar os líderes, Macca está muito a frente, entrando no funil de chegada, sozinho. Comemorei muito, como um gol. Foi sensacional, emocionante. Uma prova de mais de 8 horas, sendo decidida nos último metros.

Quase 1 ano depois, há poucos dias, comecei a ler o livro do livro do Macca, I'm Here to Win, no qual ele conta os bastidores dessa vitória e de tantas outras.

O Macca fez a primeira prova no Havaí em 2002, depois de uma vitoriosa carreira em distâncias menores e no circuito mundial. Em uma entrevista soltou a frase que deu o título ao seu livro. Demorou 5 anos para que ele cumprisse o que prometeu. Depois, ficou mais alguns anos tentando mostrar a todos que não foi uma vitória ao acaso. Em 2008 parou por problemas na bike e em 2009 ficou em 4º.

Chegou no Havaí desacreditado e considerado ultrapassado, velho aos 38 anos de idade, depois do bicampeonato do "pepino" conterrâneo Craig Alexander, considerado o atleta que personificava o futuro do esporte.

O que o Macca escreve sobre sua preparação para Kona 2010, fez aumentar minha admiração por ele.

Ele diz no livro que estudou a prova de 2009 toda. Estudou a atitude de todos os atletas. Percebeu que os vencedores saiam no "bolo" da água.  Na bike forçavam o ritmo no início e se poupavam num trecho onde o vento lateral é mortal, perto do retorno dos 90 km. Depois, soltavam as pernas na maratona. Ele concluiu que os bons maratonistas ganharam as provas nos últimos anos. Ele não era o melhor maratonista. 

Aí entra a genialidade.

Ele traçou uma estratégia que iria matar os "corredores". Teria que sair bem da água (no bolo), "marcar" os principais ciclistas durante boa parte do pedal e forçar o ritmo justamente quando todos entravam em "steady state". Ele sabia que sozinho não conseguiria, então, fez um lobby com os atletas bons de pedal, tentando convencer esses caras que eles estariam desperdiçando o talento, poupando as pernas na etapa onde tinham lenha pra queimar e entrando no jogo dos maratonistas. Arranjou alguns inimigos nessa jornada, como o próprio Alexander, que se viu traído.

O resultado tá aí! 



Uma vitória espetacular. Uma vitória genial. Uma vitória de uma verdadeiro triatleta que construiu a vitória durante toda a prova e não em uma só modalidade, como tentam Lieto (na bike) e Alexander (na corrida), por exemplo.

Abaixo, o momento chave da prova em Kona no ano passado.


Neste ano, o Macca não vai estar em Kona.  

Macca decidiu tentar uma vaga na equipe australiana para Londres 2012.

Desculpem os brasileiros, mas eu vou torcer pelo país do Marcelão, o meu irmão do meio, que em 2001 mudou-se para a Austrália e hoje é cidadão daquele país. 

Não. Acho que é exagero. 

Não vou torcer pela Austrália. Vou torcer pelo MACCA!


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Um é pouco, Dois é bom, Três é...SONHO DE CONSUMO!



Parece que um texto em uma coluna da revista VO2, escrito pelo Nuno Cobra, revoltou alguns amigos, em especial os irmãos Vilas-Bôas.

O Alcy chamou à atenção e o Marcos transcreveu no Facebook.

Vou transcrever aqui.

"Três é demais - por Nuno Cobra

A busca constante por desafios como o triathlon pode ser prejudicial ao corpo
As pessoas estão de tal maneira estimuladas e envolvidas com a necessidade de superação constante, que acaba ocorrendo o aparecimento de todo o tipo de exagero. Como se não batasse a pugna diária que nos cobre de compromissos e estímulos de toda ordem, não deixando tempo para vivermos mais a vida, ainda vem a própria vida esportiva recebendo todo tipo de comprometimento com o fazer cada vez mais e mais rápido, batendo-se em competições antes sequer imaginadas. Esportes como a natação, ciclismo e corrida são excelentes para uma vida sadia e a formação do caráter de todo cidadão. Mas é difícil entender porque praticar estas três modalidades ao mesmo tempo. Se são tão grandes, cada uma na sua forma tão específica de ser, por que não fazê-las de forma separada e mais intensa? Não é natural fazer isso com o corpo e de certa forma a tentativa de colocar tudo isso num caldeirão irá invariavelmente trazer consequências negativas para o seu corpo como um todo em algum momento da vida.
Sou contra fazer esses esportes maravilhosos todos a um só tempo, até porque pode-se excecutá-los todos, mas cada um de cada vez, colocando dentro de um calendário que beneficie, até pela sua diversidade, a pessoa que deseja uma variação sadia e próspera em seu trabalho com o corpo.
É difícil a juventude conter a idéia de se desafiar e buscar o novo e extraordinário. Se ela é sedenta de exageros, que faça isso apenas algumas vezes para saber como é a terrível consfusão para o organismo nadar, pedalar e correr ao mesmo tempo.
Como competição em algum momento da vida tudo bem, faz parte e deve ser apoiado, mas como prática perene de anos dessa aventura física extravagante, não é positivo e salutar.
Se essa moçada gosta demais de se sentir viva e capaz das mais extravagantes competições, vá lá, faça seu triathlon, mas não esqueça de que se isso não for apenas para ver como é sentir a necessidade de se desafiar, e fizer isso sempre, quando passar a idade adulta, bem lá na frente, a conta virá. Se a pessoa é profissional, muda tudo completamente e isso passa a ser ótimo porque simplesmente é sua profissão e tem de haver resultados em termos de tempo. Mas tem de ganhar muito para prover o seu futuro, porque sua vida profissional será muito curta.
O corpo aguenta qualquer coisa, ele luta e se supera, mas tem também um livro-caixa que contabiliza tudo.
Mesmo que você queira brincar de triathlon, deve tomar todo cuidado, porque ele em si é exagerado. Todo o esporte é saudável, desde que você se envolva com ele pela diversão e alegria  de seu engajamento, e não pela vitória a qualquer preço.

Nuno Cobra

O texto causou polêmica. Muitos comentários. Várias reações.

Não conheço o Nuno Cobra. Conheço gente que o conhece bem. À favor dele, pesa o nome Ayrton Senna. Contra, pesa o fato de ter escrito alguns livros que soam como auto-ajuda. Tenho e sempre terei preconceito quanto a isso.

Na minha humilde opinião (e estou aberto à críticas e reações contrárias), ele incomodou por um único motivo:

Ele falou a verdade.

A verdade que incomoda. A verdade que quem está do lado de dentro não quer ver, porque enxerga com os olhos da paixão. 

O triathlon é antes de mais nada, para a grande maioria de quem o pratica, uma paixão.

Mas a razão faz com que eu tenha que aceitar. Ele está certo.

O triathlon exige de quem o pratica, em qualquer nível, uma dedicação enorme. Treinamos 3 esportes. Muitas vezes são duas ou até três sessões diárias. 

No meio de tudo isso, temos que equilibrar família, trabalho, problemas, lazer (com a família e não exatamente o nosso lazer muitas vezes egoísta que faz com que a família toda se programe em função dos nossos treinos), descanso, etc, etc, etc.

Este é apenas um aspecto.

O outro aspecto é o esporte não como agente de saúde, mas como agente de lesões.

Todo mundo que consegue fazer conta de 1+1, sabe que atletas são caras com aptidões físicas variadas, mas sempre com alguma coisa em comum: a DOR!

Tenho muito contato no meu trabalho com uma espécie de atleta (na minha opinião, não são atletas de verdade), o jogador de futebol. Mas já tive a oportunidade de examinar nadadores, judocas, jogadores de volei, entre outros.

A dor é uma constante. Mais do que isso. A dor é o que eles externam. O que está "por dentro" é muito pior. 

O jogador de futebol aos 38 anos de idade, como o Rogério Ceni, por exemplo (e esse é um dos que se cuida) é considerado velho. Por quê? Porque o corpo não aguenta. As articulações estão desgastadas acima da média para pessoas da mesma idade, pelo impacto repetitivo, pela sobrecarga. Os músculos não têm mais a mesma elasticidade e não respondem da mesma forma aos fortes estímulos, predispondo a lesões musculares.

Caras como o Rogério Ceni, têm estrutura de primeiro mundo, com fisioterapeutas, fisiologistas, preparadores físicos, nutricionistas. Assim como todos os outros que vivem efetivamente do esporte.

E nós? Nós que não somos atletas profissionais e não temos sequer uma fração da estrutura que esses caras têm?

Muitos treinam por conta própria. Muitos treinam com gente despreparada. Muitos treinam com verdadeiros charlatões. Muitos treinam com planilhas enviadas por caras que estão a quilômetros de distância.

Mesmo nós que treinamos com gente que estuda, com gente de renome como Marcos Paulo Reis, Emerson Gomes, Diego Lopez, Marcello Butenas (pra ficar só no triathlon, ok?), qual a retaguarda que dispomos? Quem garante que o que nos é fornecido serve para nossas aptidões, nossas limitações?

Eu estou machucado.

Levou um tempo pra admitir pra mim mesmo que a lesão foi causada em grande parte por uma das coisas que mais me deu prazer nestes últimos dois anos. O Ironman.

Parte da minha recuperação, começou com uma constatação: minha musculatura, embora aparentemente forte e resistente, era extremamente deficiente. Existia um enorme desequilíbrio muscular, fruto de certa negligência em abolir a musculação dos meus treinos.

Mas e se tivesse feito musculação? Quem garante que isso aliviaria alguma coisa?

Não existe qualquer intercâmbio entre o meu treinador de triathlon e o professor da academia que me daria o treino de musculação.

Sem querer entrar em nenhum mérito, pago uma academia extremamente cara, mas quando coloco os pés na sala de musculação, ninguém quer saber quantos treinos eu fiz. Fazem de tudo (ou melhor, pouco fazem) para que eu contrate um personal trainer dentro da própria academia, para aí sim, ter alguma dedicação.

Portanto, eu dou sim razão ao Nuno Cobra.

Infelizmente, nós fazemos por paixão, por amor. Mas é só mais um negócio lucrativo para organizadores de provas, importadores de bicicletas, assessorias esportivas...e por aí vai. E nós, como bons apaixonados, acreditamos em tudo.

Amigos, nada pessoal hein! Continuamos dividindo pelotão, alegrias, tristezas, jantares e etc.


domingo, 4 de setembro de 2011

A(s) Primeira(s) Vez(es)...




Dizem que a primeira vez é inesquecível.

Mas são tantas primeiras vezes, em tantas situações.

Primeira lembrança de estar vivo: festa de aniversário de 5 anos, na escolinha que frequentava.
Primeira vez que fui ao cinema: Superman, o Filme, no Belas Artes.
Primeira nota vermelha: Física no 1º Colegial (depois não foram muitas mais, talvez duas)
Primeiro carro no meu nome: Parati GL 1.8 1991
Primeiro dia de aula na faculdade: trote, mas feliz da vida.
Primeiro plantão da vida: Enfermaria de pediatria, na Santa Casa, num domingo.
Primeira vez que vi alguém morrer na minha frente: na mesma enfermaria de pediatria. Decidi que nunca poderia fazer essa especialidade. Sofria em ver crianças internadas.
Primeiro jogo do Brasil de copa do mundo: Brasil 2 x 1 URSS (Espanha 1982)
Primeira namorada: eu lembro.
Primeiro beijo na boca: com a primeira namorada
Primeira "vez"....: acho melhor não lembrar
Primeiro "fora": parecia que o mundo iria acabar.
Primeira vez que vi a pessoa com quem queria passar o resto da minha vida: cena de filme. Saindo do trabalho, ela chegando pro estágio. Encontrão na porta.

Primeiro filho: emoção inexplicável (acho que pra isso, não existe exclusividade da primeira vez. Em breve vou descobrir).
Primeiro show GRANDE: David Bowie no estádio do Palmeiras.
Primeiro esporte: natação na ACM da rua Nestor Pestana (Centro) - um cheiro de cloro insuportável.
Primeira competição: Projeto Kibon de natação, no Ibirapuera.
Primeira onda que peguei de bodyboard: felicidade.
Primeiro biathlon: Projeto Aqua em 1993 - 500m/3 km (algo em torno de 22 minutos)


Primeiro triathlon: março de 1995 em Santos  - Short (1:16' e uns quebrados)
Primeiro triathlon Olímpico: fevereiro de 1996 - algo em torno de 2:30'
Primeira prova fora de SP - Caiobá 1996.
Primeiro Meio IM: Penha 2010 - 5:08'
Primeiro IM: Floripa 2011 - 10:28'01"

Chega pra não ficar muito chato. A ordem foi aleatória, conforme ia lembrando. Quem quiser acrescentar,  à vontade.

Só tem uma "primeira vez" que gostaria de esquecer, de preferência bem rapidinho: a primeira lesão séria.

Vai passar. 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

IronBaby


Enfim, chegou ao fim a curiosidade (de um monte de gente).

O ironbaby é um meninão, o Guilherme.

Demorei pra colocar alguma coisa por aqui e pensei bastante até decidir. Mas aí vai. Aí foi.

Normalmente, filhos são muito desejados e esperados pela enorme maioria dos casais. 

Tenho duas histórias muito especiais à respeito dos meus pequenos.


 A Júlia começou a virar realidade na virada do ano 2006/2007, perto de completar um ano de casado.

Com a água do mar de Maresias perto do joelho e já com algumas taças de espumante na cabeça, a Vivi disse que tinha feito um pedido de ano novo. O pedido era que ela terminasse o ano de 2007 grávida. Aquilo me emocionou muito.

Ao lado, o momento que a Vivi me contou o pedido.

Desde o início do namoro, fui informado que quando tivéssemos uma filha, ela se chamaria Júlia. Eu comprei o sonho da Vi. Eu também queria muito ter uma filha.

Em 2007 viajamos muito: Santiago (Chile), Nova York, Califórnia, Fernando de Noronha. Decidimos que depois de Noronha, ou até mesmo lá, seria uma boa hora pra começar a tentar.

Em outubro, fizemos uma grande viagem de 3 semanas pelos EUA (tinha até esquecido, mas minha estréia no mundo dos blogs foi nesta viagem. Quem quiser, o endereço é www.danielblois.blog.uol.com.br. Congressos são ótimas ocasiões para se fazer qualquer coisa, menos frequentar o próprio congresso. 

Em um jantar regado à vinho, lógico, decidimos que adiantaríamos em 1 mês o início das tentativas, o que significava dizer que era à partir daquele dia....hahahah



Sabíamos a data da ovulação. Queríamos uma menina. Uma "pseudo-ciência" propagada até pelo meu próprio chefe, um médico muito respeitado no nosso meio (hoje em dia, só médicos respeitam médicos...e muitas vezes, nem isso), dizia que o espermatozóide que carrega o cromossomo Y, que define o sexo masculino no bebê, é menor e bastante ágil, porém muito pouco resistente. Ao contrário, o X é maior e bastante resistente, o que faz com que o espermatozóide fique lento.

O que isso tem a ver? Bom...é simples. Meninas são geradas nas relações até um dia antes da ovulação. Meninos no dia da ovulação ou até um dia depois.

A ovulação seria exatamente no dia da nossa volta depois de uma viagem há muito planejada, há muito desejada, pela costa Oeste. Nosso fim de viagem foi muito especial e lembro muito bem do penúltimo dia em San Diego. Algo me diz que foi neste dia que a Júlia passou a existir, efetivamente.


O Guilherme também foi muito planejado.

Não queria outro filho, por muitos motivos. Com muita paciência, a Vi soube me "manobrar" pra conseguir o que queria (e quase sempre é assim). Em novembro de 2009, ao voltar de um congresso em Chicago, desembarquei com um cachorrinho pra Júlia em uma das mãos e uma bola de futebol americano na outra. Dei pra Vi e disse: pro nosso próximo.Neste dia, ela soube que ter outro filho não era mais vontade só dela.

O fato de ser uma bola, não necessariamente mostrava um desejo de ser pai de menino. Adoro ser pai de menina e ficaria feliz se tivesse outra. Mas imagina uma casa com 3 mulheres e só eu de homem???? Acho que seria uma boa ideia tentar empatar as coisas. Desta vez, sem pseudo ciência, sem nada.

Para esta nova gravidez, precisávamos de algumas coisas. A mais urgente era mudar de casa. Nosso antigo AP não cabia mais ninguém.

Além disso, tinha uma coisa para qual eu estava me programando nos últimos 2 anos. Um tal Ironman.

O final da gravidez não poderia coincidir com o final de maio.

Achamos que se tentássemos engravidar à partir de janeiro, tudo se encaixaria.

Em fevereiro descobrimos a gravidez e poucos dias depois, uma decepção. Um aborto espontâneo.

Decidimos não mais pensar nisso. Quem sabe até umas férias depois do iron, sem a Júlia. Iria usar o tempo até maio pra me concentrar só no Ironman. Treinar muito. Não foi egoísmo. Tentei tirar a ansiedade, a pressão.Quem já passou por isso, sabe o quanto é angustiante torcer por um atraso menstrual e ter outras seguidas decepções.

Dias antes de irmos pra Floripa, ouvi a seguinte intimada: "Vou voltar grávida de Floripa". Eu desesperei. Além de IRON, vou ter que ser MAN...hahahahahaha.

Neste blog já contei os dias inesquecíveis que tive em Floripa.

Na manhã de 15/06/2011, uma quarta feira, eu recebi um torpedinho com essa foto:



Já sabia do que se tratava.

Chorando, mandei uma resposta que tentava mostrar a felicidade que estava sentindo. Quem disse que uma segunda vez não seria tão marcante e emocionante?

Não é sensacional e muito especial saber que filhos tão desejados tenham sido concebidos em situações muito felizes?

A Júlia, nossa princesinha, gerada numa longa viagem com a qual sonhava desde adolescente, de carro pela Califórnia e o Guilherme, que cresce forte e rápido dentro da barriga, minha melhor recordação da conquista de um dos grande sonhos da minha vida, até então: o Ironman.

Cresce moleque. E quando chegar a hora, estaremos todos aqui fora te esperando.

Já te amo muito!!!!!!



domingo, 14 de agosto de 2011

E no Fim do Túnel...

Embora de uma maneira de certa forma covarde, o "anônimo" que abriu a sessão de comentários do post anterior produziu um efeito positivo, ao contrário do que aparentemente pretendia.

É engraçado como algumas pessoas aparecem como prováveis autores logo de cara.

Não entendo o motivo de ter sido postado anonimamente, mas enfim, cada um assume (ou não assume) da forma como quiser o que diz.



O efeito positivo foi me fazer sair da inatividade absoluta. Não só a física. 

Só depende de mim. Ficar me lamentando que em pouco mais de 2 meses eu saí do "alto" para o "baixo", não vai me ajudar muito. Preciso agir.

Mesmo que uma pessoa, que não teve culhão nem de dizer o próprio nome, tenha tentado me manter onde estava, muitas outras pessoas disseram palavras de apoio. Todas muito importantes. 

Quando acho que continuo dando importância exagerada à coisas que não merecem, diante de notícias de gente muito querida que vai passar por verdadeiros perrengues, surge alguém pra me mostrar que existem coisas que não são as "MAIS importantes na vida", mas que nos tornam mais sociáveis, menos estressados, enfim... pessoas melhores. Na minha vida, esse é o papel do esporte. Ficar privado disto, é motivo de grande stress.

Carol, desta vez você foi meu anjo da guarda.

Anônimo, continue no seu anonimato covarde.

Nesta semana, tive uma pequena melhora da dor que venho sentindo. Raios-X e Tomografia feitos, meus "defeitos de fabricação" existem, incluindo aí uma diferença de 1,0 cm de comprimento entre membros inferiores, mas não são irremediáveis.

Iniciei a fisioterapia. Gostei do que vi e ouvi.

Meus músculos foram avaliados de forma objetiva com um dinamômetro, evidenciando todo o desequilíbrio entre os grupos antagonistas (flexores x extensoes dos joelhos e quadris, abdutores x adutores, etc...). Há uns 9 meses tinha concluído que musculação era dispensável. Mudei de ideia. Musculação é essencial.

A cada 3 semanas (mais ou menos) essa potência muscular vai ser medida e colocada num gráfico, até que se atinja o equilíbrio pretendido.

De novo, minha evolução vai ser medida de forma objetiva e embasada cientificamente. Estou feliz da vida por me sentir uma cobaia de laboratório.

Ouvi da fisioterapêuta que, se não precisar mesmo da cirurgia, vou estar muito melhor fisicamente na linha de largada do Ironman 2012. Saí de lá muito feliz e confiante.

No fim da sessão, cruzei com o paciente seguinte da fisioterapia. O ortopedista olhou pra mim, olhou pro outro e disse: Olha aí os "iron atletas". Mais uma vítima do Ironman...hahahahaha.

À princípio, só posso fazer os exercícios da fisioterapia, mas pelo que entendi, em breve vou ser liberado para a bike. Vejo uma luz lááááááá no fim do túnel!

Já tenho a motivação que precisava. Se em 2011, sonhava em cruzar a linha de chegada com esposa e filha, agora já tenho a imagem que será fotografada em 2012... com mais gente no colo e se possível, com condições "mais favoráveis" aos fotógrafos... hahahahaha. Se não der em 2012, eu adio, mas não desisto!







domingo, 7 de agosto de 2011

Exercitando a Paciência.


Dois meses se passaram.

Já deu tempo pra crescer os pelos nas pernas.

Já deu tempo de recuperar o percentual de gordura perdido durante os treinos pro iron, o que é uma pena, pois estava gostando muito da forma física (re)adquirida.

Já deu tempo de botar os pés no chão e ver a autoestima ir lá embaixo, sem saber se os dois anos de dedicação e esforço foram perdidos nesses dois meses que estou impossibilitado de correr, pedalar e fazer esportes em geral.

Já deu tempo de receber o reembolso por ter desistido de participar do Ironman 70.3 Brasil, em Penha - SC.

É Claudia Arantangy (será que você ainda lê meu blog?), citando seu post, isso também é depressão pós iron.

Acho que estou pagando o preço das minhas escolhas, apesar de não achar que tenha feito alguma coisa errada. Não acho que tenha ido além do que eu pudesse suportar, afinal cumpri o planejado.

Fico feliz que as coisas começaram a dar errado DEPOIS do iron e não antes.

Quem está por perto sabe, assim como quem me acompanha por aqui. Uma fratura por stress (sobrecarga) no fêmur.

Fosse só isso, tranquilo. Fato é que durante o período proposto pra recuperação, a dor mudou de característica. Não sei por que cargas d'água isso foi se manifestar só agora.

Meu colo do fêmur tem um formato que predispõe a impacto entre o fêmur e acetábulo, diminuindo a amplitude de movimentação. Daí surgem algumas outras lesões associadas.

O que fazer? Deixou de ser uma simples questão de paciência. Tenho que fazer escolhas.



Ouvi algumas coisas muito fortes esta semana, do tipo: "você é médico, já tem 38 anos nas costas. Não sou eu - no caso um ortopedista conceituadíssimo na área de quadril - quem vai dizer o que você deve ou não continuar fazendo com o seu corpo. Você sabe que não é saudável." ou então "vocês triatletas têm rotinas de treinos de profissionais, mas sem o apoio e sem a retaguarda de atletas profissionais. Bom pro meu consultório, que está sempre cheio", ou ainda "Há dois anos, era mais incisivo, marcaria sua cirurgia para a semana seguinte. Hoje estou mais paciente. Podemos começar com um estudo da sua potência muscular com dinamômetro, fazer uma fisioterapia que envolve estabilização do esqueleto axial (CORE training) e por fim, se a dor não passar, cirurgia".

Quanto tempo devo insistir até decidir que preciso operar, depois passar por fisioterapia pra ver se depois de tudo isso, vou poder conseguir treinar e competir?????? Não sei se sou tão paciente. Quero voltar a treinar. Quero voltar ao convívio das pessoas que fizeram parte de um período tão marcante na minha vida.

Apesar de triste, coloquei na cabeça que, da mesma forma que me empenhei pra virar um ironman, vou me empenhar pra estar no ironman em 2012. Se não der em 2012, será em 2013 ou 2014, ou quando der, mas vou voltar a fazer triathlon.

Não gosto da vida que estou levando. Acordo desmotivado, sempre atrasado. Rendo menos do que gostaria no trabalho. Depois, volto pra casa pra esperar a hora de ir dormir.

Vou fazer o que for preciso pra voltar à ativa. O duro é que pra ir em fernte, às vezes temos que recuar alguns passos. Hoje foi muito triste cobrir a bike, proteger as rodas, capacete, sapatilhas e guardar tudo no depósito.

Espero que seja só um "Até breve".






domingo, 24 de julho de 2011

Doping

A primeira imagem que me vem à mente depois do título acima é um ARMÁRIO negro, vestido com uma roupa justa vermelha, correndo como um raio, musculatura de um cavalo de corrida, uma linha de chegada, um recorde mundial.



Ben Johnson.

Poucos dias depois, esse cara passou de herói ao pior vilão da história do esporte. O cara foi desmascarado e feito de bode expiatório por ter fabricado o assombroso resultado por meios ilegais.   Esteróides anabolizantes. Motivo pelo qual o cara simplesmente não conseguia nem ao menos andar, de tanto músculo bombado!

Doping é qualquer "ajuda externa" para se melhorar o rendimento. Existe uma comissão que determina o que não pode ser usado e a cada ano, lança uma lista com as substâncias proibidas.

A lista é rigorosa, mas é bem conhecida por todos os que fazem esporte de alto nível. Esporte competitivo.

Todo atleta sabe que não pode tomar nenhuma medicação sem a orientação do médico do clube.

O primeiro impulso de quem tem uma enxaqueca é correr até a bolsa (própria ou da esposa) e pegar um remedinho clássico nesses casos.

Um atleta não pode. 

Esse remedinho tem na sua composição, uma substância proibida.

A vida desse tipo de atleta não é fácil. Não existe privacidade. Eles precisam dizer ao comitê antidoping todos os seus passos, inclusive fora da temporada, durante férias. Em todas as situações.

Erros, enganos podem ocorrer. Quem resiste à tentação de encher o nariz entupido com efedrina e sentir a maravilhosa sensação de respirar livremente. Pois isso também é doping.

Mas e quando as coisas são deliberadas? E quando existe um esquema com ciclos, protocolos definidos, valendo-se inclusive de medicações que não têm nenhum efeito na melhora do rendimento, mas que escondem os verdadeiros agentes dopantes aos exames?

Isso é safadeza e eu, particularmente, sinto-me enganado.

Sou eu inocente demais por acreditar que tudo é uma grande competição de superação, de dedicação aos treinos? Ou tudo na verdade obedece simplesmente à interesses econômicos?

No meio de agosto de 2008, tinha acabado de me tornar pai. Com pouco mais de 1 mês de vida, a Júlia sofria com cólicas e, para desespero de "pais frescos", essas coisas costumam se manifestar durante às noites e madrugadas.

Ótimo. Agosto era mês de Olimpiadas em Pequim. Jogos de madrugada. Iria unir o útil ao desagradável.

No dia da final dos 50m livre, a Júlia acordou por volta da meia noite e não dormiu depois do "tetê". Mandei a destruída mãe pra cama e fiquei com a baixinha na sala. Deitava no sofá com ela deitada em cima de mim. O calor ajudava. Muitas vezes dormimos assim.

Num determinado momento, acordei com gritos de vizinhos. O Cielo tinha caído na água e estava na frente. A prova já tinha começado. Pra mim, tudo durou cerca de 15 segundos. Tempo suficiente pra eu acordar, o coração disparar, torcer feito um louco e até gritar ao ver o nome dele como vencedor!



Sempre fiz natação. Lembrei do meu pai chorando quando o Marcelo Negrão enfiou um saque violento pra ser campeão olímpico em Barcelona. Ele, ex-jogador de volei do Palmeiras, sentiu-se campeão junto com Maurício, Tande, Giovanne e etc.

Eu me senti campeão com o Cielo. Chorei muito. Comemorei com a Jujú pé quente recém-nascida no meu colo, dormindo, finalmente sem cólica.

Hoje a impressão é que fui feito de bobo. Chorei de emoção por alguém que aparentemente não merecia sequer ter ganho a prova, quanto mais minha admiração.

Ok. Ele foi inocentado nesta semana. Contaminação por furosemida na bancada de manipulação do suplemento que ele habitualmente usa. Furosemida que é um diurético que não traz nenhum benefício para a performance....PORÉM "esconde" os verdadeiros agentes "do mal".

A triatleta Mariana Ohata foi suspensa por dois anos e desistiu da carreira por causa da mesma Furosemida. A Daiane dos Santos também foi pega e suspensa.

Culpadas? Inocentes? Elas sabem. Todos eles sabem.

Lance Armstrong, Alberto Contador, Florence Griffith Joyner (já morta), Carl Lewis, César Cielo Filho, Nicholas Santos, entre tantos já desmascarados e outros ainda escondidos.

Mesmo que inocentes ou inocentados, a dúvida sempre vai existir e as respectivas imagens eternamente manchadas.