terça-feira, 5 de junho de 2012

O Caos e a Paz

Chego na USP no último sábado perto das 7 da manhã.

Depois de uma sexta chuvosa, o dia começa úmido, o que provavelmente espantou muita gente. Além disso, o fato do IM Brasil ter acontecido uma semana antes, contribuiu para esvaziar muitos pelotões de assessorias que usam a Cidade Universitária pra treinar.

Como estou quase 1 ano fora, sou quase um novato. Acho que nem o professor (Fábio Rosa) que estava escalado para cair da cama cedo, lembrava meu nome. Acho que nunca soube mesmo.

Saio do carro preguiçoso. Tinha acordado as 4:30 para levar minha mãe até Cumbica.

Inicio o ritual: tira bike do carro, põe rodas, capacete, troca tênis por sapatilha, caramanhola no suporte. Não cheguei a tempo de ouvir a explicação do treino. Só ouço que seria um pelote único, com umas 15 pessoas, a maioria com bikes de triathlon. Fulano e Sicrano puxariam.

Dito isso, saíram em disparada! Os outros 13? Que se arrumem e alcancem os líderes.

Pelote desordenado. Ninguém avisa nada. Buracos, obstáculos, mudanças de direções. Nada. No máximo uma ou outra conversão. Em um certo momento, perguntei ao "colega" ao lado: Qual o treino de hoje? Seriam 50 km, sendo 5km a 37 km/h e 5 km a 32 km/h. 

Ué....estávamos a 40 km/h.... Num dado momento, o pelotão que tinha duas colunas ficou em fila indiana simples. 15 pessoas enfileiradas, além dos que foram se somando no meio do caminho. Quem pedala na praça da Reitoria imagina o cenário.

Tentei sair do lugar que me é possível ficar, para reestabelecer a ordem do pelotão. Tentei refazer a segunda coluna. Não aguentei muito tempo. As pernas estão fraquinhas, fraquinhas depois de tanto tempo sedentário. O coração quase saindo pela boca.

Voltei pro rabo do pelote. O cateye marcava uns 20 km de treino. 20 Km de caos.

A minha sorte foi ter visto a Cláudia Aratangy (do blog). Saí do pelotão e fiquei com ela. Conversas amenas, conversas sobre filhos, umas 20 voltas numa praça de 500m.

Até que passa um pelotão e uma voz conhecida grita. O Roger, marido da Cláudia em um pelotão de ciclistas.

Acompanhamos os caras por algumas voltas. Resolvem seguir o trajeto por toda a USP. Tudo organizado. Tudo sinalizado. Entramos de penetra na rabeira do pelote dos caras, sem parar de falar nem um segundo e mesmo assim, os caras avisavam desvios, obstáculos, reduções de velocidade. Ninguém escapava numa tentativa de "mostrar quem manda".

Os 30 Km restantes do treino passaram em um instante. Sem stress.

Isso aconteceu de verdade, assim como escrito. Sem exageros e sem nenhum trecho fictício.

Antes que eu seja apedrejado, não estou generalizando nada. Sou triatleta! Quando treino com amigos em quem confio, o pelotão funciona. Tudo como deve ser.

Infelizmente porém, a grande maioria se comporta como eu descrevi acima.

E dão lenha para queimar na fogueira dos ciclistas, que nos acham um bando de pavões, cujo único interesse é a quantidade de dígitos das bikes que estamos montados, embora raramente saibamos sequer as regras básicas para usá-las.





Um comentário:

  1. Posso confirmar tudo que vc relatou!
    E tem mais Daniel, a média acabou sendo de mais de 30 km/h o que, para mim, geralmente demanda um grande esforço e concentração. Foi, como vc falou: tranquilo, sem stress.
    Um pouco mais de espírito de equipe vai bem no triathlon. Ainda que seja um esporte individual.

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