Sigo alguns blogs de ironman"s" (ou ironmen) ou pretendentes à essa condição. Alguns eu sou fiel, outros esporádico leitor.
Uma coisa legal disso tudo, além do habito de ler, é você poder se espelhar nas experiências de cada um ou simplesmente ter ideias legais pra escrever no próprio blog.
No domingo à noite, depois de ter publicado meu último post, li no blog do Bessa, o relato do autor (Vagner Bessa) sobre o pré prova (Ironman Brasil) deste ano, na qual ele competiu. Não vou tentar interpretar o que ele quis dizer. Quem quiser que leia e tire as próprias conclusões.
O conteúdo do post me fez pensar sobre os meus motivos e o que isso significa pra mim, tanto no pré, como no pós ironman.
Sobre algumas coisas, fiquei muito em dúvida e pra ser BEM sincero, vou precisar viver a experiênca pra depois ter uma opinião. Sobre outras, sei bem o que penso,
Como diria o esquartejador, vamos por partes (piadinha BESTA de um velho amigo):
- O MOTIVO -
Nada mais justo e definitivo do que um : PORQUE EU QUERO...E se eu quero, eu vou fazer.
Mas, ok. Não é só isso!
Satisfação pessoal, satisfação do ego, superação, desejo antigo, manutenção de hábitos saudáveis e convivência com pessoas saudáveis, que compartilham o mesmo interesse.
Poderia listar estes motivos entre minhas metas.
Podem existir outros, assim como existem outras pessoas, com suas metas individuais.
Nenhum dos motivos é desprezível, na minha opinião e, quaisquer que sejam as razões, ninguém vai ser mais ou menos ironman, quer seja pelos motivos, quer seja o tempo que estas pessoas levem pra conquistar o objetivo: 8 horas, 12 horas, 16:59´, correndo a 4´/Km ou andando a maior parte do trajeto.
Todos estão lá juntos e a prova, até onde eu sei, não é dividida por tempo de conclusão ou por meta a ser alcançada. TODOS ouvem no final, a frase mais esperada do dia: FULANO DE TAL, Você é um ironman (não sou baba ovo de americano e muito menos de inglês, mas em inglês, esta frase tem um puta charme a mais, tem não?)
Por que eu estou falando isso?
Não concordo que existam motivos justos e outros não justos pra se fazer um ironman. Satisfação do ego ou uma busca de mudança de estilo de vida, de hábitos...acho tudo válido e depende do interesse de cada um. Cada um vai fazer o melhor pra buscar o que quer e o objetivo do cara que vai estar na praia do meu lado no dia 29/05, não vai fazer dele meu inimigo, talvez nem amigo, mas com certeza, vou torcer pra que ele, no final do dia, consiga o mesmo que eu: cruzar a linha de chegada.
Li em diversos lugares que o ironman é um rito de passagem. Em outros, inclusive no blog da minha amiga Cláudia, que essa é uma prova que você é apresentado à comunidade em busca de aceitação e que, ao final do dia, recebe essa aceitação do seleto grupo que está lá competindo, assistindo. Em última análise, sim um rito de passagem. E eu gostei TANTO disso, que incorporei esse pensamento.
Não acho que vou ser uma pessoa diferente do cara que começou a prova no início do dia, ao cruzar o pórtico de chegada no domingo 29/05/2011, mas talvez, alguma transformação aconteça ao longo do processo de preparação. A dureza, a dedicação e a abdicação de algumas coisas podem me fazer mudar o jeito de pensar, podem me fazer dar mais valor à algumas coisas e não dar valor à outras. Pra saber isso, vou ter que viver a experiência. Ainda não tenho como responder.
O treino não é só do corpo, mas é da mente também. Aprendi isso nos últimos meses.
Então, qual o motivo pra se querer uma coisa dessa?
Apesar de estar vivendo um período de algumas novidades, como nova assessoria, novo esquema de treino, novos conhecidos e amigos, algumas coisas não são TÃO novas assim.
Estou nesse meio do triathlon desde 95 e antes disso, em 93, comecei com o biathlon.
Fiz muita prova de biathlon 500m/3 Km, algumas de 750m/ 5 Km e outras de 1000m/ 6 Km. Na verdade foram 2 anos muito legais.
Depois, como já disse uma vez nesse blog, passei ao triathlon. Fiz provas de short e olímpico. Nunca fiz LONGAS distâncias. Nunca passei de 100 Km no pedal.
Nos tempos quando internet se resumia à redes BBS e a informação não era assim tão fácil como hoje, eu me deliciava com as "Triathlete Magazine" que chegavam com um certo atraso às bancas brasileiras, contando sobre uma prova BIZARRA que acontecia no Havaí...o ironman (nem sei se naquela época existia um circuito como hoje). Uma capa que eu lembro bem era com a Fernanda Keller de maio rosa (linda como sempre e como ainda é hoje), sobre sua Softride absolutamente futurista, sem o seat tube, contando sobre o seu 3º lugar (de uma série de muitos) em Kona.
Em uma destas Triathlete, contavam a história de anônimos que se aventuravam nessa busca. Eu estava no 4º ano da faculdade, às véperas de ter que me afastar de treinos e outras coisas que eu julgava que nunca mais faria por causa da minha profissão (5º e 6º anos da faculdade eram PEDREIRA....e depois, residência...mais 3 ou 4 anos).
Uma destas histórias era de um médico, um radiologista ( e ironman)....HAHAHAHAHAH..
Aqui estou eu hoje, um médico...radiologista! Coincidência? Será?????????????????
Só pra constar...não acredito em destino. Acredito que eu faço meu presente e meu futuro. Se digo coincidência...quero dizer...será que isso exerceu alguma influência nas minhas decisões? O desejo de ser Ironman guiou desta forma meus passos. Fui tão "maquiavélico" à este ponto, pensando nos "meios" para justificar um "fim"...uma finalidade assim, tão distante. (pena que essas palavra, maquiavélico, seja usada de forma TÃO negativa. O próprio autor da frase, Maquiavel, ao meu ver, foi incompriendido, como uma espécie de Gérson, da lei de Gérson, do seu tempo).
Depois, com a "invenção" da NET (tv à cabo), o SporTV repetia à exaustão os filmes sobre o ironman Havaí ( Allen, Scott, o alemão voador Jurgen Zack....e os "anonimos"...a freira Madonna, etc, etc, etc...
Foi crescendo uma coisa, um desejo de fazer parte daquilo.....como se ser triatleta dependia daquela condição...ser um ironman....o tal rito de passagem!
Também compartilho da ideia de ser triatleta no dia que completar o ironman.
Ser triatleta (ou ironman) não me faz diferente de ninguém, nem melhor e nem pior. Ser triatleta é ser um cara que nada (o que eu AMO fazer), pedala (o que eu estou aprendendo finalmente a gostar de fazer) e corre (coisa que dá uma enorme sensação de bem estar e dever cumprido).
Gosto muito da ideia de praticar esse esporte.
- AS EXPECTATIVAS -
Ao me propor terminar um ironman, pretendo me tornar um triatleta de verdade. Essa é a primeira expectativa.
Quanto à prova, tenho mais 1 ano pra trabalhar.
Não caí de paraquedas no ironman. Tenho um bom tempo de triathlon nas costas. Estou há 1 ano nesse projeto Ironman 2011, que começou exatamente em maio de 2009. Muitas diretrizes tiveram que ser abandonadas com a mudança de assessoria.
A maratona de SP foi um degrau nessa escalada, mas ouvi do meu atual treinador que, se fosse com ele, não incluiria maratonas na minha preparação. Em outros tempos, estavam programadas três maratonas (Não estou comparando e nem achando FULANO melhor que SICRANO...apenas existem diferenças de métodos ou experiências pessoais).
Vou fazer dois meio IM. Um em agosto e outro em novembro. Tem gente que fala que o ideal é ter três ou quatro 1/2 IM antes de fazer um inteiro. Opiniões....
Projeto hoje um tempo de 11:30', sendo 1:30' pra natação e transições (T1 e T2) somadas; 6 horas de bike e 4 horas de corrida. É bastante conservador e sei que posso fazer isso! Posso fazer em menos? Não sei. O treino este ano vai me dizer. É muito difícil, mas não impossível. Milagres não existem e o tempo que vou ter disponível pra treinar é que vai me fazer bater ou não esta meta.
Estou bastante consciente de tudo o que tenho que fazer pra chegar lá e o que poderei fazer no grande dia!
Só pra esclarecer (pra mim mesmo), quero terminar esse meu primeiro ironman como um homem de ferro (inteiro, forte e de preferência, sorrindo). Vou sim me sentir MUITO frustrado se tiver que andar ou se alguma coisa fugir muito ao planejado. Sei que tenho que ter uma maleabilidade. Não sei o que pode acontecer nesses 12 próximos meses. Não sei como será minha preparação. Não sei se no dia da prova vai cair uma chuva ou se teremos um furacão...ou ainda, se fará um calor africano em pleno sul do Brasil. Vou treinar com o unico objetivo de CUMPRIR meus objetivos. Os fatores externos eu não posso controlar. Vamos administrar as variáveis que eu posso controlar.
Penso da seguinte forma: Grandes pensamentos, grande ambições, levam à grandes realizações. Pensamentos pequenos, fazem a gente continuar na mediocridade.
IRONMAN é um GRANDE PENSAMENTO! Uma GRANDE AMBIÇÃO!
E sobre os motivos de quem leu? O que te move em direção à linha de chegada?
Não vamos achar que o meu ou o seu motivo é mais nobre que o de outros! Viva o grande pensamento, SEMPRE!
PS: Lembrando sempre que esse blog expressa a MINHA opinião, independente de estar certo ou errado aos olhos de quem eventualmente o ler.
É isso aí Daniel, vá em frente, apoiado! E nada de molhar a pontinha do dedão do pé! Mergulhe de cabeça!
ResponderExcluir(7/6/2010 23:03:40) - (IP: 201.1.92.75)
Oi Daniel, tou devendo o comentário desde a semana passada... mas tava tão ocupada em escrever meu relato, que não deu!
ResponderExcluirConcordo com você, não existem motivos mais, ou menos, justos. Mas a diferença é que você pode aproveitar cada passinho desta longa jornada pra se transformar numa pessoa melhor. Melhor como? Mais sintonizada consigo mesma, mais solidária, mais atenta ao próprio corpo, mais organizada, mais próxima das pessoas amadas, com mais noção do que é e do que não relevante. E, sei lá que outras tantas coisas essa jornada pode ensinar a VOCÊ. Mas fique ligado e, não se PREocupe. Se OCUPE.
E saiba que estou às ordens em tudo que puder ajudar. Tive muita ajuda de pessoas que já haviam passado pela experiência e foi um auxílio inestimável. Quero poder fazer por outros o que elas fizeram por mim.
beijos
Sabe, Daniel, essa coisa dos motivos está logo no começo do meu livro, porque era uma pergunta que eu ouvia o tempo todo: mas por quê??? Quase ninguém compreendia. Acho que o ironman talvez seja um sonho compartilhado com mais gente, os tempos também são um pouco diferentes, mas imagino que você também encontre por aí um monte de gente que te acha maluco por causa dessa ideia, não?
ResponderExcluirPensar numa prova assim como rito de passagem é bacana. Em meu mestrado refleti sobre o atleta-herói e fui beber na mitologia. Acho que alguma coisa, bem lá dentro da gente, se transforma realmente, depois de experiências pouco comuns, de certa forma extremas e que exigem enorme dedicação na preparação. E o seu texto me fez lembrar de algo que aconteceu comigo. Nadei o Canal no mesmo dia que a Karen Burton, uma americana que era vice-campeã mundial, excelente nadadora. À noite fomos jantar, eu, ela e o pessoal de apoio das duas, para comemorar o duplo sucesso. À certa altura eu ia contando ao amigo dela que eu "não era nadadora de verdade" e ela me interrompeu. Você acabou de atravessar o Canal em menos de 10 horas! Como pode dizer que não é nadadora? Acho que posso dizer que "virei" nadadora naquele dia...