segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ironman Brasil 2011 - Ride Like the Wind


O assunto ainda é ironman.

Peguei emprestado essa música que fala de um cara que ainda tem um longo caminho pela frente e ele tem que andar como o vento pra chegar no seu destino.

Durante os treinos, numa quinta feira no caminho do trabalho para a USP treinar, esta música tocou no rádio. Fiz um ótimo treino e com a música o tempo todo na cabeça.

O mote é apropriado.

Saí da transição com um pouco de frio. O manguito no bolso. Não coloquei. Iria esquentar, pelo menos esperava que sim.

Passei pela avenida dos Búzios, entrei à direita em uma das ruas e alcancei a estrada. Estava um pouco ansioso.

O começo estava confuso. Cones posicionados no meio do caminho. Não havia espaço pra muita gente. Além disso, havia muito cacos de cones pelo caminho e fiquei com medo de que algum destes furasse meu pneu.

Quando finalmente abriu um caminho maior,  estava com velocidade de uns 35 km/h. Queria manter os 32 Km/h que queria de média final, mas estava bom, não tinha sensação de que estava fazendo força. A frequência era baixa.

Pensei que estava andando com o vento....e não contra ele. Na verdade o vento era fraco....ainda

Quando atingimos a SC-401, vieram as primeiras subidas. A primeira, um aclive leve. Depois uns morros de respeito.

A galera enfiava uma marcha BEEEEMMMMM leve e subiam sentadinhos, comportados. Eu, como sou atrevido, enfiava uma mais pesada e fazia as subidas em pé, passando todo mundo.



OBRIGADO ROMEIROS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Quem ainda acha que ir pra Romeiros não tem NADA a ver com iron?

Ok, como sou bebêzinho ainda, achei que iria pagar pela minha audácia. Mas não afinei.

Os leões de descida vinham ventando atrás de mim. Na subida, deixava todo mundo pra trás. E nas retas também.

Estava atrevido.

Cheguei na Beira Mar Norte e estava ansioso para ver a ponte. Depois de uma curva, ela apareceu imponente. Fiquei muito feliz em vê-la. Soltei um grito (contido) de felicidade. Agora me sentia em Floripa!



Depois os túneis. Esse era um trecho temido por causa do vento. Por enquanto o vento era amigo. Quando era contra, deixava desenvolver uma velocidade em torno de uns 33 a 34 km/h. À favor, subia pra uns 37 km/h. Estava feliz.



Outra coisa que pegava nesse trecho era a solidão. Não tinha ninguém vendo. O transito era absolutamente fechado para a prova.

Fiquei feliz quando finalmente peguei o caminho de volta para Jurerê.

De repente, numa olhada de leve no relógio pra conferir o tempo total de prova, a surpresa.ESQUECI DE ZERAR A MEMÓRIA. Estava cheia e parou de registrar minha prova...

FDP!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Pedalando, zerei tudo e passei a contar de novo. Saco.

Tudo bem. Nada que fosse estragar meu dia. Corria tudo excepcionalmente bem. Pernas perfeitas.

Duas pessoas passaram por mim e me avisaram que era melhor tomar algum repositor eletrolítico, pois estava com a roupa branca,  o que quer dizer que estava perdendo muito sódio através do suor. Passei a tomar gatorade depois disso. Não queira quebrar cheio de cãimbras no meio da corrida, certo? Fiquei um pouco preocupado, na verdade.

Perto do fim da primeira volta, estava muito apertado pra um "special needs" do tipo 1.

Piadinha infame.

Quem me conhece sabe que sou incapaz de fazer xixi sobre a bike. Tiraram muito sarro de mim por esse motivo.

Pra não pagar o micão de ir num banheiro químico na frente de todos, parei no acostamento e aliviei ali mesmo. Feio, mas necessário.

Fechei a primeira volta em 2:45´.

Ótimo. O vento iria apertar, mas provavelmente ficaria dentro do que eu queria, entre 5:30 e 5:40'.

Passei por pai e mãe empolgados e depois pelo Marcelão, Minhoca e Rafa (irmão, prima e marido, respectivamente). O Rafa alucinado com tudo o que acontecia. Ele também é triatleta e tenho certeza que cedo ou tarde, ele estará alinhado em Jurerê pra uma largada de Ironman.

Não vi a Vi nem a Jujuba. Pela hora, a baixinha deveria estar dormindo.

Fui pra segunda volta afim de dar uma ousadinha. Estava ótimo, não sentia fome, não sentia sede. Só a perda de sódio me preocupava um pouco.

Morros fazendo força. Retas idem. Túneis com vento insano, que impedia que a velocidade sequer se aproximasse de 30 km/h. A volta com vento de cauda, porém, era acima de 40 km/h.

Ainda tinha o receio de pagar pela ousadia de manter a bike sempre entre 35 e 36 km/h.

Não passei apuros. Parei ainda uma segunda vez pra outra "special needs" tipo 1, desta vez num banheiro químico e fui embora.

Apesar de muita gente, não cruzei muitos conhecidos. Fiz a prova quase toda passando ou sendo passado pelo Antônio Pizzonia. Ia fazer uma brincadeirinha com ele, mas achei melhor não, afinal, não é todo dia que um piloto de formula1 é ultrapassado por um mortal....a não ser que ele não estivesse em um carro....e ele não estava.

Outras surpresas: Fui ultrapassado pelo Marcos Vilas Boas perto o km 40 (acho que foi isso, não lembro). Tomei um susto. Emparelhamos, conversamos um pouco e quase fomos penalizados: " ESTÃO MUITO PRÓXIMOS"... disse um fiscal em tom ameaçador. Pensei em justificar que éramos amigos e logo ele iria passar e ir embora. Não ia dar tempo. Falei pro Marcos sair fora logo e ele foi.

Também vi a Cláudia algumas vezes, a Deise Jancar outras. Não vi o Marquinhos ou o Rodrigo. Passei pelo Valter Stoiani no terço final da prova.

O trecho da bike passou muito rápido. Curti as paisagens. Tentei olhar tudo pra guardar na memória, o máximo que podia. Comi a batatinhas assadas com sal, as bananinhas, os yummys, tomei muita água, accelerade, gatorade. Tudo caiu MUITO bem. Não enjoei. Tinha um trunfo para isso....gengibre.  Adoro gengibre. Quando o Dean Karnazes contou que gengibre é ótimo pra enjoo (em provas ou em qualquer outra situação), achei ótimo. Tudo bem que enjoo é causado por hipoglicemia nestes casos, mas tudo bem. Nao precisei usar de qualquer forma.

Ótimo sinal, não estava em hipoglicemia.

Chegando de volta à Jurerê, bati o olho no relógio e vi que tinha boa chance de chegar na T2 por volta da 1:40 da tarde, o que me deixava quatro horas pra completar a maratona e terminar com o tempo alvo de 10:40´de prova (plano A).



Com mais de 170 km nas pernas, me vi fazendo força, muita força. O pensamento martelava:  você vai pagar por isso!!!!!!!!!!

Entrei na Av. Búzios. Chegando perto da casa dos Blois, vi todos sentados na calçada em cadeiras de praia. Soltei um GRITO alto, forte, nada contido....de felicidade e de alívio por ter terminado a bike sem nenhum perrengue. Inteiro e pronto pra correr...e dentro do que eu queria....bike em 5:35'.



Deixei a bike com um staff. Tinha vontade de dar um beijo nela! Não dei.

Ainda fiz uma brincadeira: perguntei onde estavam minhas pernas. Claro que sabia onde estavam. O locutor ouviu e repetiu: "o cara passou perguntando onde estavam as pernas dele". Ia mostrar onde estavam em breve. Só precisava do meu par de tenis.

Tudo perfeito. Agora só dependia de mim pra chegar!



2 comentários:

  1. Muito bom!!
    Parabéns!
    Ano que vem vc ja pode arriscar mais um pouco, né ?

    Eu dei um bj na minha bike antes de entrega la ao staff na T2. Tava com tanto medo de acontecer algo, que tive que agradece la no final.

    abs

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  2. Deixa comigo Ciro!
    Ano que vem, novas metas e com certeza nao vou ter vergonha de dar um beijo na bike! hahahahaha
    Abs

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